O Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper vai realizar, no dia 5 de agosto, na sede da escola, o evento Cidade +2°C: adaptação urbana, risco climático e financiamento em um mundo em aquecimento. A realização marca o lançamento oficial do programa Cidade +2°C, iniciativa que busca transformar a adaptação urbana às mudanças climáticas em pauta estratégica para o Brasil. A conferência de abertura será conduzida pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).
O Cidade +2°C integra-se às áreas de segurança pública e urbanismo social, os dois eixos transversais do Centro de Estudos das Cidades que são essenciais para enfrentar os desafios da transformação urbana. “Os painéis temáticos sobre adaptação, risco e financiamento são obrigatórios porque já saímos de um ponto no qual mitigação e prevenção não funcionarão mais face à reincidência dos episódios climáticos extremos”, diz Tomas Alvim, coordenador-geral do Laboratório Arq.Futuro do Insper. Diversos pontos de atuação serão discutidos com representantes das três esferas governamentais, da iniciativa privada, do mercado financeiro, do terceiro setor e da academia.
Na abertura, o presidente da COP30 abordará o papel das cidades no cenário internacional e a urgência da adaptação como prioridade política e institucional, com mediação de Alvim e de Hannah Arcuschin Machado, coordenadora-adjunta e pesquisadora principal do Cidades +2°C. “Corrêa do Lago é uma figura central no debate sobre os desafios do clima, num momento em que as mudanças geopolíticas têm influenciado nos rumos que já estavam pré-estabelecidos nos tratados internacionais”, afirma Alvim.
Adaptação, risco climático e financiamento são temas que convergem com a agenda da COP30, que vai ocorrer em novembro, em Belém do Pará. A cada um deles será dedicado um painel temático no encontro realizado no Insper. Para Élcio Batista, coordenador do programa Cidade +2°C, os governos não podem desprezar o impacto econômico e social dos eventos extremos. Sabe-se que um dos desafios globais é a mobilização de recursos, acima de 1 trilhão de dólares ao ano, para financiar a adaptação das cidades às mudanças do clima.
Neste mês de julho, enchentes devastaram parte do estado do Texas, nos Estados Unidos, causando a morte de pelo menos 120 pessoas, sendo três dezenas de crianças. As chuvas voltaram a desabrigar pessoas e causar tensão no Rio Grande do Sul, em junho passado, um ano depois da enchente histórica. Batista cita um estudo sobre o efeito sobre a Europa do resfriamento das águas do Oceano Atlântico, publicado na edição de junho de 2025 do periódico Geophysical Research Letters. As temperaturas no continente podem chegar a 40°C negativos no inverno, num mundo cada vez mais quente, se houver alteração nas correntes marítimas que levam calor para a Europa.
Invernos e verões mais rigorosos fazem parte do cenário desenhado pelas simulações de uma Terra com temperaturas 2°C superiores aos padrões pré-industriais. “Os modelos meteorológicos estão cada vez mais aperfeiçoados para nos dar indicadores do que, de fato, pode acontecer no planeta”, observa Batista. “Como a ciência mostra que esses extremos climáticos acontecerão se o aquecimento global persistir, é com esses dados que precisamos trabalhar para adaptar as cidades. O lançamento oficial do programa Cidade +2°C e o evento de agosto são duas iniciativas que demonstram como a agenda da adaptação urbana, do risco climático e do financiamento são muito importantes para o Insper.”
Em busca de evidências, um dos estudos do programa do Centro de Estudos das Cidades analisou os projetos de adaptação urbana no Brasil aprovados pela Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), órgão do Ministério do Planejamento e Orçamento. Segundo Batista, o material reúne dados sobre investimentos feitos nas cidades brasileiras de 2015 a 2024, período que abrange uma década do Acordo de Paris — o tratado internacional de limitação do aquecimento global. Alguns dos resultados serão apresentados no evento em São Paulo.
Outras novidades estão programadas para o segundo semestre deste ano. Na área de ensino e educação executiva, serão lançados cursos de temas relacionados ao programa Cidade +2°C. Também está em produção um documento sobre universalização do saneamento e obras de adaptação climática de Barcarena, município da região metropolitana de Belém. Esse é o primeiro de uma série de policy papers e policy briefs — textos com propostas e recomendações para especialistas em políticas públicas — do Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper.
Na opinião de Batista, os convidados do evento são pessoas que dominam a agenda e estão participando ativamente da construção da agenda climática no país, com presença em debates e fóruns nacionais e internacionais. “Estamos trabalhando intensamente para transformar o Cidade +2ºC numa referência no Brasil em termos de adaptação, risco e financiamento, porque são os temas prioritários do momento relacionadas com essa pauta”, complementa ele. “Nesse sentido, o evento de lançamento oficial tem a perspectiva de debater ideias e produzir conhecimento, consolidando o programa como um think tank relacionado ao tema de mudança climática em cidades.”
Confira aqui a programação completa de Cidade +2 °C: adaptação urbana, risco climático e financiamento em um mundo em aquecimento.