BC atende demanda de investidor vendendo títulos federais com compromisso de recompra no curto prazo
A venda de títulos federais pré-fixados pelo Banco Central com data de recompra de curto prazo, algumas de apenas um dia e por isso batizadas de ‘overnight’, estão alcançando níveis recordes nos últimos anos e alimentam análises de rejeição dos investidores por papéis de longo vencimento por causa das perspectivas de piora da situação econômica.
O saldo líquido das operações compromissadas realizadas pelo Banco Central até o mês de abril deste ano somou R$ 686,6 bilhões, mais que o dobro dos R$ 340,8 bilhões registrados em dezembro de 2011, segundo os números do mercado aberto divulgados segunda-feira pelo Banco Central.
Ontem,o BC confirmou a tendência de alta, mostrando no balanço mensal dos números de política monetária e operações de crédito que o total de títulos públicos que lastreiam as operações compromissadas subiu de R$ 86,4 bilhões em dezembro de 2011 para R$ 177,6 bilhões em maio deste ano, alta de 105%.
Em vez de adquirirem papéis com vencimento em dez ou vinte anos, os investidores preferem ficar penduradas no curto prazo, indicando preocupação com a evolução da política econômica.
Segundo o economista Felipe Salto, da Consultoria Tendências, o aumento das operações compromissadas mostra uma desconfiança do investidor coma política expansionista do governo em todos os canais – de crédito,monetário e fiscal.”As operações compromissadas correspondiam a 3,3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2006 e agora já atingem quase 20%. Isso é muito preocupante”, afirmou o economista.
As operações compromissadas são feitas pelo Banco Central há vários anos em montantes menores, mas desde o dia 19 de abril deste ano o BC iniciou operações compromissadas diárias, de aproximadamente R$ 5 bilhões,como objetivo de estruturar uma taxa referencial prefixada de 90 dias próxima da meta da Selic, de 8%.
Segundo o professor Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa , as operações de venda de títulos federais pelo BC de curto prazo de certa forma ajuda o Tesouro a não precisar refinanciar sua dívida a preços mais altos.
“O BC está atuando como regulador de liquidez e comisso atendendo à demanda do mercado, sobretudo os fundos de investimento, que possuem grandes carteiras de títulos federais”, disse Chaia.
De acordo com os dados divulgados pelo BC ontem, entre os entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da emissão monetária no mês de maio, destacaram-se as operações do Tesouro Nacional, que registrarem contração de R$ 17,3 bilhões, em contraste às operações com títulos públicos federais, que tiveram expansão de R$ 11,9 bilhões. Neste montante incluem-se a atuação do Banco Central no ajuste da liquidez do mercado monetário, coma operações compromissadas.
O impacto de títulos públicos resultou de resgates líquidos de R$33,5 bilhões no mercado primário e vendas líquidas de R$ 21,6 bilhões, no mercado secundário.
Fonte: Jornal Brasil Econômico – SP- 26/06/2013