Com falta de chuvas e risco de racionamento, empresas veem oportunidade para lucrar com diminuição do desperdício de água.
A falta de chuvas e o risco de racionamento se refletiram no aumento da demanda por produtos e serviços relacionados à economia de água. Na esteira dessa oportunidade, alguns empresários que se dedicam ao segmento estão otimistas com as perspectivas de mercado. A Acquamatic espera dobrar o faturamento este ano. Já a TRC Sustentável prevê ampliar o número de franquias de 32 para 100.
A Acquamatic foi criada há 20 anos em São Paulo quando o administrador Leonardo Lopes de Sousa, então já aposentado, resolveu se debruçar sobre o tema do desperdício. Desde então, trabalha com quatro produtos: vaso sanitário que usa dois litros de água (as opções convencionais gastam seis litros), torneira com temporizador e bico ecológico de torneira.
A venda dos produtos ao consumidor ainda representa uma pequena fatia do faturamento: 10%. O grosso da demanda é mesmo do mercado corporativo, que inclui o fornecimento de equipamentos e também uma espécie de consultoria sobre o controle do uso da água.
Funciona assim: a Acquamatic fecha contratos com grandes consumidores, como hotéis, condomínios e hospitais. Sousa banca a implantação do projeto (material, mão de obra e equipamentos) e, depois da instalação, o cliente repassa 50%, em média, da economia registrada na conta de água à Acquamatic por um período de 36 a 72 meses.
“Este ano pretendemos nomear representantes pelo Brasil. Toda essa discussão sobre a falta de água serviu para a população acordar para esse problema”, diz Sousa, que faturou R$ 1,5 milhão no ano passado.
Já a TRC Sustentável foi criada em Goiânia por Anderson Silva, em 2004. No início, a empresa trabalhava com a venda no varejo de um dispositivo para reduzir o volume da água consumida. O negócio evoluiu e virou franquia em 2013. Atualmente, são 32 unidades, a companhia pretende triplicar o número de unidades e chegar a uma receita de R$ 5 milhões. “Participamos de uma feira de empreendedorismo no mês passado e a procura surpreendeu nossas expectativas”, afirma Silva.
A TRC oferece um serviço que inclui diagnósticos para verificar se existem vazamentos e infiltrações, além da instalação de dispositivos para economizar até 40% na conta de água. São equipamentos que controlam a presença de ar na rede e o fluxo de água nas torneiras e chuveiros. O serviço custa a partir de R$ 250.
Para abrir uma franquia, o investimento inicial é de R$ 35 mil, mais os gastos com obras e mobiliário do ponto físico, de R$ 8 mil a R$ 14 mil. O faturamento das unidades varia de R$ 20 mil a R$ 60 mil, com margem líquida em torno de 37%.
Análise. O professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, tem dúvidas se o brasileiro continuará demandando soluções que reduzam o consumo de água depois deste momento de crise no abastecimento. “Estamos acostumados com o uso da água em abundância porque pagamos razoavelmente pouco por ela. Toda mudança de hábito só ocorre a partir de uma crise aguda.”
Fonte: O Estado de S. Paulo – 11/03/2014