Nos últimos anos, práticas de desinformação marcaram a história política brasileira, motivando estudos e debates sobre seu impacto em transformações recentes da democracia e sobre medidas de contenção de seus possíveis efeitos institucionais. Nesse contexto, a atuação judicial, principalmente em cortes superiores, se destacou como campo de disputa não só do escopo de direitos na seara digital, mas também de narrativas sobre o papel das tecnologias na formação da participação política. Essa atuação do Judiciário foi marcada pela tensão entre o seu papel como uma das instituições responsáveis por conter retrocessos democráticos e suas limitações para exercer e concentrar o escrutínio público e a própria definição de regras do ambiente de governança virtual.
Nesse cenário, esse workshop debateu o potencial e os limites da judicialização de problemas ligados a práticas de desinformação, com destaque para as suas consequências no processo eleitoral. Os painéis discutiram, entre outros temas: (i) o enquadramento legal da desinformação no Direito brasileiro; (ii) os limites e desafios institucionais da Justiça Eleitoral e do Judiciário em geral para lidar com essas práticas; (iii) o papel das tecnologias digitais na prática democrática e seu impacto sobre o exercício dos direitos políticos; (iv) as consequências de longo prazo – quanto à governança digital, ao processo eleitoral e à liberdade de expressão – da jurisprudência desenvolvida por tribunais superiores para lidar com a desinformação no contexto dos últimos anos.
14h00 às 14h15: Boas vindas e abertura institucional – Diego Werneck Arguelhes (Insper) e Clara Iglesias Keller (WZA Institute – Alemanha)
14h15 às 15h45: Eleições e desinformação no judiciário
Debatedora: Clara Iglesias Keller (WZA Institute – Alemanha)
Painelistas: Silvana Batini (MPF-RJ / FGV-Rio) |Natália Paiva| Chico Brito Cruz (InternetLab)
15h45 às 16h00: Coffee break
16h00 às 17h30: Consequência governança digital e o escopo da liberdade de expressão na jurisprudência brasileira
O painel propõe uma reflexão sobre os possíveis efeitos do desenvolvimento dessa jurisprudência para:
(i) o cenário de governança digital brasileiro, considerando o seu papel como um dos elementos que passa a influenciar comportamentos online
(ii) a identidade da jurisprudência de LibEx, considerando o escopo do direito dentro e fora do ambiente digital
Debatedor: Diego Werneck Arguelhes (Insper)
Painelistas: Clara Iglesias Keller (WZB Institute -Berlim, Alemanha) | Paulo Rená (UnB)| Ronaldo Porto Macedo (USP)
Líder de pesquisa em tecnologia, poder e dominação no Instituto Weizenbaum e no WZB Centro de Ciências Sociais de Berlim. Professora no IDP/Brasília. Doutora e mestre em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Autora do livro “Regulação nacional de serviços na Internet: Exceção, legitimidade e o papel do Estado” (LumenJuris, 2019).
Diego Werneck ArguelhesProfessor associado do Insper. É doutor em Direito pela Yale University, EUA, e bacharel e mestre em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Francisco Brito CruzDiretor executivo do InternetLab. Advogado, mestre e doutor pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP). Foi pesquisador visitante no Center for Study of Law and Society, da Universidade da Califórnia – Berkeley (2013). Foi membro da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de São Paulo (2019- 2020).