Apesar das tensões geopolíticas, pesquisadores dos dois países trabalharam juntos, em 2020, em cinco vezes mais publicações sobre inteligência artificial do que em 2010
Bernardo Vianna
Milhares de trabalhos são publicados, anualmente, no campo da inteligência artificial, seja em conferências, seja em periódicos acadêmicos ou em repositórios de código aberto na internet. De acordo com o Artificial Intelligence Index Report 2022, da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, essa abertura é uma característica particular da pesquisa e do desenvolvimento em IA: pesquisadores compartilham seus achados e desenvolvedores trabalham utilizando bibliotecas de código aberto disponíveis para toda a comunidade.
“Essa abertura também contribui para a natureza interconectada e globalmente interdependente da pesquisa e do desenvolvimento modernos no campo da inteligência artificial”, diz o relatório de Stanford. “A colaboração cruzando fronteiras é um componente-chave do desenvolvimento em STEM (sigla em inglês para a área que compreende ciência, tecnologia, engenharia e matemática) e acelera a disseminação de novas ideias e o crescimento das equipes de pesquisa.”
Ao observarmos os dados dos últimos 12 anos de colaboração em publicações científicas sobre inteligência artificial, o número de parcerias entre autores da China e dos Estados Unidos imediatamente se destaca. O número de trabalhos assinados conjuntamente por autores dos dois países tornou-se cerca de cinco vezes maior, em 2020, do que era em 2010. Em 2021, embora a quantidade de trabalhos publicados tenha diminuído, ainda foi mais de duas vezes e meia o número de colaborações entre a China e o Reino Unido, a segunda parceria mais prolífica no campo da inteligência artificial.
O Brasil ainda está distante do mesmo volume de publicações das parcerias entre China e países do Norte Global, mas mantém importantes colaborações internacionais na produção de conhecimento sobre inteligência artificial. Os pesquisadores brasileiros costumam colaborar, em especial, com seus colegas de Reino Unido, Austrália, Estados Unidos, México e Bélgica. A China é o 12º país com o qual os brasileiros mais colaboraram entre 2010 e 2021.