Estudantes intercambistas participam de atividade em Brotas (SP)
Durante o primeiro semestre de 2025, a disciplina Globalization and Sustainability, ministrada pelo professor Gustavo Carlos Macedo na trilha internacional do Insper, mobilizou alunos brasileiros e estrangeiros em torno de um desafio altamente relevante: identificar a melhor tecnologia sustentável que o Brasil poderia apresentar na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que acontecerá em Belém do Pará, em novembro deste ano.
Como trabalho final, os alunos foram organizados em grupos e convidados a elaborar um artigo científico e um relatório técnico respondendo à pergunta: “Qual é a melhor tecnologia sustentável para ser apresentada pelo Brasil na COP30?”. A tarefa exigia que os estudantes considerassem critérios como desenvolvimento e disponibilidade tecnológica, viabilidade de financiamento, transferência de conhecimento, envolvimento de stakeholders e impacto local com potencial global.
Com o apoio do diplomata Pedro Ivo — que estará presente na COP30 e participou da formulação dos critérios de avaliação —, foram selecionados os quatro trabalhos de maior destaque, que agora serão encaminhados à organização da conferência. A seguir, um breve resumo de cada um deles:
Autores: Hanna Fossberg, Pedro Bennecke, Manuela Amaral, Beatrice Minutelli e Maren Sæthre
O grupo defende o uso da tecnologia de Carbon Capture and Storage (CCS) como a alternativa mais promissora para reduzir emissões em setores industriais de difícil descarbonização, como cimento, siderurgia e petroquímica. A proposta ressalta o potencial do Brasil para liderar essa agenda, com base em sua capacidade geológica de armazenamento offshore e expertise da Petrobras. O trabalho também destaca os benefícios sociais e econômicos da CCS, como a geração de empregos de qualidade e a criação de créditos de carbono para pequenos produtores.
Autores: Sarah Miguel, Júlia Bolomini, Tiago Freire, Julian Géroudet e Romane Jalle
A proposta aposta na compostagem industrial de resíduos orgânicos como uma estratégia acessível, eficaz e socialmente inclusiva para reduzir emissões de metano provenientes de aterros sanitários. Combinando tecnologia simples com logística inteligente e parcerias com comunidades locais, o projeto prevê redução significativa de emissões, recuperação de solos e inclusão produtiva. Os autores defendem que a compostagem pode transformar um passivo ambiental em ativo regenerativo, colocando o Brasil como referência para países do Sul Global.
Autores: Lina Schott, Li-Ana Fayolle-Monnier, Louis De Baere, Fernando Thomé e Clarisse Gouttenoire
Este grupo propõe o desenvolvimento de um mercado de carbono lastreado em projetos de reflorestamento na Amazônia, integrando monitoramento por satélite, blockchain para rastreabilidade de créditos e gestão comunitária. A solução alia inovação tecnológica, inclusão social e preservação ambiental, com foco na valorização das comunidades indígenas e no combate ao desmatamento ilegal. O trabalho também aborda mecanismos de governança e financiamento para garantir a transparência e a viabilidade econômica da proposta.
Autores: Arnaud Colard, Carolina Maluli, Felipe Maluli, Gustavo Miyake e Muhammad Aqid Bin Samat
O grupo apresenta o hidrogênio verde como a tecnologia mais promissora para colocar o Brasil na vanguarda da transição energética global. Produzido a partir de fontes renováveis, o hidrogênio verde pode descarbonizar setores como aviação, transporte marítimo e indústria pesada. O relatório aponta vantagens ambientais, técnicas e econômicas, além de enfatizar a inclusão social e o alinhamento com os princípios de responsabilidades comuns, porém diferenciadas (CBDR), que orientam a diplomacia climática internacional.
Para o professor Gustavo Carlos Macedo, a iniciativa proporcionou aos alunos uma experiência de aprendizado real, com aplicação prática de conhecimentos, argumentação técnica e colaboração intercultural. “Os trabalhos demonstram o engajamento e a capacidade analítica dos estudantes diante de desafios globais complexos, reforçando o compromisso do Insper com a formação de lideranças preparadas para atuar com responsabilidade, inovação e impacto”, diz o professor.