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Mulheres na Ciência: presença feminina na pesquisa acadêmica precisa de incentivos 

Em entrevista, Regina Madalozzo, professora do Insper e economista especializada em Economia do Gênero, reflete sobre a presença de mulheres no campo da ciência 

Em entrevista, Regina Madalozzo, professora do Insper e economista especializada em Economia do Gênero, reflete sobre a presença de mulheres no campo da ciência 

No dia 11 de fevereiro é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Apesar de avanços, a disparidade de gênero no campo científico continua sendo um grande desafio para os principais centros de produção de conhecimento do mundo. 

Um estudo publicado pelo site do Wilson Center, em 2019, mostrou que as mulheres representam apenas 24% dos beneficiários de um subsídio do governo brasileiro concedido aos cientistas mais produtivos do país (bolsa produtividade).  

Para Regina Madalozzo, professora do Insper, coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero do Centro de Estudos em Negócios (CENeg) e economista especializada em Economia do Gênero, é necessário incentivar as meninas a entrar no mundo da ciência desde cedo. “Indiscutivelmente, isso passa pela educação e pelo tratamento mais igualitário entre homens e mulheres, de modo que isso permita uma real opção pela carreira que cada uma de nós acredita ser a melhor para si mesma”. 

Confira a entrevista completa com Regina: 

Como você vê a presença feminina na área de pesquisa? 

Em quase todas as áreas científicas, o percentual de mulheres na pesquisa é bem menor do que em outras áreas de atuação. Na Economia, por exemplo, já temos um baixo percentual de mulheres que escolhem o curso na Graduação. E, quando progredimos para o mestrado e o doutorado, esse percentual acaba ficando ainda menor.  

Em um trabalho que produzi em 2019, junto a pesquisadoras do grupo EconomistAs, da USP, e Priscilla Tavares, da FGV-EESP, acompanhamos as notas médias de homens e mulheres nos cursos de Economia. Uma das possibilidades que levantamos era das mulheres não se sairem tão bem na faculdade e, por isso, optarem por não ingressar em uma carreira de pesquisa. Entretanto, os dados mostraram que não é isso que acontece na prática. Na média, homens e mulheres têm notas iguais nos cursos de graduação nas três instituições. Quando ocorre diferença, na maior parte, ela é de notas mais elevadas para as mulheres. Ou seja, não parece ser uma questão de falta de capacidade que cria esse bloqueio em seguir uma carreira de pesquisa. 

E na iniciativa privada, como é a recepção de mulheres em empresas que trabalham com pesquisa e ciência? 

Na iniciativa privada, da mesma forma que na academia, existem alguns entraves para a participação de mulheres na pesquisa, mas a minha impressão é que as empresas têm uma proatividade maior ao encarar essa questão. Na academia, por acreditarmos ter um julgamento sem viés, temos mais dificuldade em reconhecer que valorizamos mais trabalhos feitos por homens e, por isso, muitas vezes, desincentivamos as mulheres à participar da pesquisa. 

Atualmente, diversas associações – inclusive a AEA (American Economic Association) – estão trabalhando para visibilizar essas diferenças de tratamento, que vão desde um privilégio supostamente inocente de bolsa de assistente de pesquisa até um caso bem mais sério de assédio moral ou sexual. Com isso, é esperado um crescimento das mulheres na ciência. 

Quais os desafios para aumentar a presença feminina no universo científico? 

O grande desafio é perceber que existe um problema. Existe o argumento de que é uma preferência das mulheres não seguir em uma carreira de pesquisa, mas o quanto isso não é uma preferência que se estabeleceu via socialização e percepção das dificuldades que as mulheres têm, adicionais às que os homens têm? 

Precisamos incentivar desde cedo as meninas a entrar no mundo da ciência, visibilizar pesquisas feitas por mulheres e conquistas dessas pesquisadoras que passaram, por muitos anos, desapercebidas do público em geral. Indiscutivelmente, isso passa pela educação e pelo tratamento mais igualitário entre homens e mulheresde modo que isso permita uma real opção pela carreira que cada uma de nós acredita ser a melhor para si mesma. 

Regina Madalozzo é PhD em Economia pela Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, Estados Unidos. Fez graduação na PUC-Rio e mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ambos em economia. É professora associada no Insper  desde 2002. Sua área de pesquisa é economia do trabalho com foco no mercado de trabalho de mulheres.

Regina é coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero dentro do Centro de Estudos em Negócios (CENeg). Participa de diversos fóruns ligados ao empoderamento feminino e presença de mulheres na liderança das empresas.

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