Promessas em transporte, educação e saúde deverão ser as primeiras tarefas a cumprir do prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), no prazo de cem dias após assumir o gabinete municipal deixado por Gilberto Kassab (PSD), segundo especialistas. Embora curto, o período é simbólico para novos governos, que logo podem mostrar eficiência na execução de projetos ou, ao contrário, sofrer desgaste nos índices de popularidade ao não corresponder aos anseios mais urgentes do eleitor. Propostas para melhorar a gestão dos transportes, uma das áreas mais críticas da capital paulista podem ser o primeiro sinal verde ou vermelho para o novo prefeito. Desta forma, a implementação do bilhete único mensal e o fim da taxa de inspeção veicular estariam no topo da lista de prioridades de Haddad. Ele terá, ao menos, que anunciar um prazo de implementação do novo modelo de cobrança do bilhete, e do fim da taxa, afirma Aldo Fornazieri, cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e um dos coordenadores do plano de governo petista. Segundo ele, o prazo também é suficiente para a Prefeitura definir metas para a construção de 300 quilômetros de corredores e faixas exclusivas de ônibus na cidade. Para Wagner Iglecias, professor de ciência política da USP, as duas promessas sobre mudança de custos no transporte coletivo e individual, o que obrigará a criação de novos subsídios para as empresas de ônibus podem ser delicadas para a nova administração dentro da Câmara de Vereadores em relação ao orçamento municipal, de R$ 42 bilhões no ano que vem. A expectativa do eleitor é que tais providências sejam tomadas em até 60 dias. São medidas simbólicas e quase imediatas, observa Carlos Melo, professor de ciência política do Insper. Educação e saúde, por sua vez, entram no primeiro pacote de medidas com posições de Haddad sobre como implementar o ensino integral nas escolas públicas e mudanças na qualidade do atendimento dos postos de saúde. São grandes anúncios que tiveram repercussão popular durante a campanha, ressalta Fornazieri. Ele coloca ainda como “prioridade zero” dos cem dias a intensificação dos serviços de zeladoria urbana, reformas na iluminação pública, além da limpeza de ruas e bueiros. Uma melhor varrição da cidade a partir de janeiro seria outra medida urgente a fim de tentar minimizar os prejuízos com a temporada de chuvas. É uma oportunidade para o prefeito mostrar proatividade e mudança de atitude para com a cidade, completa ele. Para Melo, as chuvas de verão serão um desafio para a capacidade de gerenciamento de Haddad, que mostrará quanto do ônus com as previsões do tempo na capital paulista poderá ser diminuído pela sua gestão. Depois de cem dias, imprensa e analistas já começam a se perguntar o que foi feito pela administração, conclui Melo. Antes da posse, Haddad já adiantou, em Brasília, outro tema recorrente em sua propaganda eleitoral: a renegociação da dívida do município com a União hoje calculada em R$ 48 bilhões. Isso não é um problema fácil, e sem uma solução de curto prazo, ressalva Fornazieri.
Brasil Econômico – SP – 28/12/2012