As bolsas americana e brasileira tiveram exatamente o mesmo resultado até meados de agosto. Só que com o sinal trocado. O Ibovespa acumulava uma queda de 16%, enquanto o S&P 500 subia 16% no ano. Essa diferença chamou a atenção para os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) não patrocinados. Por meio da compra de BDRs, o investidor pode adquirir na bolsa brasileira, pagando em reais, ações de empresas americanas como Apple, Google, Disney, Starbucks e 3M. É uma maneira de comprar ativos no exterior sem ter de abrir uma conta lá fora sem a necessidade de fazer operações de câmbio. O volume de BDRs não patrocinados negociados de janeiro a julho já é 127% maior do que em todo o ano passado. A valorização dos papéis também chama a atenção. Em 2013, até 20 de agosto, o BDRX, índice que mede o desempenho dos BDRs, subiu 35,1%.
Pelas regras da CVM, para comprar diretamente BDRs é preciso ter ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras. Para quem não tem tanta bala na agulha a alternativa é investir por meio de fundos. A restrição, nesse caso, cai para R$ 300 mil. A Bradesco Asset Management (Bram) e a Caixa Econômica Federal oferecem fundos de ação compostos por BDRs com aplicação inicial de R$ 10 mil. O investimento é de alto risco. Além das oscilações da bolsa, há também a exposição à flutuação do dólar, já que o preço dos ativos em real varia de acordo com a cotação da moeda americana. A variação cambial, no entanto, pode ser positiva. “Os BDRs atuam como uma forma de proteção à alta do dólar, afirma Sérgio Bini, gerente nacional da Caixa. Joaquim Levy, diretor superintendente da Bram, aponta outra vantagem. “Na bolsa americana, são negociados papéis de setores sem representatividade no Brasil, como o de tecnologia e entretenimento. É uma maneira de diversificar.”
A dúvida agora é se a bolsa dos EUA continuará a subir depois da escalada dos últimos meses. Há quem duvide. “Geralmente, quando todos estão correndo para um investimento, é hora de sair dele”, diz Michael Viriato, professor de finanças do Insper.
Fonte: Revista Época Negócios – SP
Data: 01/09/2013