Um dia após novas manifestações pelo Brasil, a abertura do 28º Fórum da Liberdade, nesta segunda-feira, na Capital, ecoou a insatisfação das ruas e a crise política e econômica atravessada pelo país.
Com o tema Caminhos para a Liberdade, o evento de inspiração liberal tentou apontar rumos para vencer a estagnação da atividade produtiva e a descrença na classe política. Presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), entidade organizadora do fórum, Frederico Hilzendeger vê nas manifestações um sinal de amadurecimento da nação e a possibilidade de ser o início de uma conscientização que poderá levar à reversão da condição brasileira de eterna promessa de país do futuro: – Não podemos aceitar a perpetuação do país como potência emergente.
Agraciado com o Prêmio Libertas, o presidente da Celulose Riograndense, Walter Lídio Nunes, evocou a necessidade de o Brasil vencer o atual momento para voltar a pensar em mudanças estruturais que poderiam conduzir o país a crescer de acordo com o seu potencial.
– Não estamos discutindo as reformas modernizantes para termos melhores serviços públicos, investimentos em infraestrutura e redução da carga tributária – lembrou Nunes, citando ainda a crise de valores enfrentada pelo país.
Leia as últimas notícias sobre Política Governador recebe aplauso entusiasmado Com um discurso na medida para cair no gosto do público do fórum, o governador José Ivo Sartori foi várias vezes interrompido por aplausos.
Disse que era um “um orgulho para o Rio Grande do Sul” ser a casa do evento. Em sintonia com as ideias do IEE, crítico contumaz do inchaço do Estado, o governador chegou a cogitar que, se as ideias que circulam pelo fórum há 28 anos fossem melhor compreendidas, as finanças gaúchas não teriam chegado à atual situação de penúria e elevados déficits.
Segundo Sartori, o governo chegou a um ponto em que tem excessiva presença em áreas que não seriam prioritárias, situação que teve como desfecho a incapacidade de atender bem áreas essenciais como saúde, educação e segurança.
E prometeu não colocar entraves ao desenvolvimento. – Quando o Estado não puder ajudar, que pelo menos que não atrapalhe – avisou Sartori, interrompido por aplausos entusiasmados. Leia as últimas notícias do dia Mostrando os maiores desafios da economia brasileira, o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira, disse que pelo menos há em Brasília uma melhor compreensão da necessidade do ajuste fiscal.
– Poucas vezes vimos percepção tão clara do Congresso sobre o ajuste. Conversando com deputados e senadores, inclusive do PT, há clara percepção da necessidade. É necessário caminhar para reformas – afirmou Teixeira. Outro agraciado do primeiro dia do fórum foi o jornalista William Waack, âncora do Jornal da Globo, que recebeu o Prêmio Liberdade de Imprensa. O evento tem hoje o seu segundo e último dia, debatendo temas como livre mercado, empreendedorismo, instituições e a situação da América Latina. Meritocracia na educação O primeiro painel do evento foi sobre educação e meritocracia. Para o CEO da Kroton Educacional, Rodrigo Galindo, instituição privada com mais de 1 milhão de alunos, o problema no país não é de falta de investimento público, mas de gestão: – Só uma gestão baseada na meritocracia pode melhorar a educação brasileira.
Professor do Insper, Fernando Schüler defendeu que o modelo do Prouni, adotado pelo governo federal para o Ensino Superior, em que o Estado financia os alunos para que estudem em universidades privadas, deveria ser aplicado também no ensino básico.
De acordo com o português Milton Sousa, diretor das Conferências do Estoril e diretor do programa de MBA da Rotterdam School of Management (RSM), é preciso buscar um modelo de educação que consiga casar a lógica do mercado, de incentivo à meritocracia, com a justiça social.
Fonte: Zero Hora – 14/04/2015