Apresentação abordou os mais recentes avanços na ciência do carbono, o isolamento e utilização do grafeno.
No dia 4 de setembro, recebemos o professor Konstantin Novoselov, premiado com o Nobel de Física de 2010, para uma apresentação na qual foram abordados os mais recentes avanços na ciência do carbono e o isolamento e utilização do grafeno.
O carbono é um elemento versátil que fornece materiais diferentes como grafite e diamante. Este material estritamente bidimensional era presumido não existir no estado livre e foi descoberto há alguns anos. O grafeno possui um número de superlativos: é o material mais condutor, mais termicamente condutor e mais impermeável. Todas estas propriedades tornam extremamente excitantes para uma série de aplicações: de baterias e compósitos para eletrônica e telecomunicações
“É muito gratificante ver nosso auditório cheio para acompanhar a apresentação do Nobel Konstantin Novoselov, pois demonstra o nosso entusiasmo com a ciência e a tecnologia. Esse é um tema não apenas cientifico, mas de discussão de negócios. As possibilidades de utilização do grafeno dependem de se repensar estrategicamente os novos produtos da indústria”, disse Carolina da Costa, Vice-presidente da Graduação.
O evento também contou com a presença do Professor Antonio H. Castro Neto, um dos líderes internacionais na pesquisa do grafeno e do Diretor do Centro de Materiais Avançados 2D da Universidade Nacional de Singapura, considerado referência mundial na pesquisa em grafeno e materiais bidimensionais. “O professor Novoselov tem muita capacidade de comunicar, de forma simples, uma física extremamente complicada.”
Características, produção e aplicação
Em sua apresentação, Novoselov abordou as características do grafeno, produtos onde o material já é utilizado, possibilidades futuras de aplicação e os desafios para sua produção em massa. “O grafeno é um material bidimensional, ou seja, de camada única, com propriedades exclusivas que o permitem ser usado em diversas aplicações. Ele é o material mais fino possível, o mais condutivo, altamente flexível, e o mais impermeável.”
Entre as aplicações já desenvolvidas com a utilização do grafeno, o Nobel de Física citou seu uso em células solares e a utilização de tinta de grafeno para a impressão de sensores utilizados em roupas inteligentes. Entre as possibilidades futuras, estão o desenvolvimento de sistemas de filtragem, a dessalinização de água, lentes de contato que permitem o ajuste de foco e baterias de celulares com carregamento mais rápido e duradouro.
“Acreditamos que a aplicação do grafeno, ainda mais com a possibilidade de combiná-lo com outras camadas de materiais, pode gerar infinitas novas soluções que seriam impossíveis sem a sua descoberta. Esse é um processo lento e que depende muito de nossa imaginação, de investimentos e do constante desenvolvimento tecnológico”, ressaltou Novoselov.
Para o professor, a produção em massa do grafeno é um dos principais desafios a serem enfrentados. “O processo de esfoliação mecânica a partir do grafite ainda é usado em 90% da fabricação do grafeno e não seria economicamente adequado para a produção em larga escala. A utilização do processo de deposição química a vapor, porém, pode tornar essa produção viável”, contou Novoselov. “Ainda estamos em na fase de coleta de receitas para a produção e aplicação cada vez mais efetiva do grafeno. Para isso, precisamos de uma colaboração cada vez mais integrada entre diversas áreas, como a academia, a indústria e o marketing”, finalizou.
Para Bárbara Martins Damasceno, aluna do 1º semestre de Engenharia Mecatrônica no Insper, acompanhar a palestra de um Nobel de Física é uma oportunidade que amplia os horizontes de possibilidades de atuação profissional. “Para mim, a abordagem da palestra foi muito interessante e mostra que ao fazermos a Graduação, também podemos ir para a área de pesquisa, algo que inclusive já tenho em mente.”
Assista ao evento na íntegra: