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Imprensa | Marcos Lisboa: Recordar é viver

Fonte: Folha de S.Paulo – 3/6/2018

Luiz Carlos Bresser-Pereira escreveu um artigo nesta Folha comentando uma coluna minha sobre a taxa de câmbio. Bresser concorda que um ajuste fiscal permitiria um câmbio mais desvalorizado.

O seu artigo, porém, vai além e afirma que o ajuste fiscal não seria suficiente. O governo deveria garantir juros mais baixos e câmbio mais desvalorizado do que o permitido pelas contas públicas.

Aqui começam nossas divergências. Bresser afirma que os juros são mantidos altos para beneficiar os rentistas. A tese surpreende, afinal a Selic é determinada pelo Banco Central para controlar a inflação, seguindo o modelo de metas adotado por muitos países, e está no seu nível mais baixo em 20 anos. Bresser deveria apresentar evidências para justificar a tese e mostrar que uma menor taxa de juros não resultaria, apenas, em maior inflação.

O governo anterior experimentou uma taxa básica de juros mais baixa do que a indicada pelo modelo de metas de inflação. Não deu certo.

A inflação ficou anos perto de 6,5%, apesar do represamento de preços administrados, como combustíveis e energia. O governo também reduziu as taxas de juros cobradas pelos bancos públicos e expandiu o crédito subsidiado do BNDES.

Apesar dessas medidas, a taxa de crescimento econômico do Brasil iniciou uma trajetória de queda a partir de 2011, descolando dos demais países emergentes. Sabemos das consequências.

Além disso, como comentei na coluna, o clássico modelo de Kaldor-Pasinetti aponta que a desvalorização cambial e o aumento da inflação podem permitir um modesto aumento da taxa de crescimento, desde que os salários não sejam reajustados. A proposta de Bresser implica reduzir os salários para aumentar o crescimento?

O Brasil tem uma dívida com Bresser pela notável reforma administrativa realizada no governo Fernando Henrique.

Na macroeconomia, porém, Bresser parece desconhecer a pesquisa aplicada sobre economia e embaralha causas e sintomas. O seu Plano de Estabilização de 1987 fracassou. Em 2002, o seu diagnóstico sobre a crise revelou-se equivocado. Na época, Bresser e Nakano argumentavam que as dificuldades da economia, como o aumento da inflação e dos prêmios de risco, decorriam da elevada taxa de juros.

O primeiro governo Lula, porém, partiu de diagnóstico bem distinto. A origem dos problemas estaria no desequilíbrio fiscal. Por isso, optou-se por aumentar o superávit primário e a taxa de juros. O resultado foi a queda da inflação e dos prêmios de risco, seguida pela recuperação da economia, exatamente o contrário do previsto por Bresser e Nakano.

Qual a evidência de que desta vez será diferente?

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Luiz Carlos Bresser-Pereira escreveu um artigo nesta Folha comentando uma coluna minha sobre a taxa de câmbio. Bresser concorda que um ajuste fiscal permitiria um câmbio mais desvalorizado.

O seu artigo, porém, vai além e afirma que o ajuste fiscal não seria suficiente. O governo deveria garantir juros mais baixos e câmbio mais desvalorizado do que o permitido pelas contas públicas.

Aqui começam nossas divergências. Bresser afirma que os juros são mantidos altos para beneficiar os rentistas. A tese surpreende, afinal a Selic é determinada pelo Banco Central para controlar a inflação, seguindo o modelo de metas adotado por muitos países, e está no seu nível mais baixo em 20 anos. Bresser deveria apresentar evidências para justificar a tese e mostrar que uma menor taxa de juros não resultaria, apenas, em maior inflação.

O governo anterior experimentou uma taxa básica de juros mais baixa do que a indicada pelo modelo de metas de inflação. Não deu certo.

A inflação ficou anos perto de 6,5%, apesar do represamento de preços administrados, como combustíveis e energia. O governo também reduziu as taxas de juros cobradas pelos bancos públicos e expandiu o crédito subsidiado do BNDES.

Apesar dessas medidas, a taxa de crescimento econômico do Brasil iniciou uma trajetória de queda a partir de 2011, descolando dos demais países emergentes. Sabemos das consequências.

Além disso, como comentei na coluna, o clássico modelo de Kaldor-Pasinetti aponta que a desvalorização cambial e o aumento da inflação podem permitir um modesto aumento da taxa de crescimento, desde que os salários não sejam reajustados. A proposta de Bresser implica reduzir os salários para aumentar o crescimento?

O Brasil tem uma dívida com Bresser pela notável reforma administrativa realizada no governo Fernando Henrique.

Na macroeconomia, porém, Bresser parece desconhecer a pesquisa aplicada sobre economia e embaralha causas e sintomas. O seu Plano de Estabilização de 1987 fracassou. Em 2002, o seu diagnóstico sobre a crise revelou-se equivocado. Na época, Bresser e Nakano argumentavam que as dificuldades da economia, como o aumento da inflação e dos prêmios de risco, decorriam da elevada taxa de juros.

O primeiro governo Lula, porém, partiu de diagnóstico bem distinto. A origem dos problemas estaria no desequilíbrio fiscal. Por isso, optou-se por aumentar o superávit primário e a taxa de juros. O resultado foi a queda da inflação e dos prêmios de risco, seguida pela recuperação da economia, exatamente o contrário do previsto por Bresser e Nakano.

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