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Adiar conclusão do ciclo básico é melhor opção

Volta às aulas presenciais sem recuperar conteúdo custaria o equivalente a 23% do PIB
16/06/2020 16:22

CONHECIMENTO| CONTEÚDO SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19 |ACESSE A PÁGINA ESPECIAL

 

Enquanto estados e municípios que suspenderam as atividades escolares presenciais para frear o novo coronavírus discutem como reiniciá-las, uma dúvida se impõe: é melhor retomar a instrução perdida, atrasando todo o fluxo em um ano, ou manter o cronograma e, assim, não adiar a entrada no mercado de trabalho de dezenas de milhões de brasileiros?

Segundo Ricardo Paes de Barros, professor titular da cátedra Instituto Ayrton Senna no Insper, a opção de recomeçar o ano escolar do zero e postergar a entrada no mercado é bem menos danosa. O exercício foi feito por ele em conjunto com a economista Laura Müller Machado, também do Insper, para os níveis fundamental e médio do ensino, que no Brasil congregam 34,9 milhões de estudantes.

Em qualquer situação, vai haver prejuízo para essa geração. Se os governantes optarem pela manutenção do fluxo sem uma estratégia eficiente de aceleração do aprendizado, esse contingente perde proficiência, o que implica menos renda ao longo da vida. Por outro lado, caso as autoridades favoreçam a recuperação do conteúdo, a decisão acarretará atraso no início da vida laboral, o que também reduzirá a renda.

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A questão passa a ser qual dos prejuízos seria menor. Nas contas dos pesquisadores, o dano cai a um quarto em relação à alternativa se a opção for recuperar o conteúdo adiando a entrada no mercado de trabalho. Nesta hipótese, cada estudante teria perda média de R$ 10 mil, contra R$ 42.500 no caso de avançar-se o ano escolar sem percorrer as matérias previstas. O revés coletivo equivaleria a 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto) na primeira alternativa, contra 23% do PIB na segunda.

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Paradoxalmente, argumenta o pesquisador, o Brasil pode se beneficiar nesse caso da relativa ineficiência de seu sistema educacional. Em nações cujo desempenho está perto do máximo, a perda devida ao atraso de um ano na entrada no mercado de trabalho é mais difícil de ser compensada uma vez que suas redes de ensino já funcionam com eficiência máxima.

Já no caso do Brasil, que não encontra paralelo em ineficiência educacional, se o tempo de parada for aproveitado para aplicar medidas que tornem o sistema mais eficiente na retomada das aulas presenciais, o ganho pode ser relativamente substantivo a ponto de quase compensar o adiamento das atividades de trabalho no restante deste ano.

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Correção em 29/6: a perda com entrada no mercado de trabalho adiada por um ano equivale a 5,3% do PIB de 2017, não a 10%, como constava de versão anterior deste texto.

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