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O momento não é mais apenas de debater a diversidade, mas de realizar ações

Um ano após a morte de George Floyd, conversamos com Bruna Arruda, coordenadora da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, sobre os desafios para a conscientização da pauta antirracista global

Um ano após a morte de George Floyd, conversamos com Bruna Arruda, coordenadora da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, sobre os desafios para a conscientização da pauta antirracista global

A morte de George Floyd, assassinado em ação policial realizada em Mineápolis, nos Estados Unidos, ocorrida no dia 25 de maio de 2020, foi um estopim para a conscientização da pauta antirracista global, incluindo movimentos mundiais organizados, como o Black Lives Matter.

De acordo com Bruna Arruda de Oliveira, professora do Insper e coordenadora da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão, a morte de George Floyd deu visibilidade à luta antirracista, que ainda tem um longo caminho pela frente e envolve a sociedade como um todo, negros e também brancos. “No Brasil as pessoas também foram às ruas. Não apenas por George Floyd, mas por Miguel, por Guilherme, João Alberto e por tantas outras vítimas da violência racial”, afirma Bruna.

Em relação a medidas em prol da luta antirracista, Bruna diz que algumas empresas estão se posicionando nesse sentido e tirando boas práticas do papel, com ações afirmativas em processos seletivos e até mesmo mudanças na visão de mundo e mercado. “Já as políticas públicas ainda são tímidas, mas o caminho é claro: pautas de gênero, raça e classe e a responsabilidade são coletivas e importantes para o desenvolvimento socioeconômico local, nacional e mundial”.

Já sobre a pandemia, Bruna diz que essa situação apenas tornou a desigualdade e a falta de inclusão ainda mais visíveis. E isso não seria apenas uma questão de saúde pública, e sim, um desafio muito maior. “A população negra é a mais afetada pela Covid-19. São pessoas que vivem em moradias multigeracionais, que não podem cumprir quarentena em casa porque precisam sair para trabalhar e colocar comida na mesa, que dependem de transporte público para chegar ao serviço”, afirma Bruna. “E isso destaca um fato: na pandemia, as pessoas negras são as mais impactadas em consequência do racismo estrutural. Precisamos urgentemente reduzir as desigualdades históricas que temos no Brasil.”

Confira, abaixo, três perguntas para Bruna Arruda sobre o impacto da pandemia na temática da diversidade e inclusão nas empresas e em nossa sociedade:

1) A pandemia acabou tornando a desigualdade e a falta de inclusão ainda mais visíveis. Isso dá um impulso na temática da diversidade nas empresas ou irá impactar de alguma forma o futuro próximo?

A implantação de políticas de diversidade, equidade e inclusão dentro de uma empresa só acontece se estiver inserida na gestão da mesma. E a pandemia trouxe uma nova forma de realizar a gestão das empresas. A preocupação com as pessoas se tornou ainda mais latente. A escuta e o acolhimento neste momento crítico se tornaram atitudes fundamentais. E isso tem impacto direto na diversidade, uma vez que pessoas plurais terão reações diferentes diante deste cenário, necessitando de amparo, acolhimento e um ambiente que possa melhorar suas vidas. Assim como entender as formas diferentes de atender as necessidades das pessoas. E isso não é uma situação futura, é o agora.

Uma pandemia afeta diretamente grupos em situação de vulnerabilidade. Assim, ganha  importância ter líderes/gestores inclusivos que reconheçam a situação complexa em que estamos vivendo, que acentuou ainda mais as desigualdades sociais. Líderes que busquem criar políticas e práticas na empresa para mitigar as diferenças e garantir uma equidade.

2) O atual momento oferece novas perspectivas sobre diversidade e inclusão? Se sim, de que forma?

Sim. Todo momento de crise leva a um aprendizado. As desigualdades vieram à tona juntamente com as várias faces da diversidade. Este é o momento de não mais apenas debatermos a questão da diversidade, mas também de executar as ações. Além do compromisso social com a diversidade e a inclusão, é preciso aproveitar a oportunidade de criar um ambiente mais diverso e inovador visando também um cenário de pós-pandemia.

Posso citar um exemplo. Eu, como mulher, negra e engenheira, assumi o cargo de coordenadora da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão do Insper em um momento de pandemia, o que se mostra também como um cuidado com essa temática.

O cenário também nos fez avaliar as possibilidades de adequar a experiência de estudantes, professores e colaboradores, garantindo a acessibilidade e a inclusão de todos.

3) Por fim, qual sua expectativa para o tema da diversidade e inclusão no futuro próximo no Brasil?

Temos que lembrar que o fato de uma empresa ter diversidade não é garantia de que a mesma tenha um ambiente inclusivo e igualitário. Com certeza o assunto ganhará ainda mais espaço nas empresas, com a criação de comitês de diversidade para fazer esse acompanhamento.

Minha expectativa é que as empresas aumentem seus investimentos em diversidade. Que o tema esteja no DNA das empresas, tendo pluralidade em seu corpo de funcionários, mas também um ambiente de inclusão muito bem construído e estruturado com políticas de equidade, funcionando como dispositivo de justiça social, dando oportunidade para todas as pessoas.

As empresas que não investirem em diversidade, equidade e inclusão estão fadadas a perpetuar a desigualdade e terão sérias consequências com suas marcas.

A expectativa também é que haja uma maior representatividade de mulheres, LGBTQI+, pessoas negras em cargos de liderança das empresas. E um letramento da população em geral sobre o tema, com a conscientização individual sobre a temática.

Ações no Insper

No Brasil a preocupação com a agenda da diversidade com foco na pauta racial tem sido recorrente em empresas nacionais, multinacionais e também em instituições de ensino. Entretanto essas preocupações não são concretizadas sem um planejamento e investimento de recursos dentro da empresa.

A diversidade, além de ser um imperativo ético do Insper, agora também faz parte do planejamento estratégico Insper +10. Assim, o tema deixou de ser apenas uma preocupação e ganhou um roteiro para o respeito à diversidade e à inclusão, com ações detalhadas, metas, indicadores.

E conta com a Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão (Comissão DEI) para ser uma facilitadora e o suporte das múltiplas áreas da escola para o engajamento e o letramento de toda a comunidade Insper, principalmente no que tange à pauta racial, trabalhando de forma conjunta com o Coletivo Estudantil Raposas Negras.

“Hoje, na Comissão de Diversidade, o Insper está reestruturando programas de atração e acolhimento para pessoas negras tanto nas esferas docentes quanto de discentes e colaboradores, trazendo um engajamento na pauta de toda comunidade Insper, pois acreditamos que cor da pele não define competência”, afirma Bruna.

Quer saber mais sobre a Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão? Acesse nossa página.

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