Luciana Ferreira
Professora no Insper
No dia 10 de dezembro, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo concretizou uma iniciativa inédita e, sobretudo de relevância para a gestão da diversidade nas empresas.
A secretária Linamara Rizzo Battistella entregou o 1º Prêmio “Melhores Empresas para Trabalhadores com Deficiência”. Como fiz parte da comissão julgadora preciso confessar meu orgulho por fazer parte dessa iniciativa. Porém, o que me faz escrever a respeito é o orgulho pelo engajamento de pessoas e empresas em torno da inserção de deficientes no mercado de trabalho.
Cerca de 50 empresas participaram do prêmio e cada uma delas traz exemplos importantes de práticas de gestão voltadas para a inserção da pessoa com deficiência. Destas, 10 empresas foram selecionadas como finalistas.
O que chama atenção nessas empresas? Elas tratam o gerenciamento da diversidade como parte da gestão estratégica de pessoas e, ao mesmo tempo, como parte da inserção delas, como empresas, no contexto socioeconômico. São empresas que sabem que suas operações são dependentes das condições que encontram no contexto no qual operam. Dessa forma, sabem que parte do seu sucesso e desenvolvimento depende diretamente do desenvolvimento do seu entorno. Essas são empresas que além de modelos de práticas e políticas de trabalhadores com deficiência, são exemplares na gestão estratégica dos seus negócios.
A maior parte das empresas é tão boa quanto exige o ambiente institucional no qual operam. Isso talvez explique porque tantas empresas, ao serem questionadas sobre a inserção de pessoas com deficiência nos seus quadros funcionais, sejam tão rápidas em afirmar que “sim, estamos preocupados com a temática e cumprimos a cota”.
Há ainda uma parcela de empresas que, além de cumprirem a cota, preocupam-se também com questões de acessibilidade e gestão de pessoas. E ainda há aquelas que fazem da gestão da diversidade e da inclusão social uma dimensão estratégica do negócio. Essas empresas acreditam que não só fazem parte desse ambiente institucional, mas são capazes de influencia-lo.
Ao propor, desenvolver e adotar práticas e políticas de gestão que impactam positivamente o negócio e, ao mesmo tempo, trazem externalidades positivas para seus diversos stakeholders, tais empresas reconhecem a interdependência que existe com esse ambiente institucional e protagonizam mudanças que o fazem melhor e mais inclusivo.
Fonte: Brasil Post Online – 12/12/2014