Para economistas, a menor oferta de crédito a as altas taxas de juros e de inflação do mercado interno tendem a incentivar os exportadores a buscarem esse tipo financiamento em 2015
Segundo especialistas, há condições para que os exportadores recorram mais ao Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) neste ano, mesmo com a instabilidade e a alta do dólar frente ao real.
A expectativa de menor oferta de crédito e a elevada taxa de juros do mercado interno podem colaborar para a busca deste financiamento.
No ano de 2014, os valores concedidos por meio do ACC cresceu 23,7%, passando de R$ 42,103 bilhões em janeiro, para R$ 52,543 bilhões em dezembro do ano passado. Para especialistas entrevistados, essas operações foram favorecidas pela estabilidade que o dólar teve na maior parte do ano passado.
No entanto, mesmo com a instabilidade da moeda, que teve início no final do passado, e que segue ainda em 2015, economistas acreditam haver condições para que os empresários continuem a acessar o financiamento.
“Com as elevadas taxas de juros e de inflação do mercado interno, é possível que as empresas brasileiras avaliem ser mais interessante recorrer ao ACC, já que esse financiamento oferece um juro mais b a ra t o”, diz o professor da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Reinaldo Batista.
Os recursos que os bancos comerciais oferecem no financiamento via ACC são captados no mercado internacional, que costumam ter taxas de juros mais em conta do que as do Brasil.
Para Batista, a busca pelo ACC pode crescer mesmo com a instabilidade do dólar. “No entanto, acredito que no médio prazo a moeda tende a entrar em estabilidade”, diz.
Fluxo de caixa
O professor do MBA em finanças do Insper, Otto Nogami, concorda com a análise de Batista e afirma que, mesmo que o dólar flutue entre R$ 2,70 e R$ 2,80, a antecipação de contrato de câmbio continua saindo mais barata do que a captação de empréstimo no mercado interno. “Isso sob a ótica do fluxo de caixa”, ressalta Nogami, explicando que as empresas costumam buscar o ACC para melhorarem o seu capital de giro e produzirem as mercadorias que irão exportar.
Batista acrescenta que, em momentos de baixo crescimento econômico interno, como o que vive o Brasil, a tendência é que os empresários se voltem mais para a exportação.
“Em épocas recessivas, as companhias passam a destinar uma parte da sua produção para a exportação. Com as empresas vendendo mais ao mercado externo, aumenta mais a possibilidade de buscarem um adiantamento de contrato de câmbio. Portanto, creio que há mais possibilidades para que o ACC cresça em suas concessões do que se reduza”, finaliza o professor da FASM.
Já o presidente do Instituto Fractal de Análises de Mercado, Celso Grisi, acredita que o exportador terá mais cautela neste ano e tende a não buscar, como no ano passado, financiamento via ACC. Esse tipo de contrato é uma forma de financiamento e incentiva as exportações. No entanto, com a instabilidade do dólar, creio que o ACC não vai crescer no mesmo ritmo que o ano passado. Ele vai continuar a ser utilizado pelos exportadores, mas não como em 2014”, afirma o representante da Fractal.
Outros números
O banco Santander divulgou, no dia de ontem, que o estoque da entidade voltado para as operações de comércio exterior cresceu na comparação anual. Em 2013, o valor destinado foi de R$ 17,1 bilhões, em 2014 passou para R$ 20,4 bilhões, o que representa um crescimento de 19,6%.
Entenda o caso
O Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) é uma modalidade de financiamento às empresas exportadoras, na fase de produção ou pré-embarque. Nesta, os bancos comerciais antecipam recursos em moeda nacional ao exportador para que ele invista na produção da mercadoria a ser exportada. O empresário também fixa a taxa de câmbio da sua operação e a liquidação da ocorre a partir do recebimento do pagamento efetuado pelo importador.
Nas operações de ACC não é cobrado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e os juros são mais baratos.
Fonte: DCI – 04/02/2015