O empresário Eduardo Cavendish, 29, investe em Bolsa há seis anos e está sempre em busca de novos modelos de análises de ações para evitar ao máximo perder dinheiro. Em 2012, descobriu pela internet um que avalia o grau de estresse na Bolsa nos períodos que antecedem crises, mas com um detalhe: baseado na análise de terremotos. “A princípio, estranhei, pois não conseguia enxergar ligação entre uma coisa e outra. Mas depois obtive bons resultados e passei a usar o sistema constantemente.” Desenvolvido pelo matemático Marco Antonio Caetano, do Insper, em parceria com Takashi Yoneyama, do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), esse sistema é conhecido como IMA (Índice de Mudanças Abruptas).
Ele se baseia nas frequências percebidas no mercado e que nem sempre aparecem nas análises dos especialistas de corretoras. Editoria de Arte/Folhapress São dois tipos de frequências: as baixas, que são tendências de longo prazo, e as altas, que são as negociações diárias -se o tempo estiver sendo medido em dias.
“Sempre há um estresse típico que antecede movimentos bruscos para baixo ou para cima”, diz Caetano. “O mercado fica nervoso e frenético, fazendo com que as frequências das negociações oscilem muito rapidamente próximo de um patamar, que é o preço que os investidores acham adequado.” A ferramenta identifica essas frequências e, quando há alteração, aponta. É o mesmo mecanismo dos sismógrafos -aparelhos utilizados para identificar as movimentações das placas tectônicas, que dão origem aos terremotos. O IMA é composto por um índice que vai de 0 a 1: quanto mais perto de 0, melhor é o momento para comprar ações; quanto mais perto de 1, maiores são as chances de que a ação não suba mais, com probabilidade de “crash” (queda).
Embora seja apontado como útil, usuários do IMA ressaltam que a ferramenta tem pontos a serem melhorados. “Um deles é o alerta de venda. Ele indica o ponto que está esgotando a alta do papel, mas não mostra quando é a hora de vendê-lo”, afirma Cavendish. Outra ressalva é que a ferramenta hoje acompanha apenas o Ibovespa, principal índice da Bolsa, e mais nove ações: as preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) de Petrobras, Vale, Usiminas, Gerdau e Itaú Unibanco e as ordinárias (menos negociadas e com direito a voto) de BM&FBovespa, Banco do Brasil, Cielo e PDG.
De acordo com os desenvolvedores do IMA, a ferramenta tem 89,3% de acertos desde a sua criação, em 2004. O sistema é disponibilizado na web: www.mudancasabruptas.com.br, com custo de R$ 110 por mês. CUIDADOS O educador financeiro Mauro Calil, da Academia do Dinheiro, afirma que, independentemente do modelo de análise das ações utilizado, o investidor deve ter em mente que as aplicações em Bolsa envolvem risco.
“O ideal é que o pequeno investidor não faça suas aplicações com base em um único instrumento de análise.”
Fonte: Folha de S. Paulo – 09/12/2013