As vendas do varejo no Dia das Mães ficaram abaixo das expectativas este ano. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), as vendas a prazo caíram 3,55% em relação ao ano passado. Em 2013, as vendas aumentaram 6,44% ante o ano anterior. O SPC fez um levantamento do volume de consultas antes da venda, entre 4 e 10 de maio.
A Boa Vista Serviços e a Serasa Experian mostraram resultados menos pessimistas, de crescimento de 2,7% e 2,9%, respectivamente. Apesar disso, a alta aponta uma desaceleração do comércio varejista, já que o aumento deste ano foi menor que o do ano passado, quando a Boa Vista mostrou variação positiva de 4,5% e a Serasa, de 5,3%.
As duas empresas trabalham com pagamentos a prazo e à vista, e o dado de crescimento também é baseado no volume de consultas, mas entre 5 e 11 de maio.
Para o professor do Insper, Silvio Laban, a diferença de resultados entre as três empresas se deve a divergências metodológicas. A variação de períodos analisados e o fato de o SPC só levar em conta as vendas a prazo são fatores importantes.
O dado do SPC foi decepcionante até mesmo para a instituição, que projetava alta de 2,5% das vendas, afirma Luiza Rodrigues, economista-chefe do SPC Brasil. Ela pondera que, apesar de pior que o esperado, o resultado reflete o desaquecimento econômico. Luiza coloca o desempenho ruim na conta da alta de juros, que afeta mais intensamente as vendas a prazo. “As vendas de supermercados são bem menos afetadas”, observa.
Os dados de crescimento do varejo registrados pela Boa Vista também vieram abaixo da expectativa, em torno de 3% de aumento. Contudo, o economista da instituição, Flávio Calife,disse que isso é normal e ressaltou que, apesar da desaceleração, o comércio no Dia das Mães ainda cresce. Já o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, acredita que a desaceleração se deve tanto à inflação mais alta, que reduz o poder de compra, quanto ao custo do crediário.
Para o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ulysses Reis, além dos preços, a data sofreu com os feriados próximos. Segundo ele, as pessoas gastaram mais do que podiam com as folgas, o que acabou reduzindo o dinheiro para gastar no presente para a mãe. Reis também considera relevante o aumento da importância do 12 de junho. “Desde 2005, a proporção de compras no Dia das Mães vem caindo em relação ao Dia dos Namorados”. Ele diz que isso se deve à duplicidade da compra, já que quem presenteia também receberá um presente em troca.
Fonte: O Estado de S. Paulo – SP – 13/05/2014