Em busca de alto desempenho, as empresas têm investido cada vez mais em medidas para aumentar a confiança e colaboração em suas equipes
Segurança Psicológica é a forma como são designados os indicadores de conforto e abertura para que haja um ambiente saudável e respeitoso entre os membros de uma empresa. Essa estratégia busca tornar os locais de trabalho mais produtivos a partir de um espaço cada vez maior dentro das equipes para a troca de opiniões, sem que haja medo de punição em caso de erro.
A promoção da segurança psicológica é considerada um alicerce central para equipes de alto desempenho. Isso envolve promover uma cultura na qual todos possam propor ideias e se arriscar, sem medo de julgamentos, aprendendo coletivamente a partir das trocas de experiências.
Os resultados positivos de se aplicar a segurança psicológica no trabalho são comprovados. Matéria divulgada no site da Exame mostra que o Google, em pesquisa interna, constatou que a segurança psicológica era a característica mais marcante dos grupos altamente produtivos. Os colaboradores dessas equipes se arriscavam mais e se colocavam mais em vulnerabilidade, tornando os processos mais eficientes.
Para Mara Behlau, professora de comunicação para negócios e relações interpessoais do Insper e especialista em dinâmicas de grupos, é fundamental criar espaços de feedback livres de julgamento, tanto para líderes quanto para os outros colaboradores. “Se eu acho que serei penalizado por falar de algo que posso contribuir ou mudar, isso significa que meu local de trabalho não está me dando segurança psicológica.”
SIPAT 2020
Entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro, o Insper realizou a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT), que aconteceu remotamente pela primeira vez, por meio de encontros on-line. Mara Behlau foi convidada para falar, no evento, sobre a importância da segurança psicológica com base em conceitos da neurociência.
A professora explicou que nosso cérebro permanece constantemente avaliando o ambiente em busca de ameaças e isso se aplica também ao ambiente de trabalho. “Nosso cérebro se sente ameaçado quando algo acontece e não temos certeza dos resultados, não temos autonomia para agir ou quando nos sentimos injustiçados.”

Além disso, em um ambiente seguro, os colaboradores saem das zonas de apatia, conforto e ansiedade e podem atingir uma zona de aprendizado. “É importante entender que o trabalho é um processo de aprendizagem coletivo, no qual todos podem errar”, disse Mara. “Existem diversos tipos de erros e acertos possíveis e é preciso ter segurança psicológica para poder falar sobre isso”
A pandemia do novo coronavírus trouxe mais um desafio para essa busca por repensar formatos de trabalho que sejam mais saudáveis e nos quais exista abertura de diálogo entre os colaboradores. “Abrir canais seguros para feedback e troca é fundamental em uma situação remota, pois, por si só, esse modelo já gera ansiedade e preocupação nas pessoas”, completa Mara.
Segurança Psicológica se estende ao ambiente acadêmico
Os conceitos da segurança psicológica não são exclusivos dos locais de trabalho e espaços corporativos. Dentro do ambiente acadêmico, também é importante reforçar a abertura para o diálogo e o espaço para críticas e erros como forma de reforçar o aprendizado.
A relação entre alunos e professores deve ser permeada por uma abertura para críticas e feedbacks construtivos sobre as aulas e atividades. Nesse sentido, dentro do Insper foi criado o MultiInsper, espaço para o aconselhamento socioemocional e suporte psicológico aos alunos. Nele, é possível dialogar de forma aberta sobre os problemas e dificuldades encontrados na trilha acadêmica.
Para Sérgio Carvalho e Silva, gerente do MultiInsper, é muito importante legitimar e reconhecer os sofrimentos e dificuldades dos outros para o melhor desempenho pessoal. “Deixando de lado os julgamentos e a busca compulsiva por culpados, poderemos abrir espaço para auto escuta e encontrar um sentido conjunto para prosseguir aprendendo.”
“E, independentemente da dimensão da sua dor, lembre-se sempre de que você não está sozinho”, completa Sérgio.