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Encontro aborda a importância da gestão de conflitos em empresas familiares

Em nova edição do Insper Talks, a Plataforma de Empresas Familiares do Insper debate modos de lidar com os conflitos inerentes a esse tipo de empresa

Participantes do encontro sobre gestão de conflitos em empresas familiares.

Em nova edição do Insper Talks, a Plataforma de Empresas Familiares do Insper debate modos de lidar com os conflitos inerentes a esse tipo de empresa

No dia 22 de novembro, a Plataforma de Empresas Familiares do Insper realizou mais uma edição do Insper Talks. Desta vez, com o tema O conflito em empresas familiares: bom ou ruim?”, o bate-papo virtual contou com a participação de Mariza da Fonte e Luciano da Fonte Longman, membros de diferentes gerações da Raymundo da Fonte, empresa pernambucana de produtos de limpeza. A mediação e a introdução teórica foram feitas por Aline Porto, coordenadora da Plataforma.

Logo no início, foi apresentada a ideia de que o conflito, em qualquer grau, é inerente à empresa familiar. Isso ocorre porque há pessoas exercendo diferentes papéis em vista do mesmo propósito, com interações intra e extrafamiliares, no caso de funcionários que não são da família. Com isso, os interesses podem divergir, além do fato de que em toda família, assim como nas empresas familiares, existe a necessidade de individualização. Mesmo integrando um grupo, as pessoas buscam valorização individual, o que pode resultar em uma disputa por espaço.

Segundo Aline, quando são parentes próximos no ambiente de negócios, pode haver uma relativização do que acontece na empresa de acordo com a perspectiva de cada uma das partes, como uma competição por benefícios. “Esse tipo de fenômeno da psicologia humana pode ser transportado para as empresas familiares e causar percepções de favoritismo ou, até mesmo, uma certa rivalidade”, disse a coordenadora.

Nesse sentido, considerando que o conflito sempre existirá, o interessante seria garantir que as divergências ocorram dentro de uma “zona ótima do conflito”, que é um estado onde diferentes pontos de vista podem coexistir sem que sejam motivo para uma degradação do clima dentro e fora do ambiente da empresa.

É importante reconhecer que a discordância, em si, não é ruim, uma vez que ela pode levar à inovação. O cuidado deve estar na certificação de que a empresa e seus membros estão caminhando na mesma direção. Para isso, alguns questionamentos simples podem evidenciar que a oposição de ideias está sendo prejudicial. Fazer a pergunta: “estamos deixando de tomar alguma decisão?” é uma boa maneira de começar a identificar os sinais.

Para a formulação desses questionamentos, é interessante analisar o espiral de conflito, um esquema visual que indica as etapas progressivas de crises internas. Nessa escala, a comunicação falha é o limiar entre a estabilidade e o agravamento de uma situação observada. Para que o clima da organização não se torne ainda mais crítico, o ideal é que a conjuntura se mantenha minimamente no ponto três do espiral. Quanto mais baixo se está na pirâmide invertida, mais comprometida estará a temperatura da empresa.

 

Espiral do conflito, uma pirâmide invertida com etapas do conflito.

 

Um outro fator capaz de desencadear conflitos é a natureza da própria formação familiar, já que os sócios, em alguma medida, não se escolheram. Assim, é possível que haja um acúmulo de passivos emocionais de toda a vida, e isso pode atravessar as relações de negócio, conforme pontuado pelos dois convidados do evento.

Na Raymundo da Fonte, a geração inicial era de nove filhos, dos quais sete trabalharam no dia a dia da empresa. Mariza conta que seu pai, um dos fundadores, sempre mediava os conflitos entre os parentes de forma interpessoal, e que esse valor da família foi transmitido para as gerações e para as filiais.

“O conflito não pode ser colocado embaixo do tapete, a gente precisa reconhecê-lo para que alguma ação possa ser tomada. Nós procuramos investir em prevenção, munindo as pessoas com informação e treinamentos”, disse a presidenta do Conselho de Família da empresa.

Duas medidas de prevenção tomadas pela Raymundo da Fonte são o Acordo de Sócios e o Protocolo da Família. Além disso, a empresa também conta com funcionários não familiares na gestão e na administração como uma forma de agregar novos valores e argumentações em momentos deliberativos.

Membro da terceira geração da família, Luciano concorda com Mariza, sua tia, sobre a necessidade de os conflitos serem enfrentados. O maior desafio, porém, é não deixar que eles sejam responsáveis por promover uma ruptura. “O conflito faz parte do dia a dia, a diferença consiste em como ele é tratado. É fundamental que existam conflitos para que haja mudanças necessárias ao crescimento da empresa”, afirmou o integrante do Conselho de Administração da Raymundo da Fonte.

A ocorrência de conflitos é natural em um ambiente com pessoas que pensam diferentemente umas das outras. Isso é um indício de saúde organizacional, pois essa condição permite a circulação de ideias, e nem sempre as divergências devem ser encaradas como sinônimo de crise. “A maneira mais construtiva de lidar com elas é enxergá-las como uma oportunidade de crescimento e melhoria para a empresa e, acima de tudo, para as pessoas que fazem parte dela”, disse Aline.

Conheça a Plataforma de Empresas Familiares do Insper.

 

*Allyson Pains

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