Com a digitalização avançando sobre todos os setores da economia, a Engenharia de Computação se consolida como uma das carreiras mais promissoras da atualidade, formando profissionais aptos a liderar a transformação tecnológica e desenvolver soluções inovadoras para desafios cada vez mais complexos.
No Insper, o curso está completando 10 anos em 2025, sob a coordenação da professora Graziela Tonin, primeira mulher a liderar um curso de Engenharia no Insper. Graduada pela URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões), Campus de Erechim (RS), e mestre em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco, Graziela também é doutora pelo IME-USP, com intercâmbio na University of Maryland, nos Estados Unidos.
Para Graziela, o mercado está em plena expansão, exigindo cada vez mais profissionais preparados para atuar não só no desenvolvimento de novas tecnologias, mas também na manutenção e evolução das soluções que movem o mundo dos negócios.
Na entrevista a seguir, ela detalha as oportunidades para os engenheiros de computação, explica as diferenças entre Engenharia e Ciência da Computação, comenta os desafios de atrair mais mulheres para a área e destaca os diferenciais do curso do Insper, que busca formar profissionais completos — com competências técnicas e habilidades humanas, preparados para impactar positivamente o Brasil e o mundo.
Como avalia o mercado atual para Engenharia de Computação?
O mercado está superaquecido. A velocidade das transformações tecnológicas e a constante evolução de novos modelos de negócio e trabalho colocam esses profissionais no centro das mudanças. Segundo o Fórum Econômico Mundial, aproximadamente 40% da força de trabalho terá que desenvolver novas habilidades comportamentais e técnicas nos próximos anos, ressaltando a importância crescente dos engenheiros de computação nesse cenário. Em qualquer contexto que envolva hardware e software, a atuação desses engenheiros é indispensável, consolidando a tecnologia como um alicerce fundamental para o sucesso econômico e social. Por isso, o setor oferece perspectivas cada vez mais promissoras, tanto em termos de oportunidades profissionais quanto em valorização salarial.
Onde, na prática, estão essas oportunidades? Que setores mais contratam hoje?
No Insper, muitos alunos seguem para o mercado financeiro, por causa da forte conexão histórica da escola com esse setor. Contudo, as oportunidades vão muito além, Saúde, por exemplo, é uma área com muitas lacunas: desde diagnósticos com inteligência artificial até robôs para cirurgias minimamente invasivas. Também há as big techs — Google, IBM, Amazon, Dell — , que estão constantemente recrutando engenheiros de computação, assim como empresas brasileiras e startups para o desenvolvimento de produtos e serviços. Além disso, muitos seguem o caminho do empreendedorismo, criando startups voltadas à inovação tecnológica em diversos segmentos do mercado.
Ou seja, as oportunidades não se limitam às empresas de tecnologia.
Exatamente. O agronegócio, por exemplo, é um setor fortíssimo no Brasil e altamente tecnológico hoje. Temos agricultura de precisão, gestão inteligente de fazendas e o uso intensivo de análise de dados para a tomada de decisão estratégica. Outras áreas, como cibersegurança e mobilidade inteligente, também crescem muito, incluindo, por exemplo, projetos inovadores como veículos autônomos da Embraer. Além disso, o conhecimento adquirido no curso possui uma linguagem universal, o que possibilita atuar globalmente — muitas vezes, inclusive, de forma remota e recebendo em moedas fortes. A computação permite essa mobilidade, que é uma vantagem competitiva em relação a outras profissões.
Para os interessados em escolher um dos cursos, qual a diferença entre Engenharia de Computação e Ciência da Computação?
A Ciência da Computação concentra-se principalmente na lógica e teoria dos algoritmos e no desenvolvimento de software, abordando tópicos como estruturas de dados, teoria da computação e análise de dados. Já na Engenharia de Computação, além de aprendermos sobre desenvolvimento de software, estudamos também o desenvolvimento de dispositivos físicos, incluindo hardware, sistemas embarcados, circuitos eletrônicos e a integração entre esses elementos. Na prática, o engenheiro projeta tanto a inteligência dos sistemas quanto a arquitetura física que permite que eles funcionem, desde o design dos processadores até sua interação com aplicações em alto nível. É uma formação mais ampla, que combina teoria e prática, hardware e software, em uma abordagem integrada e multidisciplinar.
Em sua opinião, qual o perfil de estudante ideal para o curso de Engenharia de Computação?
Muita gente ainda pensa que é um curso só para quem gosta muito de matemática, mas isso é um equívoco. Computação vai muito além dos cálculos: envolve trabalho em equipe, gestão de projetos, comunicação e liderança. Ou seja, além das competências técnicas, desenvolvemos também as humanas. Se você já possui facilidade com soft skills, aqui vai aprimorar as habilidades técnicas. Se vem de uma base mais exata, terá oportunidade de fortalecer suas competências interpessoais. Queremos formar profissionais diversos, capazes de criar soluções inovadoras e inclusivas. Quanto mais variados forem os perfis, experiências e formas de pensar, mais criativa e relevante será a tecnologia que desenvolvemos.
E sobre a participação das mulheres na engenharia de computação, houve avanços nos últimos anos?
Infelizmente, os números ainda são baixos. No mundo, apenas 35% das alunas de graduação estão nas áreas de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), de acordo com a ONU. Em engenharia, essa taxa cai para algo em torno de 28%. No Brasil, em 2023, o número de alunas ingressantes em cursos de Engenharia era de 26%. Isso é reflexo de barreiras culturais profundas: desde a infância, meninas frequentemente são incentivadas a atividades que as afastam das ciências e das ciências exatas. Também faltam referências femininas na área, bem como o uso dessas referências como exemplos no ensino fundamental e médio, o que desestimula a continuidade na área. Mesmo as iniciativas de STEM nas escolas ainda são, muitas vezes, voltadas para temas mais atrativos aos meninos. E, com frequência, as poucas que escolhem essa graduação encontram ambientes universitários não muito acolhedores e cheios de desafios, sofrem microagressões relacionadas a gênero, têm poucas professoras mulheres, contribuindo para não se sentirem incluídas e pertencentes. Precisamos mudar esse cenário urgentemente.
O que diferencia o curso de Engenharia de Computação do Insper em relação a outros cursos disponíveis no mercado?
O Insper oferece uma proposta pedagógica alinhada às melhores práticas internacionais, inspirando-se em instituições renomadas como a Olin College of Engineering, nos Estados Unidos e fazendo parcerias com instituições que figuram entre as cinco melhores do mundo, como a Universidade de Illinois. Contamos com uma das infraestruturas mais modernas do país e certificações internacionais como a ABET. O curso é estruturado de modo que os alunos resolvam problemas reais desde os primeiros semestres, com projetos em parceria direta com empresas de renome nacionais e internacionais, interagindo e enfrentando desafios concretos do mercado. Nosso ecossistema forte e pujante permite aos estudantes acesso contínuo a conhecimento de ponta, oportunidades de estágio nas melhores organizações do Brasil e do exterior, um networking altamente qualificado e uma estrutura robusta para aqueles que desejam empreender. Trabalhamos com metodologias ativas, “mão na massa”, e com avaliações baseadas em feedbacksconstantes garantindo assim o desenvolvimento efetivo das competências desejadas. Também acompanhamos cuidadosamente a trajetória dos nossos alunos por meio de indicadores objetivos. Além da excelência técnica, investimos no desenvolvimento humano dos estudantes. Temos trilhas dedicadas às soft skills, liderança, comunicação eficaz e também empreendedorismo. O resultado são profissionais completos, capazes não só de se destacar no mercado, mas também de liderar transformações positivas, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento do Brasil e impactando positivamente o mundo.
Gostaria de destacar mais algum ponto?
Sim, estamos comemorando 10 anos dos cursos de Engenharia no Insper, e esta é a primeira vez que uma mulher coordena o curso de Engenharia de Computação. Isso reforça nosso compromisso com a diversidade e a evolução constante. Estamos sempre ouvindo alunos, ex-alunos, professores e o mercado para entender como podemos melhorar. Nosso propósito é claro: formar cidadãos e líderes que atuem para construir um mundo melhor. A inovação está no nosso DNA, e seguimos olhando para frente, atentos às mudanças necessárias para continuar entre os melhores cursos do mundo.