Com as diversas mudanças pelas quais o mundo passa, um dos segmentos mais afetado é a economia, que sofre e se adapta conforme o ambiente. Qual deve ser a postura do Chief Financial Officer (CFO) diante desses desafios? Além disso, como esse profissional deve se portar, tendo em vista um horizonte de constantes alterações nas regras do jogo?
Em webinar realizado no dia 4 de agosto, apresentamos os resultados da pesquisa O Perfil do CFO no Brasil 2021, realizada por meio de parceria entre o Centro de Estudos em Negócios do Insper e a Assetz Expert Recruitment.
O encontro contou com a participação de Adalberto Santos, vice-presidente de Finanças e diretor de Relações com Investidores da Marisa S.A., Silvia Vilas Boas, CFO LatAm da Natura&Co, Carlos Caldeira, coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, e Felipe Brunieri e Guilherme Malfi, sócios-fundadores da Assetz Expert Recruitment.
A mediação foi realizada por Ricardo Rocha, professor do Insper.
Ricardo Rocha apresentou os principais dados levantados pela pesquisa, que entrevistou 128 CFOs. De acordo com o estudo, a maioria deles se identificou como do sexo masculino (90%), e apenas 8% se declararam pretos.
São quatro as principais graduações realizadas: Administração de Empresas, Ciências Econômicas, Engenharia e Ciências Contábeis.
Entre os entrevistados, 70% possuem uma pós-graduação e 64% têm um MBA. Nenhum deles realizou um doutorado ou PhD e apenas 7% atuaram como professores.
Uma curiosidade apontada pela pesquisa é que grande parte dos entrevistados vislumbra, em um futuro próximo, alcançar uma posição de CEO ou se manter como CFO. Apenas 20% pretendem se aventurar em outras oportunidades, como a abertura de um negócio próprio, por exemplo.
Os participantes apontaram o planejamento e a tesouraria estratégica, além da gestão de riscos, como as principais técnicas a serem aprendidas pelos CFOs.
Em relação ao aspecto comportamental, foram destacadas a adaptação às mudanças, o cultivo de um ambiente de alta performance e uma comunicação efetiva.
Na sequência, os convidados abordaram o percurso percorrido por eles para alcançarem o cargo no qual estão atualmente. A palavra que define essa parte do encontro é diversidade.
Os participantes passaram por diversos cargos que exigiram mais de uma visão sobre o mesmo desafio, exercitando cada vez mais a visão analítica e holística. Isso permitiu que, ao chegarem à posição de CFO, tivessem uma percepção mais abrangente do negócio, não se limitando apenas ao trivial.
“Eu não passei toda minha carreira em finanças, apenas uma parte. Tive a oportunidade de conhecer áreas muito distintas. Sempre que troquei de empresa, escolhi uma atuação na qual eu pudesse aplicar o que eu já tinha de conhecimento instalado, mas que eu também pudesse aprender coisas novas. Isso sempre foi uma regra para mim”, diz Silvia Vilas Boas, da Natura&Co.
O trajeto de Adalberto Santos, da Marisa S.A., também não foi nada ortodoxo. Ele passou por diversas posições até chegar onde se encontra atualmente.
Começou sua carreira em Goiás no setor público e, depois de pouco tempo, alcançou oportunidades no setor privado. Em paralelo, gerenciou uma empreitada de autoria própria. Também já foi professor e consultor da área financeira.
Segundo a pesquisa, muitos dos CFOs respondentes foram contratados para implementar uma área de finanças voltada para o negócio.
Por isso, surge a dúvida: existe alguma área de finanças efetiva que possa não ter foco nos negócios da empresa? Os convidados respondem negando qualquer possibilidade de haver tal estrutura.
“Eu me pergunto a razão de algumas empresas ainda terem uma área de finanças que não sirva aos negócios. Para essa área agregar valor para as companhias, deve ter profissionais que sejam e se sintam profissionais de negócio” afirma Silvia.
Para Adalberto, a pergunta já está completamente superada: “É impossível, hoje, uma área de finanças que não seja totalmente conectada ao negócio.”
Ainda segundo a pesquisa, um delicado tema abordado é a falta de diversidade na categoria, visto que grande parte dos respondentes se considera do sexo masculino e caucasiana.
Sobre isso, os participantes afirmam que é papel do CFO também lidar com essa questão, que abrange toda a corporação.
“É difícil separar o papel do CFO com o papel de cidadão. Aqui, nós temos um desafio como sociedade. E como líderes empresariais, uma forma de mudar o todo é sempre trabalhar o que está mais perto de você”, afirma Adalberto.
Leia o estudo O Perfil do CFO no Brasil 2021
Confira reportagem sobre o estudo na Exame