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Entrar um ano antes ou um ano depois no ensino fundamental? Essa pergunta é realizada por muitos pais que gostariam de entender os efeitos dessa decisão em relação à aprendizagem dos seus filhos e ao futuro deles no mercado de trabalho. Esse foi o tema do estudo The Effect of Age at School Entry on Education and Labor Market Outcomes: A Regression Discontinuity Analysis, realizado por Naercio Menezes Filho, professor do Insper, e pelos pesquisadores Renato Herdeiro e Alison Oliveira.

 

Atualmente, a idade mínima de seis anos completos até 31 de março do ano de ingresso no ensino fundamental é unificada para todo o país com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e na Resolução CEB nº 6/2010, mas nem sempre foi assim. Na época da pesquisa, cada estado podia escolher essa data de corte, e a idade mínima para entrada na escola era de sete anos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o mês de entrada era janeiro. Se a criança fizesse, portanto, sete anos antes de janeiro — em dezembro, do ano anterior, por exemplo, , ela podia entrar na escola já nessa idade. Caso contrário, precisava aguardar um ano para entrar na escola.


“O que fizemos foi comparar o desempenho das crianças que nasceram logo antes da data de corte com aquelas que nasceram depois. Descobrimos a data de corte empiricamente em todas as capitais do Brasil. Fizemos duas amostras: a de crianças que nasceram antes da data de corte, podendo entrar na escola já aos sete anos, e a daquelas que precisaram aguardar um ano, porque nasceram depois dessa data de corte”, diz Naercio. Para isso, foram monitorados os mesmos alunos ao longo da sua trajetória educacional — desde a entrada na escola até o ingresso no mercado de trabalho. Nesse processo, o estudo usou como base os dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Ao entrar mais cedo na escola, o aluno ganha um ano na trajetória escolar, já que vai concluir o ensino médio antes. Há casos de alunos que nascem poucos dias depois da data de corte, precisando, por causa disso, aguardar um ano para poder entrar no ensino fundamental.


Ainda que essa situação possa parecer negativa, já que esses alunos acabam se formando mais tarde, o estudo comprovou que ocorre justamente o contrário. “As crianças que esperam um ano para entrar na escola por causa desse motivo repetem menos, evoluindo mais rapidamente no ciclo escolar. Creditamos isso ao efeito da maturidade, já que elas estão mais prontas intelectualmente e emocionalmente para assimilar o conteúdo lecionado. Quem entra um ano depois vai mais rápido no sistema de ensino”, explica Naercio. O ideal para potencializar esse efeito é promover o acesso desse aluno à pré-escola nesse ano que está esperando, o que o ajuda a amadurecer por causa da interação com as outras crianças.
 

Pesquisa

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As habilidades socioemocionais são adquiridas desde cedo. Para isso, o ambiente é importante, com estímulos de interação que sejam condizentes com a idade. “Ao entrar um ano antes, o aluno será o mais novo da turma, podendo eventualmente sofrer alguma dificuldade na socialização com o restante da turma, além da questão de maturidade”, afirma Naercio.


Os seis primeiros anos de vida, segundo o professor, são muito relevantes para desenvolver não somente as habilidades socioemocionais da criança, estando entre elas persistência e resiliência, como também as de memória e raciocínio. “Há várias pesquisas de neurociência, pedagogia, medicina e psiquiatria mostrando a importância da primeira infância”, diz Naercio. A orientação é conversar e brincar com a criança, ler para ela, a fim de fazer com que ela alcance seu pleno desenvolvimento.


Mercado de trabalho


O estudo também concluiu que os alunos que entram depois no ensino fundamental têm maior probabilidade de acessar a universidade porque aprendem mais ao longo da trajetória escolar. Já os que entram antes têm índice menor de acesso ao ensino universitário. Como consequência, esse segundo grupo entra antes no mercado de trabalho e recebe uma remuneração maior inicialmente, já que os alunos do primeiro grupo estão dedicados à universidade, não trabalhando ou atuando somente em estágios, que costumam ter remuneração menor na comparação com um emprego. “Esse efeito depois se altera, pois quem faz faculdade tem, na média, um salário superior do que quem não faz”, finaliza Naercio.
 

Para saber mais sobre o estudo, clique aqui.




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