O governo divulgou na segunda-feira (29) um balanço dos investimentos que afirma ter efetuado dentro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no período projetado até o fim do mandato da presidente Dilma. Veja os detalhes no vídeo com William Waack.
Especialistas apontam, porém, inconsistências nos números do PAC que o governo divulgou, estranhamente, sem convocar jornalistas para uma entrevista coletiva. No relatório, diferetemente dos anteriores, não foi divulgado o andamento das obras, por exemplo.
Por esse relatório não dá mais pra saber nem se as obras estão cumprindo o cronograma, quais trechos estão com atrasos e quais pararam. Já houve um tempo em que isso tudo era indicado com clareza. agora não é mais.
Com os dados que foram divulgados, e com a ajuda da ONG Contas Abertas, a gente fez comparações e ficou claro que o valor que sai do orçamento da união para o PAC, quer dizer, dinheiro investido pelo governo federal no programa diminuiu muito.
O do ano passado é o menor desde 2012. Mostra bem as dificuldades de caixa do governo e grande parte dos recursos que bancaram o total do programa em 2015, saiu de de financiamento de imóveis.
De tudo o que foi gasto pelo pac em 2015 em obras que foram concluídas e as que estão em andamento, quase 40% foram de financiamentos incluídos os de imóveis novos e os do Programa Minha Casa Minha Vida.
Depois, estão os investimentos feitos pelas estatais (R$ 55,8 bilhões), os do orçamento do governo (R$ 47,3 bilhões), das empresas (R$ 45,4 bilhões) e muito pouco (R$ 3,3 bilhões) de contrapartida de estados e municípios.
Em outra tabela dá para ver direitinho como o investimento do governo federal no PAC está diminuindo. Os valores foram corrigidos pelo IPCA.
Em 2012 saíram do orçamento da União para o programa, R$ 48,3 bilhões, aumentou em 2013 (R$ 51,8 bilhões), em 2014 mais ainda (R$ 62,9 bilhões), em 2015, o tombo (R$ 47,2 bilhões) e, para este ano, o Orçamento é ainda menor: (R$ 26,4 bi).
Os atrasos nas obras como projetos da Petrobras, transposição do Rio São Francisco, ferrovias, rodovias, tudo isso dificulta a retomada do crescimento. Sem infraestrutura não vai. Os especialistas são unânimes quanto a isso.
“A gente tem como todos os outros PACs muito mais marketing do que execução. Para a economia do país é gravíssimo. Nós precisamos de logística para sermos competitivos. Então nós estamos perdendo competitividade e perdendo crescimento. A gente aposta no crescimento para ter mercado interno e a gente não faz isso acontecer. Então nós não crescemos, nós não desenvolvemos o nosso mercado interno. Nós devíamos investir 20% do PIB. Nós não estamos chegando nem a 15% e isso faz com que a gente tenha decrescimento”, analisa Eduardo Padilha, especialista em infraestrutura do Insper.
Fonte: Portal G1 – 01/03/2016