Última edição do Ciclo de Debates Agro Global Insper Cebri 2021 incluiu o lançamento da versão impressa do livro “O Brasil no Agro Global” e do portal de dados Global Agri Trade – Gat

No dia 16 de dezembro, foi realizada a última edição do Ciclo de Debates Agro Global Insper Cebri 2021. Com o tema Perspectivas e desafios do agro brasileiro em 2022, o encontro contou com a participação de Eduardo Monteiro, vice-presidente comercial da Mosaic Fertilizantes, Eduardo Bastos, diretor de sustentabilidade da Bayer Crop Science, Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil, Pedro Fernandes, diretor de Agronegócios do Itaú-BBA e Pedro Palma, vice-presidente comercial da Rumo Logística.  Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, atuou como moderador.

Antecedendo o debate, ocorreu o lançamento da versão impressa do livro O Brasil no Agro Global: reflexões sobre a inserção do agronegócio brasileiro nas principais macrorregiões do planeta, produzido em parceria com a Fundação Alexandre de Gusmão e do portal de dados Global Agri Trade Data  – Gat, desenvolvido em conjunto com a Embrapa Instrumentação.

O Brasil no Agro Global: reflexões sobre a inserção do agronegócio brasileiro nas principais macrorregiões do planeta

Resultado da interação de alunos participantes da primeira edição do curso de Educação Executiva do Insper O Brasil no Agronegócio Global com pesquisadores do Insper Agro Global, a obra, lançada em parceria com a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), reúne estudos sobre macrorregiões estratégicas ao agronegócio brasileiro, analisando aspectos concorrenciais, tendências e propostas de ações estratégicas para a atuação do Brasil.

Em dez capítulos, o livro reúne textos de 34 autores, entre membros da equipe de pesquisadores do Insper Agro Global, diplomatas e agentes de governo que atuam na promoção do agronegócio brasileiro em mais de 20 diferentes países. A publicação foi organizada por Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global e Leandro Gilio, pesquisador do centro.

Disponível gratuitamente online, a obra, agora, ganha também uma edição impressa.

Saiba mais sobre o evento de lançamento do livro, realizado no dia 18 de novembro

Global Agri Trade Data – Gat

A ferramenta foi desenvolvida para atender estudantes e profissionais que atuam com comércio exterior e processos de importação e exportação de produtos do agronegócio entre diferentes países, que precisam acompanhar tendências globais de comércio e realizar análises de mercado para tomada de decisão que podem impactar diretamente na comercialização de produtos e países específicos.

O objetivo é fornecer ao usuário análises já prontas do comércio internacional agrícola, por meio de gráficos, e taxas de crescimento, considerando uma ampla gama de dimensões possíveis. Para isso, utiliza informações as mais atualizadas possíveis e disponibilizadas por fonte oficiais, como o banco de dados Comtrade da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex-Brasil), órgão do Ministério da Economia.

O sistema ainda permite que a visualização das informações para análise seja ajustada de acordo com o interesse do usuário.

Acesse o Global Agri Trade Data – Gat

Debate: Perspectivas e desafios do agro brasileiro em 2022

A conversa foi iniciada com a participação de Pedro Fernandes, que ressaltou o momento especial vivido pelo agro, com uma safra recorde em 2021/22 – na qual os produtores se adiantaram na compra de insumos e tiveram a ajuda do clima.

Já o custo da safra 2022/2023, que começa em março do ano que vem, é motivo de preocupação. “Teremos uma rentabilidade, até então recorde, indo para níveis abaixo da média histórica”, diz Pedro, que também salienta a projeção de aumento da taxa de juros e o ano eleitoral como principais elementos de impacto negativo

Restrições a produtos brasileiros

Marcos Jank destacou o anúncio recente, feito por seis grandes redes de supermercados europeias, de interromper a compra de carne no Brasil por conta de supostos riscos de “desmatamento importado”.

Para Paulo Sousa, fatos como esse podem ajudar a gerar incentivos econômico para aprimorar a rastreabilidade das commodities exportadas. “Vejo um lado positivo nisso, na medida em que podemos melhorar a organização e estrutura de cadeias produtivas de sustentáveis do agronegócio.”

Abastecimento e preços de fertilizantes em 2022

Ao abordar o tema de abastecimento e preços de fertilizantes, Eduardo Monteiro ressaltou o crescimento da demanda no mercado brasileiro, nos últimos dois anos, como equivalente à dos últimos sete anos. “O aumento do preço, portanto, foi causado por um forte crescimento da demanda, aliado à inflação e à crise energética global”, afirma Monteiro.

O vice-presidente comercial da Mosaic Fertilizantes ainda analisou o cenário recente e futuro para os produtores. “Para a safrinha, que será plantada agora, o produtor que fez a compra de fertilizantes antes da escalada de preços, acertou. O que não comprou, não conseguirá fugir do aumento de custos. Já para a safra de verão, o produtor brasileiro pode observar a decisão de seus pares norte-americanos e uma possível influência nos mercados globais – há a possibilidade de correções nos preços.”

Desafios da logística

Para Pedro Palma, parte da revolução na logística nacional, saindo do modal  rodoviário e indo para ferrovias e hidrovias, se deve ao crescimento da demanda do agronegócio. “Não há melhor indutor de investimento do que uma boa demanda”, afirma Palma, que aponta o crescimento no escoamento de grãos por meio de ferrovias, no Mato Grosso, partindo de números inferiores a 12 milhões de toneladas em 2016 e chegando a um valor superior a 20 milhões de toneladas em 2021.

Esse crescimento da capacidade logística, porém, não é uniforme no Brasil. “Quando olhamos estados próximos ao Mato Grosso, como Tocantins e Goiás, ainda há carência de capacidade de escoamento de produção por ferrovias”, diz Palma.

Segundo o vice-presidente comercial da Rumo Logística, o novo marco regulatório das ferrovias, aprovado na Câmara dos Deputados, representa um vetor importante para a capacidade logística. “Ele traz a possibilidade de gerar mais agilidade para encontrar pontos de operação que possibilitem ampliação de canais de abastecimento das linhas tronco e uma captura ainda maior de demanda para o sistema.”

Mercado de carbono

De acordo com Eduardo Bastos, o tema de mercado de carbono nunca esteve tão em evidência. “Em 2016, esse mercado não chegava a US$ 20 bilhões. No ano passado, foi alcançada a marca de US$ 250 bilhões e, neste ano, já bateu a casa dos US$ 400 bilhões.”

Bastos ressaltou a necessidade de desenvolvimento de metodologia tropical que permita a mensuração de carbono e impulsione o avanço desse setor no Brasil, que ainda não dispõe de um mercado regulado.

“O potencial é de representarmos pelo menos 20% do mercado global. É um valor grande o suficiente para trabalharmos juntos”, afirma Bastos.

Debate

O encontro seguiu com a discussão de assuntos levantados por Marcos Jank e pelos participantes do debate, como a construção de cadeias globais livres de desmatamento, novos instrumentos financeiros, questões de logística para abastecer o mercado interno e a possibilidade de aumento, de forma competitiva, da produção nacional de fertilizantes.

Assista ao debate na íntegra

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