15/03/2022
A solução tecnológica que permite a uma empresa de qualquer setor oferecer serviços financeiros deve movimentar 14 bilhões de dólares no país em 2025
Admar Concon-Neto, Claudio Luis Muller e Fabiano Tomita
Banking as a Service, conhecido pela sigla (BaaS), é uma solução tecnológica que permite a uma empresa oferecer serviços financeiros. Possibilita a qualquer empresa chamar um banco de “seu”. Em síntese, o BaaS atua como provedor de infraestrutura para a viabilização operacional seja de fintechs, seja de bancos tradicionais e até mesmo de agentes que antes não atuavam ou ofereciam serviços financeiros, como empresas de varejo e de serviços, e tenham a possibilidade de atuar nesse mercado.
O mercado brasileiro conta atualmente com 1.264 fintechs, segundo um levantamento de dezembro de 2021 da Distrito, consultoria de inovação aberta que realiza mapeamento recorrente do mercado. Isso representa crescimento de mais de 400 startups somente no ano passado. Essas fintechs têm diversas atuações, muitas vezes focadas em nichos.
Nesse cenário, os BaaS contribuem, por exemplo, para a viabilização de bancos digitais e empresas de meios de pagamento, além de emissão e processamento de cartões “private label”. Assim, atua como uma “white label”, ou seja, é um agente pouco visível para o usuário final, mas que provê toda a infraestrutura para que o cliente desse BaaS oferte produtos e serviços com sua própria marca. Tudo isso comprazos e custos menores do que oferecidos por estruturas tradicionais.
Além das “Techs”, as instituições tradicionais vêm se adaptando às estruturas de BaaS com o objetivo de serem competitivas nesse novo cenário. Esse incremento de produtividade é justificado pela construção dessa infraestrutura a partir das APIs (Application Programming Interface), que são instruções e padrões de programação e que fazem a ligação entre um ponto e outro. Assim, temos o objetivo de apresentar aqui uma visão geral do mercado de BaaS em um cenário de rápida transformação.
Esse mercado é tão promissor que fundos de venture capital e grandes empresas vêm investindo no setor. De forma não exaustiva, até porque o mercado é extremamente dinâmico, apresentamos alguns agentes desse ecossistema. Conforme o quadro a seguir, são diversos os agentes do ecossistema do BaaS. Destaque para os agentes “não financeiros”, como empresas do setor de varejo e de serviços que vêm atuando como provedor ou como cliente desses serviços de BaaS.
Assim, empresas não financeiras tendem a ofertar serviços financeiros. Além desse incremento de portfólio, há também ganhos em eficiência operacional, visando à redução de custos com serviços financeiros existentes nos meios de pagamentos tradicionais. Por fim, prover produtos e serviços bancários aumenta os pontos de contato e de relacionamento com o cliente, com o objetivo de gerar maior contato recorrente, melhorar o relacionamento e a percepção de valor da empresa, além de proporcionar a fidelização do cliente.
Esse mercado ainda é carente de estimativas de mercado. Porém, de acordo com um estudo da consultoria Americas Market Intelligence (AMI) encomendado pela Dock, um dos principais provedores de BaaS, o mercado potencial no Brasil, em 2021, é da ordem de 7 bilhões de dólares. Com potencial de crescimento de mais de 100% em quatro anos, a expectativa é que ultrapasse 14 bilhões de dólares em 2025. Outro estudo, da Bain Capital Ventures, aponta que somente nos Estados Unidos o mercado potencial de serviços financeiros incorporados a outros setores nos próximos 10 anos pode chegar a 3,6 trilhões de dólares.
Por isso, diante de um cenário extremamente dinâmico que envolve a tecnologia aplicada a negócios, o grupo Alumni Insper está acompanhando o tema de forma recorrente e, sempre que houver novidades, compartilhará o conhecimento com a comunidade.
Admar Concon-Neto é fundador da Northern, cofundador do Wabafood, mentor de startups no Founder Institute, mentor na disciplina Resolução Eficaz de Problemas no Insper e professor de desenvolvimento web e data science no Le Wagon.
Claudio Luis Muller é engenheiro químico e mestre em processamento de polímeros pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem mais de 20 de experiência em sistemas de coleta de manipulação de dados industriais, IoT com ênfase em O&G e é membro da comunidade Alumni Insper, instituição onde concluiu o MBA executivo.
Fabiano Tomita é engenheiro de produção formado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e pós-graduado pelo Insper (CBA – 2006) e pela Unesp em inovação tecnológica. Atua no Instituto Eldorado, centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação, nas áreas de planejamento estratégico, com foco em estratégia de mercado.