19/03/2013 – Brasil Econômico
Por Marcelo Nakagawa – Professor e coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper
Quem nunca pensou em ser dono do próprio nariz e abrir um negócio próprio? Para estas pessoas, Walt Disney gostava de dizer que tudo tinha começado com um homem, um sonho e um rato.
Para os donos de seus narizes e os que querem ser, algumas lições de quem transformou sonhos em realidade.
Seu problema pode ser o de muita gente! Quantos problemas você enfrenta agora? Um dos problemas da Sra. Bentz, de Dresden, Alemanha, era limpar a sujeira do preparo do café.
Inconformada, fazia experimentos em casa. Criou um filtro de café com toalhas de linho, mas eram caras. Tentou várias coisas até pegar folhas de papel do caderno do seu filho para fazer um coador. A experiência deu certo e Melitta Bentz registrou a patente do coador de papel.
Três anos depois, em 1911, os filtros Melitta já eram encontrados em 150 países.
Mas um século depois, em 2009, o problema da Daniele Kuipers era outro: arranjar uma empregada doméstica e uma babá.
Não precisou fazer muita pesquisa para notar que muita gente tinha o mesmo problema. E assim nasceu a Casa & Café, hoje a maior empresa de empregos domésticos do Brasil.
Cliente gosta de ser mimado! Não importa se você se sua empresa é multinacional ou fundo de quintal. David McConnell tinha apenas 16 anos e vendia livros porta-a-porta. Criativo, ficava pensando em formas para aumentar as vendas.
Pensou em dar um brinde a cada livro vendido e escolheu brindar seus clientes, a maioria mulheres, com amostras de perfumes de violetas, rosas e lírios. As mulheres ficavam encantadas e as vendas aumentaram.
Mas muitas passaram a querer comprar só os perfumes a tal ponto que McConnell abandonou os livros e começou a fabricar perfumes em sua casa, dando início a California Perfumes Company.
Hoje a empresa tem mais de 120 anos, fatura cerca de US$ 9 bilhões e se chama Avon, mas ainda podemos aprender muito com a lição do jovem vendedor de livros.
Pegue carona em quem já está fazendo sucesso! Era uma tarde chuvosa na cidade de Boulder, EUA, e Sheri Schmelzer pensava em o que fazer para entreter seus três filhos pequenos.
Estavam todos na sala quando a filha mais velha trouxe sua caixa em que havia muitos penduricalhos decorativos. Despretensiosamente, Sheri pegou um chinelo Crocs de algum dos seus filhos e encaixou uma pequena flor de seda vermelha em um dos buracos do calçado. Todos gostaram e passaram a encaixar penduricalhos em seus próprios Crocs.
Quando seu marido chegou, ao entrar e ver todos com seus Crocs decorados, só disse que deveriam manter aquilo em segredo até obterem a patente da ideia. Pouco mais de um ano depois, em 2006, a Jibbitz, empresa fundada pelo casal Schmelzer foi vendida para a própria Crocs US$ 20 milhões.
Um ano depois, o iPhone da Apple foi lançado e se tornou um sucesso histórico. Vários empreendedores pegaram carona no “telefone” de Steve Jobs, e o paulista Guilherme Schvartsman foi um deles. Criador do Ant Smasher, o aplicativo para matar formigas que aparecem na tela se tornou milionário com um sonho e… formigas.
Mas de todas as lições a de Walt Disney é a mais importante. Quando o sonho de abrir um negócio próprio bater sua porta, quem irá abri-la? Um homem ou um rato?