18/05/2022
Como o descontrole em processos administrativos corriqueiros impulsionou os negócios de uma startup israelense de 3,7 bilhões de dólares
O trabalho remoto abriu a oportunidade de as empresas contratarem os profissionais mais qualificados em qualquer parte do mundo, sem a necessidade de deslocá-los para um escritório centralizado. Porém, um novo desafio se impôs. O pagamento de trabalhadores espalhados em diversos países complicou a administração das folhas salariais, devido às diferenças locais de legislação tributária, trabalhista e previdenciária.
Esse fenômeno ajuda a explicar a expansão da Papaya Global, uma startup israelense fundada em 2016 e avaliada hoje em 3,7 bilhões de dólares, quatro vezes o valor de mercado de um ano atrás. Liderada pela CEO Eynat Guez, a empresa se tornou um dos mais recentes unicórnios (startup com valor de mercado superior a 1 bilhão de dólares) ao desenvolver uma plataforma de gestão de recursos humanos e folha de pagamentos que leva em conta as nuances das legislações de 140 países. A oportunidade de expansão do negócio surgiu durante os primeiros meses da pandemia da covid-19, quando o trabalho híbrido começou a se consolidar como uma realidade.
No universo presencial, já não eram poucas as variáveis de um país para outro: salários mínimos profissionais, jornada de trabalho, férias e licenças remuneradas, 13º salário, horas extras e data de depósito do salário, entre outros. O regime híbrido acrescentou a gestão da disponibilidade dos empregados, agravada pela adoção de tecnologias de comunicação instantânea e pelas diferenças de fuso horário. Não é pouca gente. A consultoria Gartner estima que, mundo afora, um em cada três trabalhadores está em cargos remotos.
Na semana passada, em entrevista ao Fórum Econômico Mundial, Eynat Guez disse que a folha de pagamento global contém informações sobre os valores de igualdade e responsabilidade social e ambiental das companhias, cada vez mais exigidas por investidores, talentos profissionais e parceiros de negócios.
Ela contou que, durante a pandemia, as organizações mais bem estruturadas conseguiram gerenciar trabalhadores no exterior por meio de suas ferramentas internas. Outras tantas acreditaram que poderiam lidar sem grandes mudanças e sucumbiram quando perderam o controle sobre os pagamentos. Foi esse ambiente de desorientação — aberto a descontentamento, fraudes, violações de dados e perda de privacidade — que criou oportunidade para uma empresa como a Papaya Global inovar em um processo administrativo tão corriqueiro como o pagamento de funcionários.
