Lançado no começo de julho, o Mapa de Gestão de Lideranças (MGL), uma iniciativa do Centro de Gestão e Políticas Públicas (CGPP) do Insper em parceria com a VAMOS — frente formada pela Fundação Lemann, Instituto humanize e República.org —, tem como objetivo identificar e difundir boas práticas de gestão estratégica de pessoas nos altos escalões do governo, contribuindo para o desenvolvimento de quadros de direção mais profissionalizados e diversos. “O gerenciamento de cargos de liderança significa contar com processos de escolha das pessoas mais qualificadas e dos processos que garantam alto desempenho e representatividade nessas posições”, disse Gustavo Tavares, professor do Insper, durante o evento de lançamento da iniciativa. “O Mapa traz como os estados brasileiros têm gerido seus cargos de direção (cargos comissionados), com foco no segundo e terceiro escalões da administração direta.”
No total, participaram do MGL 57 secretarias de estado, contemplando as 27 unidades federativas (26 estados e Distrito Federal). Desse universo de secretarias, 23 são de gestão (Administração ou Planejamento), 19 de Educação e 15 de Saúde. O Mapa foi criado com base em uma ampla pesquisa acadêmica e na contribuição de entidades e de especialistas ligados ao tema. Essa abordagem faz com que o MGL reflita as melhores práticas e os mais recentes entendimentos no campo da gestão dos cargos de direção das secretarias de estado.
Diversos países têm implementado os chamados Sistemas de Alta Direção Pública (SADPs) voltados para a gestão de pessoas, com foco nos cargos de alto escalão, tendo por base os princípios da gestão estratégica por competências e resultados. Os processos têm como propósito garantir que dirigentes públicos reúnam as competências necessárias, como processos de pré-seleção e desenvolvimento, entregando os resultados esperados, por meio de procedimentos de gestão de desempenho. Três dos principais exemplos pelo mundo são o Senior Executive Service, dos Estados Unidos; o Senior Civil Service, do Reino Unido; e o Sistema de Alta Dirección Pública Chileno, que se destaca no contexto sul-americano.
“A meta é profissionalizar a carreira pública. Nossa experiência no Chile demonstra que dá para fazer isso. O que os países fazem na gestão pública é uma das ações mais relevantes para que tenhamos uma democracia melhor”, disse Francisco José Silva Durán, Chefe da Divisão Jurídica e Assuntos Institucionais da Direção Nacional do Serviço Civil do Chile, que também participou do evento promovido pelo Insper. “A administração do Estado, o que inclui as carreiras públicas, influencia na confiança dos cidadãos nas instituições. Essa gestão correta dos recursos públicos resulta em bons serviços para os cidadãos”, completou. Ainda segundo o especialista, não pode haver gestão de pessoas sem mensuração dos resultados do trabalho. No Chile, o sistema criado define as políticas de gestão de pessoas para toda a administração pública, sendo responsável, ainda, por selecionar os gestores das instituições do país.Texto do conteúdo (primeira parte)
As boas práticas internacionais estão refletidas no Mapa de Gestão de Lideranças, que mensura as práticas de gestão no alto escalão de acordo com cinco pilares:
- Pré-seleção: processos para atrair e selecionar gestores diversos, com as competências adequadas ao cargo;
- Gestão do desempenho: práticas como estabelecimento de metas, avaliação de desempenho e reconhecimento das lideranças;
- Desenvolvimento: ações de formação para o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais;
- Diversidade: processos que visam garantir que haja diversidade entre ocupantes dos cargos de direção, especialmente nas dimensões de gênero e raça;
- Atuação Sistêmica do Órgão Central: existência e atuação de um órgão central que institucionaliza e dá suporte às práticas de gestão dos cargos de liderança.
O MGL fornece aos órgãos participantes um retrato sobre suas práticas de gestão de cargos de direção por meio de questionário e relatório individualizado, com possíveis caminhos de desenvolvimento. “A pontuação, que varia de zero a cem, foi de 17 nacionalmente. Isso indica que o nível de aplicação das práticas de gestão nos cargos de liderança do segundo e terceiro escalões das secretarias de estado participantes está na faixa inicial, apresentando grandes oportunidades de aprimoramento. Nosso propósito com o MGL é gerar aprendizado em massa, e não um ranking para dizer qual secretaria está melhor”, finalizou Tavares.
Para conhecer mais sobre o Mapa de Gestão de Liderança, veja aqui.