Fundos de private equity e venture capital no Brasil alcançaram, em média, retorno superior ao de indicadores como a Ibovespa e o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), bem como ao de mercados emergentes. O desempenho, porém, mostra-se desigual e ainda fica para trás na comparação com europeus e americanos.
Estudo conduzido pelo Insper, com a Spectra Investments e a Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), chegou a essas conclusões ao avaliar uma amostra de 268 fundos dedicados às duas modalidades de investimento no país, constituídos de 1994 a 2018. Nesse período, eles captaram R$ 84 bilhões.
Esses fundos compram participações acionárias de empresas com alto potencial de crescimento. O objetivo é gerar a expansão, de forma orgânica e por meio de aquisições, e depois vendê-las –um ciclo que costuma durar de 4 a 5 anos. Para tanto, promovem melhorias operacionais na gestão e na governança. É comum, por exemplo, que representantes dos investidores ingressem no conselho de administração.


A análise aponta que os fundos de private equity e venture capital superaram em duas vezes o desempenho do Ibovespa –carteira das ações mais negociadas na Bolsa brasileira–, em 2,6 vezes o CDI –taxa de juros de operações interbancárias–, e em 1,9 vez o indicador MSCI de mercados emergentes –principais ações de companhias nesse grupo de nações.
Na comparação internacional, entretanto, a taxa média interna de retorno anual dos fundos dedicados ao Brasil (9,8% em reais e 4,8% em dólares) ficou aquém da registrada globalmente (12%), nos Estados Unidos (13%) e na Europa (16%).
Desigual
No país, concentram os bons resultados os fundos do primeiro quartil (classificação dos que aparecem no grupo de 25% dos fundos com maiores retornos) e alguns do segundo quartil (classificação dos que figuram no grupo entre os 25% e 50% com maiores retornos). Além disso, 90% dos que pertencem ao primeiro quartil apresentam resultado suficiente para deixá-los entre os melhores fundos do mundo.
Para os pesquisadores, chama a atenção a diferença de desempenho de 30% constatada entre o resultado do pior fundo do primeiro quartil e o do pior fundo do terceiro quartil (classificação dos que figuram no grupo entre 50% e 75% com maiores retornos). Nos EUA (15%) e na Europa (13%), essa distância é bem menor, o que revela uma dispersão de desempenho comparativamente elevada no caso brasileiro.
Os autores do estudo atribuem o contraste à imaturidade de uma fatia dos operadores desse gênero de fundos e ao caráter relativamente recente dessa indústria no Brasil. O quadro, acrescentam, demonstra que é possível obter bons retornos ao investir em private equity e venture capital, porém se mostra essencial ao investidor avaliar a qualidade do gestor do fundo.
Leia o estudo
“Performance of Brazilian private equity and Venture Capital funds from 1994 until 2018”






