Poucos dias depois de o Data folha divulgar sua mais recente pesquisa mostrando uma queda grande da presidenta Dilma Rousseff na intenção de voto para a Presidência, três especialistas, reunidos para um debate em São Paulo, foram unânimes em apostar que a eleição deste ano vai para o segundo turno e que o pleito está indefindo. De acordo com o Data folha, Dilma (PT) perdeu seis pontos na preferência do eleitorado, caindo de 44%, em fevereiro, para 38% nos dias 2 e 3 de abril.
Os cientistas políticos Carlos Melo, professor de Economia no Insper, e Fernando Abrucio, professor na Fundação Getúlio Vargas, acreditam que a campanha de reeleição de Dilma será dura, mas ainda apostam no seu favoritismo.“ Há uma tendência de melhora na avaliação de Dilma. Ela tende a crescer no primeiro turno e chegar mais robusta no segundo. Para mim ela ainda é a favorita no segundo turno”, diz Abrucio.
Para Melo, Dilma vai enfrentar uma eleição difícil, mas ganha. “O grande desafio de Eduardo Campos é chegar ao segundo turno, enquanto o de Aécio é ganhar esse segundo turno”, ressalta.
O terceiro participante do debate, Alberto Almeida, diretor do Instituto Análise, discorda e vê um cenário bem pior para o governo “Dilma está no limbo, no limite entre o céu e o inferno. Mas tem condições de melhorar seus índices de popularidade. Dependendo da conjuntura econômica e de seu desempenho em rebater as críticas dos adversários, pode se recuperar e crescer nas pesquisas. Para mim, haverá segundo turno, e ela tem tantas chances de ganhar quanto de perder”, afirmou.
Os três especialistas participaram ontem do Bradesco´s 1st Brazil Investment Forum, evento promovido pelo Bradesco BBI para executivos e investidores nacionais e internacionais. No encontro, eles ainda refletiram sobre o cenário econômico de 2015, independentemente de ser o primeiro ano do segundo mandato de Dilma ou o primeiro de governo de Neves ou Campos.“Ao que tudo indica, 2015 vai ser parecido com 2003. Será um ano de fortes ajustes econômicos. Se Dilma vencer, fica claro que o eleitorado quer que ela dê continuidade ao governo. Caso contrário, seus adversários assumem o governo com a missão de promover mudanças. Se sair vitoriosa, Dilma depende do seu desempenho nas urnas para reassumir a Presidência com maior ou menor respaldo popular, para poder voltar segura e dizer: Quem manda aqui sou eu’”, afirma Fernando Abrucio.
Para o professor da FGV, a ideia de que Lula seria o tutor de Dilma é inconsistente. “Essa história é um papo furado, caso contrário o governo não teria chegado onde chegou”, diz, numa referência à queda de popularidade da presidenta nas últimas pesquisas do Data folha e do Ibope. “O movimento Volta Lula, defendido por alguns setores do PT e do empresariado, desestabiliza Dilma”, acredita.
Fonte: Brasil Econômico – SP – 09/04/2014