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O impacto (da falta) de dados na formulação de políticas públicas

Às vésperas de 2022, não deveríamos depender de um gráfico que diz: “Fonte: Censo IBGE 2010”

Às vésperas de 2022, não deveríamos depender de um gráfico que diz: “Fonte: Censo IBGE 2010”

Vacinação contra covid
Vacinação contra a covid: a cidade de São Paulo já vacinou mesmo 108% da população de adultos?

 

 

Pedro Burgos*

Em novembro, a prefeitura de São Paulo anunciou que 108% da população adulta da cidade já havia tomado pelo menos a primeira dose de vacina contra a covid-19. A notícia foi animadora, por sugerir que paulistanos abraçaram a campanha de vacinação, mas também acendeu um sinal de alerta — a estatística pode ser apenas o mais recente exemplo de que estamos com contagem populacional defasada.

Essa falta de exatidão de quantos somos e onde moramos se deve, em parte, ao atraso do Censo 2020 — que ficou para o ano que vem devido à covid e restrições orçamentárias. Os governos, evidente, não estão totalmente no escuro: é possível usar diversas técnicas para estimar a população atual. Mas projeções e aproximações têm óbvios limites, que fazem diferença não apenas para jornalistas e gestores interessados em rankings de cobertura vacinal — ou, ainda no contexto da covid, em incidência de casos e óbitos —, mas também no desenho de políticas públicas.

Os dados populacionais do Censo informam quanto cada prefeitura terá à disposição no Fundo de Participação dos Municípios, e as dezenas de perguntas do questionário ajudam a saber onde é necessário maior repasse para investimentos em internet ou tratamento de água, por exemplo.

Enquanto não tivermos esses dados atualizados, é importante manter um saudável ceticismo sobre pesquisas pesadamente baseadas em dados censitários de municípios — especialmente nas comparações entre cidades que levam em conta a população. Caminhando para 2022, após as imensas transformações causadas pela covid, ler “Fonte: Censo IBGE 2010” em um gráfico deveria provocar pausa. Precisamos urgentemente de dados melhores e mais atualizados.

 

* Pedro Burgos, jornalista e programador, é mestre em Jornalismo Social pela City University of New York. É professor do Master em Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling do Insper.

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