09/05/2022
Criado em 2022, o pilar de Fintechs do Comitê Alumni de Tecnologia do Insper busca ser um espaço de troca de experiências e de debates sobre novas tendências
Fabiano de Melo Ferreira*
Iniciativa surgida há alguns anos, os Comitês Alumni do Insper representam um importante espaço para a reunião de profissionais de altíssima qualificação, e de experiências diversas, destinado à troca de conhecimentos e à realização de discussões sobre temas de interesse da sociedade, do meio acadêmico e do mercado [1].
Um desses Comitês é o de Tecnologia, composto por ex-alunos do Insper com diversas formações e atuações profissionais, que desde 2019 têm realizado eventos e podcasts sobre temas de interesse do setor [2]. Em 2022, o Comitê Alumni de Tecnologia resolveu criar quatro pilares específicos: Fintechs e Healthtechs; Tecnologia e Valuation; Dados, Blockchain e NFT; e Metaverso e Business.
Sob o pilar de Fintechs e Healthtechs há, naturalmente, uma infinidade de temas a serem debatidos, materiais a serem criados, eventos a serem realizados. Isso se torna ainda mais evidente no âmbito das Fintechs, considerando o atual momento de implementação do Open Finance — ou Sistema Financeiro Aberto — no Brasil.
Com base em experiências já adotadas em outros países — em especial, o modelo de Open Banking adotado pelo Reino Unido a partir de maio de 2018 —, o Banco Central do Brasil publicou em 24 de abril de 2019 o Comunicado nº 33.455, conceituando o Sistema Financeiro Aberto como “compartilhamento de dados, produtos e serviços pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas, a critério de seus clientes, em se tratando de dados a eles relacionados, por meio de abertura e integração de plataformas e infraestruturas de sistemas de informação, de forma segura, ágil e conveniente”.
A partir de então, o Banco Central publicou diversas normas com o fim de disciplinar o Sistema Financeiro Aberto, que teve sua implementação efetiva iniciada em 1º de fevereiro de 2021, sob a denominação de Open Banking, e que pretende ser concluída até 30 de setembro de 2022, agora sob a denominação de Open Finance.
O sucesso desse modelo depende fundamentalmente da inovação das instituições autorizadas pelo Banco Central e das fintechs em geral, uma vez que tal sucesso será medido pelo número de usuários, que, por sua vez, dependerá das soluções a serem oferecidas pelo mercado. E tratando de inovação, é claro que as fintechs encontram um espaço promissor de crescimento, já relevante nos últimos, mas que poderá se tornar ainda maior em um futuro próximo.
Essa inovação, porém, dependerá de profissionais qualificados, de diversas formações. Matéria publicada pelo jornal Valor Econômico no dia 2 de maio de 2022 indica que o Open Finance provocou um aumento de quase 40% por profissionais qualificados em diversas frentes, como estratégica, analytics, tecnologia, produtos digitais e regulação e dados, sempre sob a ótica de entendimento do cliente, do mercado em termos de competição e das tendências de regulação em pagamentos, crédito e outros produtos.
Assim, a demanda por essas qualificações, e por espaços que promovam trocas de conhecimento e de experiências sob a ótica de um Sistema Financeiro Aberto, será crescente, tendo as fintechs como players centrais nesse contexto, sejam elas de crédito, pagamentos, gestão financeira, seguros, câmbio, investimentos ou cripto, entre outras modalidades possíveis.
E, por sua natureza, essas discussões não poderão limitar-se a um enfoque específico, devendo unir profissionais de diversas formações, no âmbito financeiro, tecnológico e jurídico, essencialmente, para promover soluções que, de fato, sejam voltadas ao melhor interesse do mercado e da sociedade como um todo. Sejam questões relacionadas à viabilidade financeira e mercadológica de produtos, sejam ligadas à adoção das melhores tendências tecnológicas ou à observância de requisitos regulatórios mínimos, esse debate não pode deixar de ser multidisciplinar.
É nesse contexto que iniciativas como a do Comitê Alumni de Tecnologia do Insper se tornam essenciais, considerando que, se por um lado, a academia tem muito a oferecer ao mercado, por meio da formação de profissionais e pesquisas, por outro, esses profissionais, quando já atuantes no mercado, têm muito a contribuir entre si, em termos de conhecimento e experiências.
É por essa razão que todos os leitores que sejam ex-alunos do Insper são convidados a participar no Comitê Alumni de Tecnologia, sugerindo iniciativas, debates e estudos que sejam do interesse de todos.
* Fabiano de Melo Ferreira é alumnus do LL.M. Direito do Insper, turma de 2017, e coordenador do pilar de Fintechs do Comitê Alumni de Tecnologia. É advogado e professor, sócio da área de Fintechs do Baptista Luz Advogados, e membro efetivo da Comissão de Direito do Mercado Financeiro do Instituto Brasileiro de Direito Empresarial (Ibrademp). Foi um dos monitores responsáveis pelo Centro de Estudos do Mercado Financeiro e de Capitais da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Tem atuação profissional e acadêmica de 15 anos em temas relacionados à regulação do mercado financeiro e de capitais.
[1] Mais informações sobre esses Comitês podem ser obtidas no site https://www.insper.edu.br/comites-alumni/.
[2] Os podcasts estão disponíveis no Spotify, na página do Comitê Alumni de Tecnologia do Insper.