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“No meu curso de graduação, eram cinco meninas em uma classe de 50 alunos”

A professora Bárbara Agena, da disciplina Developer Life, fala sobre a experiência de fazer carreira numa área predominantemente masculina, uma realidade que ela espera ajudar a mudar

A professora Bárbara Agena, da disciplina Developer Life, fala sobre a experiência de fazer carreira numa área predominantemente masculina, uma realidade que ela espera ajudar a mudar

 

Tiago Cordeiro

 

Professora Bárbara Agena
Bárbara Agena, professora de Developer Life

 

As mulheres, que representam 52% da população do Brasil, já ocupam 60% das vagas nas universidades. Segundo dados do IBGE de 2019, elas levam vantagem também quando se compara a proporção de pessoas com nível superior completo: 19% das mulheres possuem um diploma de curso superior, ante 15% entre os homens. A presença feminina é marcante sobretudo em áreas como bem-estar (88%), saúde, excluindo medicina (77%), ciências sociais e comportamentais (70%) e educação (66%). As mulheres, no entanto, ainda têm uma participação tímida em áreas ligadas às ciências exatas e tecnologia, como engenharia (22%) e computação e tecnologia da informação e comunicação (13%).

A professora Bárbara Agena conhece bem essa realidade. Ela é bacharel em Ciência da Computação pelo Centro Universitário Senac e mestre em Ciência da Computação com ênfase em Inteligência Artificial pelo Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. “Quando comecei a graduação, numa sala de aproximadamente 50 alunos, apenas cinco eram meninas. Foi aí que percebi que a área era predominantemente masculina”, diz Bárbara, que, desde o segundo semestre de 2018, é professora auxiliar nas disciplinas de Ciência dos Dados e Design de Software do Insper.

Neste ano, Bárbara é uma das docentes da disciplina Developer Life no curso de Ciência da Computação do Insper. Na entrevista a seguir, ela fala sobre sua trajetória acadêmica e as competências que serão desenvolvidas no novo curso.

 

Onde você nasceu?

Eu nasci no Japão, na cidade de Hamamatsu. Posso falar que vim de uma família de imigrantes japoneses. Meu pai veio para o Brasil de navio, em 1960, com 6 anos de idade. Conheceu e se casou com minha mãe, que é nissei (filha de japoneses). Depois de casados, meus pais foram para o Japão a trabalho, ficaram por lá alguns anos e, nesse meio tempo, eu nasci. Quando completei 3 anos de idade, meus pais decidiram voltar para o Brasil. Hoje moro em São Paulo, no bairro de Interlagos, pertinho do autódromo.

 

Há quanto tempo está no Insper?

Há três anos e meio. Entrei como professora auxiliar para as disciplinas de Design de Software e Ciência dos Dados para os cursos de Engenharia. E no ano passado tive a oportunidade de dar aula na disciplina de Tecnologias Web para a Engenharia da Computação.

 

Você vai ser uma das professoras da disciplina Developer Life no novo curso de Ciência da Computação. Qual é a proposta da disciplina?

A proposta é dar ao aluno um primeiro contato com o ambiente profissional. A ideia é simular a experiência de um estágio profissional em conjunto com a vivência acadêmica. A disciplina Developer Life possui carga horária equivalente à de quatro disciplinas, proporcionando um ambiente similar ao de um estágio, em que os alunos poderão estar focados em um único projeto e aprendendo durante seu desenvolvimento. Dessa forma, a disciplina permite aos alunos sentirem como é o dia a dia de um desenvolvedor ou desenvolvedora, apresentando desde a aprendizagem básica até os conceitos avançados.

 

Em sua opinião, o que é fundamental para se tornar um bom cientista da computação?

Os profissionais de Ciência da Computação precisam ter um pensamento multidisciplinar. Hoje em dia, não importa se você trabalha com arte, comunicação, agricultura, esporte ou qualquer outra coisa. Tudo usa algum tipo de tecnologia ligada à computação. E para desenvolver algo para qualquer uma dessas áreas, o profissional da computação precisa ser capaz de entender os mais variados assuntos e se comunicar com pessoas ligadas a diferentes setores. Esse profissional deve conseguir identificar as necessidades das pessoas, entender seus problemas e desenvolver soluções utilizando técnicas computacionais

 

No seu caso, por que optou por estudar Ciência da Computação?

Quando estava para decidir a carreira que eu queria seguir, eu sabia que seria algo que envolvesse matemática. Ainda hoje me pergunto por que escolhi computação, pois na época eu nem tinha computador em casa. Mas achava algo incrível. Eu queria aprender a mexer no computador, queria aprender a desmontar e montar. Foi assim que escolhi fazer Ciência da Computação.

 

Pode contar um pouco sobre a experiência pessoal de entrar numa área predominantemente masculina?

Quando comecei a graduação, numa sala de aproximadamente 50 alunos, apenas cinco eram meninas. Foi aí que percebi que a área era predominantemente masculina. Esse primeiro contato pode ser intimidador, não somente o ambiente predominantemente masculino, mas aprender a programar também é intimidador. Precisamos ter bastante determinação para aprender a programar, e não se sentir representada pode ser desmotivador.

Tive sorte de ter professoras que me deram motivação, apoio e inspiração. A coordenadora do curso de graduação foi uma presença feminina muito forte em minha vida acadêmica. No meu mestrado também contei com a presença feminina da minha orientadora e coorientadora. Um fato curioso é que minha banca de mestrado foi composta apenas por mulheres, o que foi marcante para todas nós, por ser uma situação bastante incomum na área de tecnologia.

Como professora no Insper, espero poder também motivar e apoiar as alunas da computação, para que tenhamos uma presença feminina cada vez maior.

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