20/04/2022
Experiência aberta apresenta uma degustação do conteúdo do novo Programa Avançado em Sustentabilidade do Insper, que começa em maio
Tiago Cordeiro
O pensamento convencional considera que a conexão entre problemas e causas é óbvia e fácil de rastrear. Defende que uma política desenhada para atingir o sucesso no curto prazo irá garantir o melhor desempenho no longo prazo. Coloca a culpa das dificuldades em agentes externos e desenvolve, de forma agressiva, uma série de iniciativas independentes e simultâneas.
Muito comum na sociedade, essa abordagem não dá conta de lidar com os desafios apresentados pelas mudanças climáticas, com grandes repercussões na sociedade e a pressão, da parte dos stakeholders, de que as organizações revejam suas formas de produzir, distribuir e comercializar bens e serviços. Com o objetivo de atender às demandas de um cenário em que as ações ambientais, sociais e de governança (reunidas na sigla ESG) são centrais, é preciso adotar o pensamento sistêmico.
Esse foi o principal tema da experiência aberta “Fundamentos do ESG: Pensamento Sistêmico e Limites Planetários”. Realizado no campus do Insper no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo, no dia 12 de abril, o evento foi conduzido pelos professores Priscila Claro, Vinícius Picanço e José Geraldo Setter Filho, todos integrantes do novo Programa Avançado em Sustentabilidade da instituição.
Os três discutiram as duas macrodisciplinas que promovem a articulação e a identificação de desafios (“wicked problems”) de forma rigorosa, levando em conta suas complexidades e interconexões. “É uma pequena degustação do que teremos no nosso programa”, resumiu José Geraldo Setter Filho.
O pensamento sistêmico considera que a relação entre problemas e causas é indireta e não óbvia. A maioria das soluções rápidas tem consequências inesperadas e, para otimizar o todo, temos que melhorar as relações entre as partes. Em consequência, poucas mudanças, coordenadas e sustentadas ao longo do tempo, produzirão uma grande mudança sistêmica.
Essa é a chave para dar conta de demandas tão complexas quanto o aquecimento global, redução das desigualdades sociais e evolução das práticas de governança, distribuída por uma série de exigências, que abrangem desde a degradação acelerada dos corais marítimos até a produção de alimentos para uma população mundial que segue crescendo, especialmente nos países mais pobres.
“Precisamos pensar diferente”, explicou, durante o evento, a professora Priscila Claro. “O pensamento sistêmico é uma abordagem utilizada no Insper há muito tempo”, prosseguiu Vinícius Picanço. Os dois defenderam que, aplicado a organizações, que são sistemas complexos, o pensamento sistêmico permite implementar ações em camadas, que alcançam dimensões as mais variadas, de forma interligada e com impacto positivo de longo prazo.
O novo Programa Avançado em Sustentabilidade tem início em 3 de maio, com atividades terças e quintas, das 19h30 às 22h30. A carga horária é de 396 horas/aula, que se distribuirão por seis semestres, divididos em quatro trilhas: Contexto e Problema; Ideação, Abordagem
e Ferramentas; Prototipagem e Teste e, por fim, Governança e Controle.
O curso é desenhado para formar profissionais que incluam sustentabilidade de maneira abrangente na busca por soluções para os desafios de suas organizações, sejam elas públicas, privadas ou de terceiro setor. Pessoas preparadas para um cenário em que a demanda por ações e operações sustentáveis cresce de forma galopante e em que os diferentes stakeholders trazem para o jogo a necessidade de um minsdet de “e”, não “ou”.
Com relação aos professores, José Geraldo Setter Filho é engenheiro mecânico pela Escola de Engenharia Mauá/Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, mestre em Administração pelo Insper, onde também cursou MBA Executivo. Especialista em Finanças (CEAG) pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP)/Fundação Getulio Vargas, é também doutorando no Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Tem mais de 30 anos de experiência profissional como executivo e consultor, com foco em finanças, estratégia e gestão de negócios, em empresas brasileiras e multinacionais de múltiplos segmentos (consultoria de TI e gestão, banco, bens de consumo, engenharia e telecomunicações, incorporação imobiliária e mídia). No Terceiro Setor, atuou por quase 10 anos em consultoria e gestão de entidades ligadas à saúde pública.
Por sua vez, Priscila Claro é administradora pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), mestre em Ciência Ambiental pela Universidade de Wageningen, na Holanda, e doutora em Administração e Desenvolvimento Sustentável pela UFLA. Desenvolveu e orientou projetos relacionados a estratégia e sustentabilidade em empresas como Ambev, Bradesco, Banco do Brasil, Banco Real, Grupo Boticário, Grupo Arezzo, Grupo Tavares de Melo, Hospital Albert Einstein, Kimberly-Clark Brasil, Mapfre Seguradora, Santos Brasil, Toyota e Votorantim Cimentos.
Vinícius Picanço é mestre em Engenharia de Produção (ênfase em Pesquisa Operacional) e graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), além de deter o título de especialista em Logistics and Supply Chain Management pelo MIT. Tem Ph.D. em Engenharia Mecânica pela Technical University of Denmark (DTU). Fundou duas startups de tecnologia premiadas no Brasil e uma consultoria de inovação sustentável na Dinamarca. É membro do conselho do The Good Food Institute (GFI) no Brasil e atua como vice-presidente associado da System Dynamics Society (SDS).