O Núcleo Celso Pinto de Jornalismo foi instituído pelo Insper em maio de 2021 a partir do diagnóstico de que a indústria do jornalismo como um todo, e precisamente a que trata de economia, negócios e investimentos, passa por uma crise estrutural grave em vários países, inclusive o Brasil.
A universalização da internet a partir da década de 1990 trouxe enormes benefícios para a sociedade como um todo e particularmente para o jornalismo, graças a novos recursos tecnológicos capazes de acelerar e melhorar muito as tarefas de captação, edição e disseminação de informações.
Mas ela também afetou dramaticamente as formas de sustentação econômica dessa indústria. Seu modelo de negócios baseado em venda de anúncios para grandes audiências se esfacelou com a concorrência das plataformas de mídias sociais e com novas estratégias de publicidade.
Em 2021, 47% da verba publicitária mundial foi para três empresas: Amazon, Google e Meta-Facebook. A maioria dos veículos jornalísticos “de legado” enfrentou enorme redução de faturamento publicitário e reagiu com cortes no tamanho do produto e nas equipes de redação.
Com isso, constata-se uma evidente piora na qualidade do jornalismo, que passou em grande parte a ser feito por pequenos times de profissionais, muitos deles inexperientes e mal remunerados.
A pandemia agravou ainda mais a situação. Diversos veículos jornalísticos tiveram de encerrar suas atividades. Segundo o Atlas da Notícia do Instituto Projor, em 2021 59% dos municípios brasileiros não tinham veículos jornalísticos locais.
A maioria dos brasileiros atualmente se informa por meio das redes sociais, que embora possam ser um ambiente eficaz de compartilhamento de notícias e análises sérias e confiáveis, também abrigam vetores de desinformação, rumores, falsidades, notícias fraudulentas, muitas vezes não identificadas por grandes parcelas do público. Efeitos nefastos desse processo afetam o ambiente de negócios e a segurança de inúmeras empresas.
Especificamente no Brasil, há uma especialidade do jornalismo que está em crescimento: a das informações sobre o mercado financeiro, devido ao aumento do número de pessoas físicas que ingressam no mercado de capitais.
Portanto, é do interesse das empresas, dos mercados e dos cidadãos que o público seja bem informado por fontes sérias e responsáveis. O jornalismo tem um papel importante para que isso possa ser feito, e ele precisa ser apoiado para poder desempenhá-lo bem. É a isso que se propõe o Núcleo Celso Pinto.
São objetivos do Núcleo: aperfeiçoar o jornalismo que cobre temas de economia, finanças e negócios no Brasil e, com isso, melhorar a qualidade do debate público sobre esses assuntos no país e gerar conhecimento sobre técnicas, práticas e efeitos do jornalismo econômico.
Para tanto, são seus eixos de ação: o apoio ao jornalismo (por meio de produtos e iniciativas para ajudar profissionais a aperfeiçoarem seu trabalho); a geração de conhecimento (com pesquisas originais sobre aspectos diversos da prática do jornalismo econômico e seu impacto na sociedade); o fomento do debate público (com eventos e produtos sobre jornalismo econômico); e a preservação da memória (com a ampliação de acesso a pesquisadores ao conteúdo de importantes veículos do jornalismo econômico brasileiro do passado).
O Núcleo é batizado em homenagem a Celso Pinto (1953-2020), principal jornalista brasileiro de sua geração na área de economia e finanças, criador e diretor do “Valor Econômico” e, antes, repórter, colunista e correspondente da “Gazeta Mercantil” e da “Folha de S.Paulo”.
O primeiro projeto de pesquisa do Núcleo Celso Pinto, sobre a história do jornal “Gazeta Mercantil”, foi viabilizado graças à generosa doação das seguintes pessoas: