Crescem as especulações sobre o que teria levado o homem mais rico do mundo a investir na rede social, que vale menos de 20% de sua fortuna pessoal
O empresário Elon Musk, dono da montadora Tesla, anunciou na segunda-feira (4 de abril) que adquiriu 73,5 milhões de ações da plataforma de mídia social Twitter, tornando-se o maior acionista da companhia, com uma fatia de 9,2%. Imediatamente, começaram a surgir especulações sobre o que teria levado o homem mais rico do mundo a tomar essa iniciativa.
Aparentemente, a principal motivação não é financeira. O anúncio da investida de Musk no Twitter fez os papéis da companhia subir 27% em Wall Street, aumentando ainda mais a riqueza de Musk. Mesmo assim, o valor de mercado do Twitter gira em torno de 40 bilhões de dólares, o que representa menos de 20% da fortuna pessoal de Musk.
No ano passado, o Twitter faturou 5,1 bilhões de dólares, dobrando o valor em relação à receita de cinco anos antes. É um valor pequeno para Musk, que, segundo o mais recente levantamento da revista Forbes, tem ativos que se aproximam de 220 bilhões de dólares. A publicação destaca que Musk é o homem mais rico de todos os tempos — convertida em reais, sua fortuna passa de 1 trilhão. Segundo um cálculo do portal de estatísticas e análises de dados de mercado Statista, um americano médio precisaria trabalhar 3 milhões de anos para acumular essa fortuna.

Com mais de 80 milhões de seguidores no Twitter, plataforma em que é bastante ativo, Musk ainda não postou nenhuma mensagem detalhando seu seus planos para a rede social. Há alguns dias, porém, ele deu uma pista de suas intenções ao perguntar a seus seguidores se estariam interessados na introdução de um botão de edição no Twitter. Mais de 70% dos que responderam à enquete se manifestaram a favor desse recurso.
O botão de edição permitiria aos usuários da plataforma editar qualquer tweet após a publicação. Em 2020, o cofundador do Twitter Jack Dorsey afirmou que a companhia “provavelmente” nunca adotaria essa ferramenta, que possibilitaria aos utilizadores fazer alterações significativas no tweet original, podendo assim manipular a informação publicada. No dia 5 de abril, após a divulgação de que Musk se tornara o maior acionista individual do Twitter, a companhia comunicou que está avaliando “desde o ano passado” a possibilidade de disponibilizar uma ferramenta de edição aos seus usuários.
Uma reportagem da revista inglesa The Economist desta semana especula sobre os próximos passos de Musk no Twitter. “O homem mais rico do mundo comprará mais ações ou até fechará o capital do Twitter? O chefe da Tesla terá um papel prático na gestão do Twitter? O crítico libertário pressionará para trazer de volta Donald Trump, expulso da plataforma após incitar um ataque ao Capitólio, em janeiro de 2021? “, diz o texto.
A publicação inglesa lembra que, em postagens publicadas antes de anunciar o investimento, Musk reclamou que o Twitter não “adere aos princípios da liberdade de expressão”. “Ele pediu à empresa que abra o algoritmo que decide quais tweets os usuários veem. Dada sua simpatia pelas criptomoedas e sua tecnologia subjacente, a blockchain, ele poderia tentar transformar o Twitter em um serviço descentralizado controlado pelos usuários”, diz a reportagem.