Desafios, caminhos e a revolução digital foram temas dos seminários, que reuniram lideranças, pesquisadores e alunos na escola
O Insper participou este ano novamente da Semana da União Europeia em São Paulo. Com dois seminários que debateram inovação e tecnologia, a escola reuniu cônsules, embaixadores, pesquisadores e alunos para discutir como a sociedade vem se adaptando às novas tecnologias que ela mesma demanda, como a educação está alinhada nesse contexto e como a UE pode apoiar o empreendedorismo e a inovação no Brasil.

A Semana da União Europeia é uma iniciativa dos consulados dos países-membros do bloco em colaboração com a Delegação da UE em Brasília. Realizada entre os dias 6 e 15 de maio, tem o objetivo de apresentar a organização europeia, os ideais que defende e suas relações com o Brasil.

Desafios para inovação no Brasil

A necessidade de entendimento do perfil do profissional do futuro e do executivo empreendedor, o papel das universidades em atender às demandas do mercado, e como se estabelece a relação profissional, indústria e inovação são os principais desafios da Educação no Brasil de acordo com especialistas.

A vice-presidente de Graduação do Insper, Carolina da Costa, acredita que, além de professores acadêmicos, a Educação precisa de executivos, técnicos, coaches, mentores e outros profissionais com visões e olhares diferentes, promovendo assim um ambiente colaborativo e estimulante para a inovação. Colaboração é fundamental para inovar, assim como a necessidade de os empreendedores adquirirem cada vez mais conhecimentos em diferentes áreas. “É importante conhecer um pouco sobre todas as disciplinas envolvidas em um projeto de inovação para torná-lo mais ágil”, acrescenta Fábio Goff, advogado e diretor do Instituto Butantã.

Para Newton Frateschi, diretor executivo do Centro de Inovação Inova, o papel das instituições de ensino é formar pessoas, as melhores, para que elas possam inovar no campo. Por isso, a integração entre empresas, sejam grandes ou pequenas, startups, incubadoras e empreendedores, é basilar para alavancar projetos vencedores de inovação.

Revolução Digital

A avalanche de tecnologias disponíveis atualmente, os desafios e as ameaças que elas trazem para a sociedade, e como a União Europeia está se preparando política, econômica e socialmente para absorvê-las foi tema do segundo dia de debates no Insper.

O impacto e as consequências resultantes das novas tecnologias não são consideradas hoje previsíveis e, por isso, os governos se vêem obrigados a criar políticas públicas, legislação e regulamentação de maneira dinâmica, à medida em que os problemas aparecem.

Há cerca de seis meses, a Alemanha, por exemplo, aprovou uma lei que obriga o Facebook e outras empresas de mídias sociais a retirarem qualquer informação de cunho racista das redes, por contrariar a legislação do país. A medida foi uma reação ao fenômeno das hate news, que pode ser traduzido por “notícias de ódio”, disseminadas no país, marcado historicamente pelos danos irreversíveis gerados pela discriminação racial.

A partir do dia 25 de maio, uma nova lei entrará em vigor na União Europeia. A General Data Protection Regulation (GDPR) visa a proteção da privacidade dos usuários de Internet de seus países-membros. Com isso, qualquer empresa do mundo, independentemente do porte, que utilizem dados de cidadãos europeus precisarão se adequar às novas regras ou correm o risco de receberem multas de alto valor. A lei define, entre outros pontos, a obrigatoriedade da comunicação de vazamento de dados no período de 72 horas a partir do ocorrido a todos os afetados pela falha. A nova lei determina também o direito aos cidadãos europeus de solicitarem a exclusão de seus dados pessoais dos registros de organizações quando desejarem. Qualquer empresa que use dados de usuários europeus passa a ser proibida de transferir as informações para outros países que não possuam leis adequadas de proteção.

“Estamos no processo de alfabetização digital e isso resulta em uma série de desafios para garantirmos a democracia, a liberdade de expressão e também para criarmos novas políticas públicas. Por isso, é importante estarmos abertos a essas mudanças, porém com senso de equilíbrio e responsabilidade”, analisa Paulo Lopes Lourenço, cônsul-geral de Portugal no Brasil.

Outro fenômeno tecnológico destacado por estar mudando o comportamento da sociedade são as criptomoedas. “A essência do modelo de blockchains, com a ideia de ‘autoridade distribuída’ é algo que ilustra a mudança que estamos vivenciando. Estamos deixando um mundo ultrapassado para um completamente digital, totalmente oposto às ordens previamente estabelecidas. Com isso, precisamos pensar em formas de gerenciar os diferentes efeitos dessa mudança de paradigma, que está impactando todos os tipos de relações: pessoais, econômicas, políticas, entre outras”, afirma Carlos Oliveira, conselheiro em Políticas de TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) da União Europeia.

A chegada de novos tempos na economia mundial também foi ponto de atenção do cônsul-geral da Alemanha, Axel Zkler. “A lição mais valiosa a ser aprendida com as diferentes formas de moedas digitais é a tecnologia envolvida para garantir transações seguras, muito mais do que ganhar ou perder dinheiro com esse tipo de investimento”, conclui.

O evento

Os seminários do Insper durante a Semana da União Europeia reuniram no primeiro dia de debates Carolina da Costa, vice-presidente de Graduação do Insper, Newton Franteschi, diretor executivo do Centro de Inovação Inova, Marcos Will, diretor da Enrich (European Network of Research and Innovation Centers and Hubs) no Brasil, Aline Costa, bióloga e Fábio Goff, advogado e diretor do Instituto Butantã.

No segundo dia, com o mediador professor do Insper Charles Kirschbaum, participaram Paulo Lopes Lourenço, cônsul-geral de Portugal no Brasil, Axel Zkler, cônsul-geral da Alemanha no Brasil, Denis Staunton, jornalista do jornal Irish Times e Carlos Oliveira, conselheiro em Políticas de TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) da União Europeia.

Saiba mais: assista aos eventos na íntegra.