18/03/2015
O sonho de ter liberdade e ganhar dinheiro montando o próprio negócio sempre começa cheio de dúvidas. Afinal, em que atividade atuar?
Para dar uma mãozinha nessa escolha, A Tribuna apurou junto a órgãos, como a Delegacia da Receita Federal em Vitória; a Junta Comercial do Estado; e a Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo do Espírito Santo (Aderes) quais são as 50 ideias que mais dão certo no Estado.
Os negócios foram classificados de acordo com a participação no mercado e podem ser conferidos nas tabelas a seguir.
Só para se ter uma ideia, em primeiro lugar estão lojas de roupas e acessórios, que somam 8,92% do número total de micro e pequenas empresas do Espírito Santo criadas entre 2012 e 2014.
Na segunda colocação, surgem lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares, que representam 3,52% do total, e em terceiro lugar, cabeleireiros, que são 3,51% das micro e pequenas empresas do Estado.
A criação de novas empresas no País será neste ano em um ambiente menos favorável que o dos últimos quatro anos, segundo estudo do Sebrae “Os Negócios Promissores em 2015”, por causa da crise econômica. Mas, o fato de esses 50 segmentos serem ligados à prestação de serviços e comodidade influencia sua sobrevivência.
“Tudo o que envolve facilitar a vida das pessoas é um nicho com expectativa de sucesso muito grande. Cada vez mais, elas têm menos tempo e disposição. Por isso, pagam para alguém resolver seus problemas diários”, destacou a coordenadora do Centro de Empreendedorismo e Inovação do Insper, Cynthia Serva.
E o fato de serem produtos e serviços de valores relativamente baixos pesa a favor da manutenção dessas despesas no orçamento familiar, segundo o Sebrae.
Por outro lado, dados da Receita Federal mostram que muitos dos segmentos que mais dão certo no Estado também figuram na lista de empresas que mais fecham.
Mas, apesar de em 2014 ter havido um total de 1.287 baixas de lojas de vestuário e acessórios, por exemplo, outras 4.338 surgiram. Ou seja, o número de empresas que abrem é sempre superior.
Para evitar esse problema, o professor dos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Vidal Pérez aconselhou: “A pessoa não deve se deixar influenciar por modismos, tem que entender muito bem de seu negócio.”
“Ter gasto fixo sem cliente é um erro”
“Arrumar despesas fixas sem antes ter clientes”. Esse é um dos maiores erros que empresários que abrem um pequeno negócio cometem, na opinião do coordenador do mestrado profissional em Empreendedorismo da Universidade de São Paulo (USP), Martinho Almeida.
“O erro é que as pessoas montam uma empresa de trás para frente, sem planejar”, frisou. Almeida deu o exemplo: “o empresário abre um escritório de prestação de serviço, aluga o espaço, contrata funcionários para depois procurar clientes. Tem saída de caixa antes de pensar na entrada de dinheiro”, frisou.
O caminho, segundo Almeida, é fazer uma espécie de teste com o produto ou serviço. “Por exemplo, se quero montar um restaurante vou começar fazendo refeição na casa de amigos, festas. Tenho que começar devagar, com algo que não gera custo fixo imediato”, indicou.
Esse “teste”, segundo ele, deve levar em consideração o que o cliente quer. “Um erro muito comum em pequenas indústrias, principalmente, que montam um produto sem pensar no seu cliente, é achar que as pessoas têm que comprar porque simplesmente o produto é muito bom. Mas, na verdade, é o contrário. A empresa é que tem que entender as necessidades do cliente e criar os produtos em cima disso”, disse Almeida.
E nesse momento de retração da economia, nada mais importante que focar no cliente, como destacou o professor dos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Vidal Pérez.
“Quando os clientes são bem tratados, voltam. Se continuam sendo bem tratados, indicam para outros. Depois, passam a ser consultores, dando dicas de como o empresário pode melhorar. Ou seja, o dono recebe consultoria de graça ”, ressaltou Pérez.
Outros cuidados também são importantes, como destacou a coordenadora do Centro de Empreendedorismo e Inovação da instituição de ensino superior e pesquisa Insper, Cynthia Serva.
“O empresário deve procurar, ao máximo, não se endividar, não depender de recursos externos. Também é preciso enxergar vantagem competitiva sobre os concorrentes”, frisou.
Aposta em serviços exclusivos
Em 2011 , aos 19 anos, a empresária Daniela Helmer decidiu investir na loja de moda praia e íntima Donna Boutique, na Serra.
O negócio deu tão certo que hoje, com 23 anos, ela já abriu a segunda loja, na Praia do Canto, Vitória.
Daniela acredita que seu diferencial como lojista de vestuário, em primeiro lugar nos negócios que mais dão certo no Estado, é cativar clientes com serviços exclusivos.
Empresas fecham menos no Espírito Santo
O momento favorável para os pequenos negócios no País, que mesmo com a crise econômica se destacam no mercado, principalmente os que atendem às necessidades básicas da população, também ocorre no Espírito Santo.
Segundo dados da Junta Comercial do Espírito Santo (Jucees), o total de empresas extintas no Estado foi de 4.351 em 2013, mas no ano passado esse número foi menor e chegou a 3.656.
Apesar de o número de empresas que abriram ter reduzido, ainda é superior ao número de fechamentos. Em 2014, a Jucees registrou 9.031 empresas, já em 2013 foram 9.925 novos negócios.
A diretora-presidente da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo do Espírito Santo (Aderes), Lúcia Dornellas, destacou que, para tornar o ambiente de negócios mais favorável à criação de empresas no Estado, algumas medidas serão estudadas.
“Pretendemos fazer parcerias com as prefeituras, responsáveis por liberar os alvarás. Talvez possa ser criado um formulário padrão desse documento ou ser realizada vistoria única, em que os vários órgãos fiscalizam o estabelecimento de uma vez só”, disse Lúcia.
Fonte: A Tribuna – 17/03/2015