Pedidos de recuperação judicial crescem 30%, mas decisão deve ser avaliada em diferentes esferas
Somente entre janeiro a abril deste ano, 518 pedidos de recuperação judicial foram registrados no Brasil, um crescimento de 30% em comparação com o mesmo período em 2017, de acordo com os dados do Serasa. No entanto, essa decisão pode não ser efetiva para todas as empresas que procuram uma alternativa à falência.
É fundamental avaliar alguns fatores antes de se optar definitivamente pela medida: conhecer bem os credores, avaliar se o negócio tem potencial de recuperação e se a empresa tem tempo para investir no processo. “Mal assessorada, uma empresa pode acabar pedindo recuperação judicial porque acredita que parte da sua dívida será perdoada. Mas cada caso é um caso. O processo é interessante, mas precisa ser entendido e pensado”, analisa Marcia Yagui, professora do curso de Recuperação Judicial de Empresas do Insper.
A principal causa de pedidos de recuperação judicial é endividamento, por isso é necessário conhecer os credores, seu perfil e condições legais para montar um plano de recuperação. Além disso, é importante refletir se o produto ofertado pela empresa é válido para ser recuperado.
Com os avanços da tecnologia, um produto pode se tornar ultrapassado rapidamente e não ser um negócio rentável o suficiente para ser recuperado mesmo no médio prazo. Por último, analisar o caixa da empresa para identificar se ainda há tempo para a recuperação ou se a situação já se tornou irreversível e a hora é de declarar falência.
A partir da avaliação destes três fatores e no caso de a decisão ser favorável, é hora de elaborar o plano de recuperação judicial. A própria empresa deve elaborar um método detalhado para restaurar sua condição financeira. A proposta é analisada então em uma assembleia de credores e precisa ser aprovada pela maioria para seguir adiante. “Caso o plano não passe de primeira, a empresa tem a opção de revisar as condições e retornar para uma nova assembleia em um processo que pode levar até 180 dias”, explica Marcia Yagui.
O curso de Recuperação Judicial de Empresas, realizado pelo Insper, destaca cada passo que deve ser considerado para a criação de um plano de recuperação completo, ressaltando a dinâmica de uma assembleia de credores na prática, com a simulação de um encontro.
“É importante ter uma visão geral da recuperação judicial como um processo. É isso que o curso promove ao evidenciar a diversidade que tange a recuperação judicial”, pontua Marcia. “Se você fica preso à lei, pode não alcançar a esfera do financeiro da operação. Se você é puramente financeiro e não conhece bem a lei, também não chega longe na sua atuação”, conclui Yagui.
O curso acontece entre os dias 10 e 12 de setembro e as inscrições estão abertas no site da escola.