O novo grupo de pesquisa em Biodesign do Insper será apresentado a toda a comunidade no dia 3 de dezembro, às 18h, na Sala Mario Haberfeld, no segundo andar do Prédio Claudio Haddad. O lançamento marca mais uma etapa da consolidação das atividades de ensino e pesquisa em engenharia da escola, que começaram em 2015 com a entrada das primeiras turmas de graduação em Mecânica, Mecatrônica e Computação e, em 2022, avançaram com a criação do Programa Avançado em Transformação Digital: Gestão, Operações e Tecnologia.

 

O grupo de pesquisa Biodesign acabou sendo a escolha para seguir com a pesquisa em temas de tecnologia e gestão. “Na formação da nossa graduação, percebemos que a conexão de engenharia com áreas médicas é muito forte em São Paulo”, diz o professor Alex Camilli Bottene, que assumiu a coordenação do novo grupo. “Temos grandes hospitais, faculdades de medicina e empresas da área associada à medicina, como análise de imagens, análise de dados e alguns dispositivos médicos. Então, levamos para a graduação a discussão da integração do corpo humano, da Biologia e da Medicina com a Engenharia. No nosso corpo docente, há professores com experiência em física médica, que nos deram a possibilidade de começar a discutir esses assuntos.”

 

A motivação se espalhou para os estudantes, que logo tiveram acesso às primeiras oportunidades de projetos de extensão em biodesign, via disciplina Projeto Final – Capstone da Engenharia. Assim, também foi natural a aproximação de hospitais e empresas da área de saúde, muitas das quais são parceiras frequentes de projetos de conclusão de curso do Insper. De 2018, quando começaram os primeiros projetos finais, até 2023, quando o grupo de pesquisa começou a se estruturar, já havia um percentual representativo de projetos realizados nessa conexão de engenharia com problemas médicos e biológicos.

 

A pandemia de covid-19, iniciada em 2020, também foi um grande motivador desses projetos, conta Bottene. O interesse imediato, na época, era a produção de máscaras de proteção facial do tipo face shield, mas uma indústria automotiva, por exemplo, queria aprender a fazer respiradores — além de resolver uma demanda pontual naquele momento, o processo valeria como aprendizado e prospecção do mercado de dispositivos médicos. Segundo Bottene, os professores perceberam o potencial da pesquisa para geração de produtos e serviços em conexão com a biologia.

 

Em geral, os grupos de pesquisa em biodesign no Brasil estudam temas relacionados à arquitetura e artes, em busca de soluções a partir da observação dos processos da natureza — a chamada bioinspiração. Bottene explica que, principalmente nos países de língua inglesa, o termo está mais associado a projetos que conectam a biologia a algum tema de discussão. “Parecia mais a nossa cara: entender um problema relacionado à saúde e biologia e buscar metodologias para resolvê-lo”, afirma o professor. “O nosso grupo de biodesign foi estruturado para utilizar a nossa experiência de engenharia no desenvolvimento de soluções, ou seja, criar produtos e serviços orientados a um contexto de usuário. Nesse caso, o contexto é a promoção da saúde de forma sustentável.”

 

O grupo Biodesign vai atuar em cinco linhas de pesquisa, na interseção do conhecimento que os professores do Insper já têm e que é explorado nas disciplinas: transformação digital na saúde, metodologia de design, processo de manufatura aditiva (impressão 3D), produção de dispositivos médicos inteligentes e sustentabilidade das operações de saúde. As três primeiras fazem parte do cotidiano da graduação e da pós-graduação, amparadas pela experiência do corpo docente.

 

Por sua vez, as duas últimas linhas, embora ainda inexploradas na Engenharia, tem um grande potencial de pesquisa, observa Bottene. Os dispositivos médicos inteligentes, que monitoram o paciente dentro do centro cirúrgico, coletam dados em tempo real do atendimento e produzem informações valiosas para a transformação digital. E a linha de sustentabilidade das operações de saúde analisa o impacto das novas tecnologias inteligentes sob a tríade meio ambiente, social e financeiro. “Isso permite ao sistema de saúde aprender mais rápido com cada paciente e, dali em diante, estabelecer métodos de atendimento mais eficientes e com custo eventualmente menor. Para o Insper, abriria possibilidades de projetos maiores no campo das políticas públicas”, diz Bottene.

 

O evento de lançamento é uma forma de apresentar as linhas de pesquisa do grupo Biodesign para a comunidade interna, incentivando a participação de novos colaboradores. A partir de 2025, pretende-se estender as fronteiras por meio da criação de um núcleo de pesquisa, que estará aberto a pesquisadores de fora do Insper. Os estudantes da escola, à medida que surgirem financiamentos, poderão concorrer a bolsas de iniciação científica e tecnológica. O grupo também convida empresas interessadas em apoiar essas linhas de pesquisa e instituições de saúde interessadas em usufruir dos resultados.

 

Vale acrescentar que os cursos de Engenharia Mecânica, Mecatrônica e de Computação do Insper contam com a acreditação internacional da ABET, um reconhecimento que atesta a qualidade e a aderência dos programas aos padrões globais de excelência em ciências aplicadas, computação e engenharia. Esse selo destaca a integração de diferentes áreas do conhecimento, o desenvolvimento de competências técnicas e sociais, e o compromisso com a formação de profissionais preparados para atuar em áreas técnicas inovadoras e tecnologias emergentes. A acreditação considera dimensões como objetivos educacionais, resultados de aprendizagem, melhoria contínua, currículo, corpo discente, infraestrutura e apoio institucional, assegurando que os programas ofereçam uma formação de alto nível e ambientes propícios à aprendizagem.