15/12/2015
Impeachment começa a ser travado nas ruas
Manifestantes a favor do afastamento de Dilma fazem atos no Distrito Federal e em 26 estados. Na quarta-feira, movimentos ligados ao PT saem em defesa da presidente
Em todo o país, pessoas vestidas de verde e amarelo ocuparam as ruas para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Foi a primeira grande manifestação popular depois da abertura do processo de impedimento pela Câmara dos Deputados. Mas o número de participantes ficou bem abaixo dos protestos anteriores, realizados em março, abril e maio. Enquanto organizadores do movimento calculam que ontem os atos atraíram 400 mil pessoas em todo o país, as polícias militares estimam que não passaram de 80 mil. Movimentos ligados ao PT, como a CUT, marcaram manifestações em defesa de Dilma para a quarta-feira, dia em que o Supremo Tribunal Federal deve se pronunciar sobre a legalidade da votação secreta da Câmara que elegeu a comissão especial do impeachment e, também, sobre o rito do processo.
Protestos encolhem em todo o país
Para organizadores das manifestações, mais de 400 mil pessoas foram às ruas. As polícias militares, no entanto, calculam que 80 mil pessoas participaram. Números são menores que em atos anteriores
Na primeira grande manifestação favorável ao impeachment após a abertura do processo na Câmara, o número de manifestantes nas ruas de todo o país frustrou as expectativas dos organizadores e foi bem inferior aos protestos nacionais anteriores, realizados em março, abril e maio.
Os atos, convocados pelos grupos Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre e Revoltados on-line ocorreram em 26 estados e no Distrito Federal, em aproximadamente 100 cidades. De acordo com os organizadores, as passeatas reuniram 407 mil pessoas. Já para as polícias militares, foram 83 mil. Em março, por exemplo, esses números oscilaram entre 900 mil e 1,7 milhão de pessoas.
Na maior cidade do país, São Paulo, a Polícia Militar disse que 30 mil pessoas foram à Avenida Paulista. Para os organizadores, eram 80 mil. Pelo Datafolha, eram 40 mil. Em março, o mesmo instituto calculou em 250 mil o número de manifestantes na principal avenida financeira do país. No Rio, a caminhada aconteceu na praia de Copacabana e reuniu, na avaliação dos organizadores, entre 60 e 100 mil pessoas. A PM fluminense não fez o cálculo dos presentes.
Os movimentos de rua são essenciais, tanto na opinião do governo, quanto da oposição, para medir a intensidade da adesão popular ao afastamento da presidente da República.
Vestidos de verde e amarelo em todo o país, os manifestantes pediram ontem a saída de Dilma Rousseff e o fim da corrupção. O juiz Sergio Moro, responsável pela condução da Operação Lava-Jato, foi homenageado em diversas cidades. Em São Paulo, sete carros de som ocuparam a Avenida Paulista. Os manifestantes levaram os bonecos infláveis de Dilma e do ex-presidente Lula, apelidado de“Pixuleco”, e alguns fizeram um panelaço. Um dos autores do pedido de impeachment em tramitação na Câmara dos Deputados, o ex-petista Hélio Bicudo, subiu no carro do Vem pra Rua e leu um discurso. “Exigimos o impeachment da doutora Dilma. Nesta avenida, nas ruas e praças de todo o Brasil, nossos corações transbordam uma só palavra: impeachment”, disse.
Vice na chapa do PSDB na disputa presidencial do ano passado, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) também marcou presença na capital paulista. “Vai ter impeachment para tirar a presidente Dilma. É isso que nós queremos. Nós queremos pôr fim a um governo que não deveria ter começado, porque ela mentiu durante a campanha. A campanha foi financiada com dinheiro sujo. Ela prometeu trazer o diabo para ganhar eleição e quem paga as penas do inferno, da inflação, do desemprego, é o povo brasileiro”, afirmou, em referência a uma frase dita pela petista durante a disputa eleitoral em 2014. O senador José Serra (PSDB-SP) e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também compareceram.
Candidato do PSDB em 2014 e presidente nacional da legenda, o senador Aécio Neves (MG) reforçou, nas redes sociais, a importância das manifestações de ontem. “Mesmo com poucos dias para mobilização, elas mostraram que permanece vivo em grande parte da sociedade o sentimento de indignação e rejeição a esse governo. Repetindo o que disse hoje o senador Aloysio Nunes, não vai ter golpe, vai ter é impeachment”, destacou.
Motivação
Na avaliação do cientista político da Universidade de Brasília (UnB) João Paulo Peixoto, a redução na adesão aos protestos é resultado de falta de motivação para as pessoas irem às ruas e de dificuldades de logística, pelo fato de os protestos terem sido marcados para dezembro, a pouco mais de uma semana do Natal. Ele aposta que atos durante o período de férias terão o mesmo resultado. “Pelo que vimos, a não ser que haja uma mudança muito grande e fatos novos apareçam, a tendência vai ser essa”, afirma o especialista. O grupo Vem Pra Rua anunciou que a próxima grande manifestação será marcada em março.
Peixoto acredita que as indefinições no rito do impeachment, com a expectativa da resposta do Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira e com entendimentos opostos da Câmara dos Deputados e do Senado criaram um clima de confusão que reduz a mobilização popular. “O processo está todo ainda embolado. Não tem uma definição de nada, então geralmente as pessoas ficam confusas”, disse.
O Palácio do Planalto preferiu adotar a cautela. O ministro da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva, afirmou que as manifestações são “fruto da democracia”. Vice-líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Teixeira (SP) acredita que a tendência é que, daqui por diante, as pessoas que defendem a democracia se afastem das manifestações. “Elas vão perceber que esse processo açodado é ruim para o Brasil”, disse o petista.
Confrontos no Rio e em Belém
Apesar do clima em geral pacífico nos atos pró-impeachment de ontem, algumas cidades registram confrontos. No Rio de Janeiro, houve um momento de tensão quando um policial militar apontou a arma para um grupo de skatistas em Copacabana. Eles participavam de encontro na Avenida Atlântica e foram confundidos com petistas pelos organizadores do protesto, porque usavam capacetes vermelhos. A PM atuou para dispersar o grupo.
Os manifestantes levaram uma grande bandeira verde e amarela com a palavra “impeachment”. A PM não fez estimativa de público, mas os organizadores calcularam entre 60 mil e 100 mil pessoas.
Em Belém (PA), integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) entraram em confronto com manifestantes que pediam a saída da petista. Defensores do impeachment vaiaram integrantes da entidade que discursavam em um carro de som. Para que o protesto pudesse continuar, policiais militares intervieram e solicitaram que os membros da CUT se retirassem. Ninguém chegou a ser detido. A CUT, junto com outros movimentos ligados ao PT, marcou manifestações de defesa do governo Dilma para a próxima quarta-feira. De acordo com a polícia militar, 1,2 mil pessoas participaram do ato na capital paraense. O deputado Eder Mauro (PSD-PA), delegado de polícia licenciado, chamou a atenção ao simular a prisão do ex-presidente Lula, algemando-o durante o protesto. Um grupo de 80 manifestantes ligados ao PT e a partidos de esquerda gritou palavras de ordem contra o deputado, chamando-o de “fascista”, em frente ao Teatro da Paz, na Praça da República.
Belo Horizonte
Em Belo Horizonte (MG), o alvo de confusão foi um boneco inflado do ex-presidente Lula. Um homem de aproximadamente 30 anos foi detido por tentar furá-lo. Houve tumulto na Praça da Liberdade no momento em que o homem era levado para um veículo da Polícia Militar, que lançou gás lacrimogêneo para conter as pessoas. De acordo com a PM, cerca de 3 mil pessoas se concentraram na Praça da Liberdade e na Praça Sete. Em João Pessoa (PB), durante caminhada, que reuniu 300 manifestantes, houve um princípio de confronto com moradores da região que não concordavam com o protesto. Eles trocaram empurrões e a Polícia Militar separou os grupos para evitar que o clima se agravasse.
Em várias cidades, manifestantes cobraram políticos pelo seu posicionamento sobre o impeachment. Um dos principais líderes do movimento de defesa de Dilma, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), foi alvo do protesto em São Luis. Durante a caminhada pela avenida dos Holandeses, os manifestantes gritavam “Fora, Dilma! Fora, PT! Fora, Flávio Dino! Fora, PCdoB!”. O deputado Rubens Junior (PCdoB-Ma), autor de ação no Supremo Tribunal Federal (STF), também foi criticado.
Menos gente em Brasília
Vestindo verde e amarelo, seis mil pessoas foram à Esplanada, segundo a PM. Para os organizadores, havia 20 mil
No primeiro ato após o início da tramitação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional, manifestantes foram à Esplanada dos Ministérios ontem pressionar pela saída da petista e protestar contra a corrupção. A estimativa da Polícia Militar é de que 6 mil pessoas tenham ido ao local, enquanto os organizadores sustentam que foram 20 mil. Considerado um termômetro para medir a pressão que as ruas podem exercer sobre os deputados, os números são inferiores aos das outras manifestações anteriores. Em março, foram 50 mil. Já em abril e em agosto, 25 mil, de acordo com a PM.
Na manhã de ontem, a movimentação começou às 10h, em frente ao Museu da República, e acabou por volta das 12h30, antes do horário previsto pelos organizadores. Manifestantes conduziram um caixão com uma caricatura de Dilma, alvo de xingamentos, e uma bandeira do PT, no gramado em frente ao Congresso Nacional. Os manifestantes disseram que era o “enterro do PT”. O caixão foi queimado ao final do ato. A previsão era de que a encenação acontecesse às 13h, mas, como o protesto estava disperso e havia risco de chuva, o fim foi antecipado.
Com o caixão levantado nos braços, manifestantes ameaçaram ultrapassar a barreira feita pela Polícia Legislativa para evitar a invasão do Congresso. A Polícia Militar negociou e o impasse foi resolvido. Não foram registrados incidentes. Alguns manifestantes entraram no espelho d’água. Entre eles, uma mulher fantasiada de Dilma. A maioria dos participantes usava roupas com as cores verde e amarelo, assim como nos outros protestos. Desta vez, o boneco gigante do ex-presidente Lula, apelidado de “Pixuleco”, não estava presente, mas sim uma boneca da presidente com o nariz semelhante ao do Pinóquio, produzida pelo Movimento Brasil Livre (MBL).
Hino
Antes do enterro, foi cantado o Hino Nacional, após a leitura de um manifesto que pedia coragem aos parlamentares. “Queremos uma nova fase de esperança e mudança, queremos voltar a bater no peito e sentir orgulho do nosso Brasil”, dizia o texto no panfleto distribuído aos manifestantes. O juiz Sérgio Moro, responsável pela coordenação das investigações da Operação Lava-Jato, foi homenageado com máscaras e bonecos. “O povo está mostrando de que lado está. Vamos dar um basta a esse governo do PT. Impeachment faz parte da democracia!”, disse o deputado Izalci (PSDB-DF).
Durante o ato, os organizadores estimulavam os manifestantes a mobilizarem conhecidos para irem às ruas. “Infelizmente, faltou corpo aqui. As pessoas querem mudanças, mas evitam lutar. O país afundou, estamos descendo em um elevador. Lamento”, afirmou o policial civil Alexandre Azambuja, 49 anos. Em vez de fazer caminhada ou passear no Eixão, atividades semanais da família, ele foi para a Esplanada com a esposa, a servidora pública Ana, de 44 anos, e os filhos, Carol, 23 anos, e Marcelo, 20 anos, ambos universitários. “É a primeira vez que eles presenciam isso. Trata-se de democracia, e é com ela que faremos um país melhor”, disse Ana.
A consultora imobiliária Michela Domingues, 40, ficou zanzando em frente ao Congresso, enrolada na bandeira nacional. “Amo meu país e não quero que ele continue sendo atacado e roubado, como ocorre hoje”, reclamou. O adereço, comprado na época da Copa do Mundo, chamou a atenção dos presentes e serviu de chamariz para os conectados à internet. “Queremos mostrar, nas redes sociais, que fizemos nossa parte”, explicou o técnico em informática Luciano Moreira, 31 anos.
As estratégias de cada lado do impeachment
O PMDB do vice-presidente, Michel Temer, é uma das grandes incógnitas sobre o futuro do processo contra Dilma
Com a abertura oficial do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, chegou a hora de os exércitos montarem as estratégias para a guerra política dos próximos meses. Duas grandes incógnitas pairam nesse processo. Qual é o tamanho do PMDB que está de cada lado e como será o humor do empresariado? Há cerca de três meses, representantes do setor deram entrevistas defendendo a permanência da presidente em nome da normalidade institucional. “A presidente Dilma perdeu a oportunidade dada a ela e o apoio dos principais setores econômicos começou a diminuir”, lembra o professor e cientista político do Insper, Carlos Melo.
Mas isso não significa um apoio incondicional ao impeachment a partir de agora. “Se há quem ache que a presidente não tem mais condições de conduzir um diálogo para tirar o país da atual paralisia, também existem aqueles que temem o depois, por não saber o que acontecerá ao Brasil”, ponderou Melo. Todos os cenários, inclusive, são nebulosos. Se Dilma conseguir sobreviver, dificilmente conseguirá um placar próximo dos 300 votos favoráveis. “Escapa do impeachment, é verdade, mas a votação próxima dos 171 votos mínimos necessários a impede de aprovar matérias com quorum qualificado”.
Caso a presidente caia e o vice- presidente Michel Temer assuma o Planalto, poderá até ter um período de trégua com a mídia. Mas a crise econômica vai continuar. “Temer também enfrentará uma oposição feroz, formada pelo PT e pelos movimentos sociais. A vida dele não será fácil”, completou Melo. “Por tudo isso, o setor produtivo ainda não se posicionou com convicção quanto a esse debate”, acrescentou o cientista político do Insper.
O PMDB é outro fator que poderá desequilibrar a disputa. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já se posicionou claramente a favor do afastamento da presidente. Na semana que passou, ganhou o auxílio luxuoso do vice-presidente Michel Temer, que, se por um lado afirmou a Dilma que não fará gestos para desestabilizá-la, nem ao governo, por outro não interferirá nos rumos que o partido tomará daqui para frente. O PMDB do Senado, por exemplo, é mais próximo do Planalto. “Não somos a favor do governo, somos a favor do país. Por isso, queremos aprovar matérias que sejam importantes para nos tirar desta crise econômica”, afirmou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
Na avaliação do mestre em ciência política Lucas de Aragão, PMDB, PP, PR e PSD são as legendas mais suscetíveis a abandonar o PT. “São partidos que formam a base aliada meio cinzenta porque não têm ideologia definida. Se virem que um governo do PMDB pode dar certo, com certeza vão mudar de lado”, afirmou o também sócio-diretor da consultoria Arko Advice.
Manifestações
Existe também a imponderabilidade quanto ao peso das manifestações de rua no processo de impeachment. O cenário é muito distinto em relação aos caras-pintadas de 1992. “Aquelas manifestações de rua uniram o país. As de agora, não, vão dividir”, declarou Melo.
O Movimento Brasil Livre (MBL) aguarda essa avaliação para definir a data da próxima mobilização ou se retoma o acampamento em frente ao Congresso Nacional. Já os movimentos ligados ao Planalto se reuniram com o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, na última quinta-feira, para cobrar reivindicações da área social. A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, nega que atender a essas demandas seja uma condicionante de apoio. “São pautas cotidianas, não condições de apoio à presidente Dilma na luta contra o golpe”, disse.
Exércitos
Quem são os aliados e os adversários da presidente Dilma Rousseff no esforço para se livrar da ameaça do afastamento
Aliados de Dilma
Jaques Wagner – chefe da Casa Civil » É o responsável pela estratégia de contato com os governadores e empresários em busca de apoio à presidente.
Ciro Gomes » Ex-ministro da Integração Nacional durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu o papel de articular uma “frente contra o golpe”. Participou, inclusive, da reunião com os governadores do Nordeste no início da semana passada.
Wagner Freitas – presidente da CUT » Durante solenidade no Palácio do Planalto, o presidente da CUT afirmou que, se necessário, os aliados “poderiam pegar em armas” para defender a democracia.
Renan Calheiros – presidente do Senado » Passou a ser um dos fiadores do apoio do PMDB à presidente Dilma Rousseff. Também passou a ter um papel preponderante em relação às dúvidas quanto à tramitação do impeachment no Senado.
Adversários de Dilma
Aécio Neves – presidente nacional do PSDB » Embora tenha, ao longo do processo, se aproximado e se afastado da tese do impeachment, Aécio acaba por encarnar o discurso de oposição, já que foi o candidato do PSDB nas eleições de 2014, derrotado por pouco mais de 3 milhões de votos.
Eduardo Cunha – presidente da Câmara » Depois de 10 meses infernizando o Planalto, acolheu o pedido de abertura do impeachment contra Dilma e tem trabalhado para que seus aliados aprovem o afastamento da petista.
Michel Temer – vice-presidente » Encaminhou a Dilma uma carta queixando-se de ser desprezado politicamente pela titular do Planalto. Se o impeachment for aprovado pelo Congresso, assumirá o comando do país.
Kim Kataguiri – Movimento Brasil Livre » Um dos fundadores do Movimento Brasil Livre, é responsável, ao lado de outros movimentos sociais, por organizar as manifestações de rua favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
STF decide esta semana sobre o rito do processo
Na semana que começa, a última de trabalhos do Congresso Nacional antes do recesso parlamentar, as atenções de deputados e senadores estarão voltadas para a sessão do Supremo Tribunal Federal, marcada para quarta- feira. Nesse dia, o ministro Edson Fachin deverá apresentar ao plenário do STF o rito para definir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Há uma incógnita sobre se a decisão sairá no mesmo dia, ou se algum pedido de vista adiará o desfecho para depois do carnaval, quando o Judiciário iniciará os trabalhos de 2016. “Essa definição influenciará também no tamanho do nosso recesso”, admitiu o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).
O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, propôs aos líderes da base aliada que os trabalhos parlamentares sejam interrompidos durante a comemoração das festas, mas que sejam reiniciados em 11 de janeiro. A oposição, mais precisamente o PSDB, avisou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que concorda com a antecipação do término do recesso, com o retorno dos trabalhos no Congresso na segunda quinzena de janeiro.
A própria agenda parlamentar depende da posição do STF. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) — que também pode ter seu destino definido pelo Conselho de Ética da Câmara amanhã—avisou que ele e o grupo político que lidera vão obstruir todas as votações na Casa, enquanto não houver uma definição sobre a validade ou não da comissão especial aprovada pelos deputados para analisar o pedido de impeachment de Dilma. O governo tem pressa e quer votar matérias importantes para o país e para o mercado financeiro antes do Natal.
Algumas dessas matérias estão na pauta da sessão do Congresso Nacional agendada para amanhã; a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o Orçamento-Geral da União para 2016 e o Plano Plurianual 2016-2020. Mergulhado em uma crise política e econômica, o governo quer dar sinais de força para evitar o rebaixamento da nota do Brasil pela Moody’s. (PTL)
Fonte: Correio Braziliense – 14/12/2015