São Paulo já pesa ônus e bônus para a campanha
Petistas admitem preocupação com medidas impopulares de Haddad, enquanto tucanos querem melhorar imagem de eficiência
Legendas como PSDB, PT e PMDB já arregaçam as mangas com vistas à sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do Estado de São Paulo. O estágio atual é embrionário e visa avaliar os ônus e os bônus que poderão ser explorados e, paralelamente, objetivam a construção das chapas.
No seio do governo Alckmin, o projeto é construir uma chapa com o PSB de modo a dar maior tempo de TV ao tucano em detrimento da oposição.
A construção da chapa tucana, no entanto, está ameaçada com o ingresso de quadros da Rede Sustentabilidade no PSB. Estes pregam a candidatura própria e tentam emplacar a candidatura do deputado federal Walter Feldman. O presidente estadual do PSB, Márcio França, no entanto, dispara que se a proposta de união com Alckmin for levada a voto, será vencedora.
No que se refere à imagem, os tucanos apostam no discurso da eficiência em áreas como saúde e transportes. Seja em spots de televisão em horário nobre, seja em eventos oficiais, Geraldo Alckmin não abre mão do corpo a corpo e tem vendido como marca de seu governo os investimentos em sete obras simultâneas no transporte sobre trilhos e ações para aumentar o número de postos de atendimento, a carga horária os salários dos profissionais de saúde. O governador, por exemplo, trabalha para até o final do ano apresentar mudanças na legislação estadual para garantir aos profissionais de medicina estaduais – e adiante a todos os servidores da pasta- um plano de carreira com novas carga horária de trabalho e benefícios por tempo de serviço. O texto prevê também bônus aos profissionais que atuarem nas periferias numa resposta ao Mais Médicos, do governo Dlima Rousseff e do provável adversário na disputa, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Ônus petista
Um deputado estadual do PT, que pediu anonimato, manifestou à reportagem do DCI preocupação com os impactos da gestão Fernando
Haddad (PT) na prefeitura da capital paulista na construção de uma candidatura do partido à sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB).
Para parlamentar, o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (lPTU) recentemente aprovado pela Câmara dos Vereadores terá um efeito negativo sobre qualquer postulação petista nas eleições de 2014.
O parlamentar reclamou ainda que Haddad se encastelou no poder e governa “como se fosse Deus” sem consultar o partido.
O reajuste do imposto será 20% superior para imóveis residenciais e de 35% para imóveis comerciais.
A reportagem do DCl tentou contato com a presidência estadual do partido, mas até o fechamento desta edição o deputado Edinho Silva, que preside a legenda não respondeu.
O PT local espera confirmar a eleição do ex-prefeito de Osasco, Emídio de Souza à presidência regional no próximo final de semana para articular com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma agenda com o futuro candidato.
Repercussão
O cientista político do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, Humberto Dantas minimiza a aflição do petista em torno do prejuízo que Haddad possa gerar nas ambições de uma candidatura petista ao governo estadual e adverte para um esgotamento do PSDB.
“Não acho que esse deputado tenha razão. Acho que o eleitor vai se pautar muito mais na lógica nacional para avaliar o candidato do PT na eleição para governador do que pela lógica do Haddad. É normal que governantes tomem medidas impopulares. Se você for governar (o município de) São Paulo só pelas eleições de 2014, a gente pode ficar com a impressão de que não existe prefeito na cidade”, aponta Dantas.
Para o cientista, não é possível afirmar que Fernando Haddad desde já é o “pior prefeito da história de São Paulo. Eu acho que, muito mais do que queimar o candidato Padilha, vale mais a lógica do governo federal do que a lógica do governo (da cidade) de São Paulo. A gente tem que considerar em primeiro lugar que (o estado de São Paulo) pode dar sinais, não estou dizendo que está dando, de um esgotamento da presença do PSDB no estado”.
Humberto Dantas argumenta que os 20 anos do PSDB à frente do governo estadual geraram não apenas desafios, mas igualmente omissões importantes.
“Se o Haddad. por um lado, pode queimar as expectativas do PT com aumento de IPTU e coisas desse tipo, o governo do estado também carrega consigo falhas razoáveis como por exemplo na segurança, na forma como tratou as questões ligadas aos manifestos, a atuação da Policia Militar é contestável. A gente tem que falar da questão da corrupção, tem algo a ser respondido que é a questão da Alstom/Siemens”, flagra o especialista.
Força emergente
Outro tutor reconhecido por Humberto Dantas é a renovação do PMDB local e a ofensiva do vice-presidente Michel Temer em tentar eleger ao governo estadual o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf, que se filiou à legenda no ano passado. “Na eventualidade de uma disputa de segundo turno contra o PSDB, coisa que não aconteceu nas últimas duas eleições, agente teria muito provavelmente uma chapa forte da junção entre PT e PMDB”, prevê.
Fonte: DCI – SP
Data: 05/11/2013