18/06/2014
Planejamento é a palavra de ordem para evitar que a pessoa que sai de férias volte com dívidas, com ou sem viagem incluída no período. Sem ele, é necessário se esforçar mais para curtir o descanso.
Isso porque, mesmo para quem não vai viajar, as férias são sinônimo de gastos. “Geralmente nesse período as pessoas saem mais, vão mais ao cinema e comem mais na rua”, afirma o planejador financeiro Jailon Giacomelli.
Importante também, especialmente para os assalariados, é lembrar que, depois do valor mais alto que é recebido nesse período, a pessoa só vai voltar a ganhar o habitual após quase dois meses.
E uma dica para esse público é: vale a pena pedir o adiantamento de 13º salário que pode ser feito no período. “Mesmo que não vá usar o valor nas férias, a pessoa pode aplicar o valor e ter um ganho em cima dele”, explica Samy Dana, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e colunista da Folha.
Aqueles que querem viajar e deixam para programar o passeio em cima da hora normalmente encontram passagens e diárias de hotéis mais caras – este meio de ano, com ofertas de pacotes mais baratos que sobraram da Copa, está sendo exceção à regra.
Nesse caso pode valer a pena parcelar os passeios de férias, afirma Thiago Alvarez, sócio do site de finanças pessoais GuiaBolso.
Para quem não se programou nem contratou viagens antes, especialistas recomendam usar uma eventual reserva de emergência para arcar com as despesas.
Nesse caso é importante a família estudar se vale mesmo a pena viajar, afirma a consultora financeira Evanilda Rocha. “Melhor refletir bem se você irá viajar ou não. Dependendo do caso, sairá mais barato ficar na cidade onde você mora e fazer passeios gratuitos, como parques, jardim zoológico, museus e exposições”, diz.
Mas mesmo quem não vai viajar tem de ficar de olho. “É comum mesmo quem não vai viajar aumentar seus gastos: mais passeios, idas extras ao shopping e ao cinema”, diz Tatiana Filomensky, coordenadora de atendimento de compradores compulsivos do Ambulatório do Transtorno do Impulso do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
DISCIPLINA
Disciplina é palavra-chave ao programar as férias. O orçamento deve ser elaborado com antecedência e incluir não só hospedagem e transporte, mas também verba para gastos extras do dia a dia.
O recomendável é começar a planejar a viagem logo após as férias anteriores. Ao definir destino – nacional ou internacional –, é possível ter uma previsão de custos.
“Nesse momento já se estabelece um padrão de gastos a ser seguido na viagem. Dá para ter uma ideia de quanto vai se gastar com refeições com bebidas e comodidades de hotel, como lanche ou excursões”, diz Otto Nogami, professor do Insper, instituto de ensino e pesquisa.
A seguir, é hora de montar um fluxo de caixa que contemple receita, projeção de gastos e uma reserva de emergência para que nenhum imprevisto estrague as férias.
“É importante prestar atenção aos valores que recebe nessa época, para poder programar seu orçamento”, lembra a psicóloga Filomensky.
“O valor que ela tem a mais para gastar no período é o um terço adicional das férias.”
Para os disciplinados, pode valer a pena ao fazer esse planejamento concentrar os gastos familiares no cartão de crédito, afirma Nogami.
“Ao pagar todas as contas do mês no cartão, a família acumula pontos e milhas e consegue amortizar uma parte das despesas com essa pontuação”, diz Nogami.
DICAS PARA FÉRIAS MAIS TRANQUILAS
1 Contrate viagem com antecedência. Além de conseguir preços mais baixos em passagens e hospedagens, você consegue planejar gastos com refeições e passeios e guardar aos poucos os recursos necessários.
2 Inclua gastos extras no planejamento. Pequenos presentes de viagem, passeios, ingressos em atrações e até refeições mais caras do que o normal devem ser levados em conta na elaboração do orçamento da viagem de lazer.
3 Faça um kit de sobrevivência. Na cidade que estiver visitando, vá ao supermercado para se abastecer de água, refrigerantes, salgados, frutas etc. Sai mais barato do que o preço cobrado em hotéis e lojas de conveniência.
4 Aproveite baixas do câmbio. Para quem vai ao exterior: decidindo a viagem com antecedência, você pode aproveitar quando o câmbio está favorável para comprar moeda estrangeira.
5 Guarde parte do dinheiro recebido. Quem recebe salário ganha, no início das férias, o adiantamento do que deveria receber no mês seguinte. É prudente guardar parte do valor para pagar despesas na volta das férias, evitando dívidas.
6 Antecipe pagamento de contas. Se puder pagar contas fixas com antecedência, você garante que parte das despesas da volta estará quitada e evita gastar o recurso.
Crianças e férias podem ser uma mistura explosiva para o bolso. Com a necessidade de entreter os filhos durante o tempo livre, muitos pais se veem com dificuldades de impor limites aos muitos pedidos. E o reflexo disso é uma escalada nos gastos que pode comprometer o orçamento familiar mais à frente.
Com filhos pequenos, esse exercício de controlar as finanças pode ser mais complexo, afirma Otto Nogami, professor do Insper, instituto de ensino e pesquisa.
Por isso, os pais podem adotar pequenas medidas para evitar descontrole. Antes de um passeio, montar um “kit de sobrevivência” com sucos, refrigerantes, biscoitos e doces já reduz gastos com o mesmo item nas ruas.
A dica também vale para quem vai viajar. “Ao chegar a uma cidade, procure um supermercado. Dá para fazer compras básicas, como água, refrigerante e salgadinhos, que chegam a ser 60% mais baratos do que nos hotéis”, diz Nogami.
No hotel, tomar um café da manhã reforçado também é uma estratégia para diminuir gastos com alimentação na viagem. Alguns estabelecimentos oferecem na diária outras refeições, o que alivia o bolso.
Para quem não vai viajar, uma forma de baratear os gastos é convidar os amigos de escola dos filhos para passar alguns dias na casa da família.
“As crianças se divertem e dá para fazer programações gratuitas, como ir a um parque ou mesmo ficar em casa brincando”, afirma Thiago Alvarez, sócio do site de finanças pessoais GuiaBolso.
MESADA
Quando a criança tem mais de dez anos já é possível iniciá-la nos conceitos de educação financeira. Nas férias, isso pode funcionar de duas formas, dependendo da situação da família: estabelecer um valor diário para gastos ou pagar uma espécie de mesada para que ele comece a controlar suas despesas.
“Os pais podem dar R$ 50, e a criança tem que aprender a administrar esse dinheiro”, afirma Nogami.
Para o planejador financeiro Jailon Giacomelli, alguns podem até dar um cartão pré-pago para o filho.
“Ao longo da viagem é importante conversar sobre dinheiro, para que o filho consiga entender que vai ter que abrir mão de um gasto para conseguir algo maior, como um brinquedo mais caro.”
Os pais também devem conversar antes da viagem sobre o que darão de presente para os filhos e o que as crianças deverão comprar por conta própria. “Eles precisam explicar que, com o dinheiro, eles terão que comprar tais brinquedos, o jogo eletrônico, a boneca. Mas geralmente são os próprios pais que abrem mão de cumprir o combinado”, diz Giacomelli.
Treinar esse diálogo é importante para evitar dores de cabeça futuras, afirma a consultora financeira Evanilda Rocha. “Quando chegar a hora de negociar com eles sobre passeios, brinquedos ou lanches, estarão mais bem preparados. Saberão fazer ou entender as escolhas que estão sendo feitas pela família.”
Fonte: Folha de S. Paulo – SP – 16/06/2014