09/10/2014
Bovespa, que chegou a subir 7%, fechou com alta de 4% puxada por Petrobras e Banco do Brasil, enquanto o dólar recuou. O movimento refletiu o resultado do primeiro turno, mas operadores já avisaram que até o dia 26 ainda haverá muitos altos e baixos. O mercado aposta em Aécio e espera que Dilma dê um sinal sobre sua eventual equipe.
Ibovespa sobe até 7%no pregão, puxado pela valorização de ações das estatais, e fechou em alta de 4,72%, a maior desde 2012, aos 57.115 pontos; volume de negócios bateu a marca de R$ 14,3 bilhões,em movimentos especulativos sobre a sucessão presidencial.
A confirmação de segundo turno na disputa presidencial entre a candidatado PT Dilma Rousseff e o adversário do PSDB Aécio Neves acirrou as apostas especulativas nos mercado financeiros. Enquanto o Ibovespa subiu quase 8% na máxima do dia, puxado pela valorização das ações da Petrobras, o dólar abriu o pregão de manhã em queda de 3%. A euforia, no entanto, está longe de se sustentar até o segundo turno das eleições e a expectativa continua sendo de muita volatilidade impulsionada por pesquisas eleitorais.
No fechamento dos mercados, o movimento já havia desacelerado. O Ibovespa encerrou ontem com valorização de 4,72%, a maior alta porcentual desde 27 de julho de 2012, aos 57.115 pontos. O volume financeiro foi de R$ 14,3 bilhões, o equivalente a dois pregões. As ações PN e ON da Petrobras terminaram com ganho de 11,12% e 9,71%, respectivamente. Mas, foi o Banco do Brasil ON que liderou os ganhos, disparando 11,92%.O dólar terminou com declínio de 1,43%, a R$ 2,427 na venda.
O professor da Unicamp e ex-vice- presidente da Caixa Econômica Federal Fernando Nogueira da Costa pondera que a euforia é atribuída ao movimento especulativo de investidores que só pensam no curto prazo e não consideram a análise fundamentalista da economia. De acordo com ele, quando se olha no longo prazo, os fundamentos da economia e da Petrobras que tem sido alvo do sobe e desce da Bolsa, são positivos. Ele cita o exemplo da estatal que a partir de 2018, com a maior produção de petróleo e o pré-sal, deve se tornar a sexta maior produtora de petróleo do mundo.“É o momento de aproveitar a baixa para comprar. O estrangeiro pensa mais no longo prazo e voltou a trazer seus recursos para a Bolsa. Ele considera a análise fundamentalista e enxerga uma economia crescendo e não eventos de curto prazo”, pondera. A participação dos estrangeiros na Bovespa atingiu 52% no mês passado.
Para Costa, esta euforia é causada, principalmente,por especuladores profissionais que acabam gerando uma volatilidade artificial para ganhar no curto prazo.“Nossa Bolsa é muito pequena. Qualquer boato faz ela subir ou descer forte. Nos EUA, metade das famílias aplica em ações, aqui isso ainda está concentrado em uma pequena fatia”, diz.
Para o analista de renda variável da XP Investimentos Ricardo Kim o bom humor da véspera deve continuar até quinta-feira, pelo menos, quando será divulgada a primeira pesquisa eleitorado segundo turno das eleições. “O Ibovespa tende a ficar neste nível até lá”, estima, ressaltando,no entanto, que o avanço se deu por um ajuste de posição. “A Bolsa estava precificando a Dilma mais forte e o que se viu foi o Aécio mais forte. O investidor que aposta que o PSDB fará um melhor governo correu para ajustar sua posição”, diz.
Kim também concorda que o movimento dos últimos dias é causado por especulação de investidores que pensam mais no imediatismo, mas pondera que também há atuação daqueles que pensam mais no médio e longo prazo. “Sim, é um movimento especulativo, mas também tem o aspecto qualitativo com a perspectiva de alternância no poder que faz crescer a possibilidade de mudanças no trilho da economia e, quem pensa no médio e longo prazo olha isso e também aproveita eventos de curto prazo para se posicionar olhando para frente”, diz.
“A primeira coisa que o mercado ficará atento é a definição do apoio da Marina (Marina Silva PSB) e as pesquisas eleitorais devem guiar os negócios”, avalia o analista da Clear Corretora Fernando Goes. Marina e os partidos de sua aliança devem decidir até quinta-feira .
“Se as pesquisas mostrarem uma diferença dentro da margem de erro entre Dilma e Aécio, haverá confirmação do acirramento da disputa e o mercado pode subir. Mas se a distância entre os candidatos for maior, a tendência é que o movimento de venda ganhe força e a Bolsa recue”, estima o analista da CM Capital Markets, Marco Aurélio Barbosa. “Cálculos estatísticos baseados na eleição de 2010 apontam que 60% dos votos de Marina caminhariam naturalmente para Aécio. Ele precisa de 80%dos votos da ex-senadora para ganhar a eleição”, diz Barbosa.
Embora o mercado já viesse cogitando a possibilidade de segundo turno, o que trouxe uma injeção de ânimo aos negócios foi a diferença entre Dilma e Aécio que diminuiu, para cerca de 8 pontos porcentuais ante 15 pontos nas pesquisas eleitorais, e coloca, de fato, o candidato do PSDB em condições de vencer a atual presidente. O mercado avalia que Aécio trará de volta o tripé econômico, abandonado pelo atual governo.
Para o professor dos cursos de Educação Executiva do Insper, Ricardo Humberto Rocha, vai ganhar o segundo turno o candidato que conseguir mostrar proposta para arrumar as finanças públicas, reduzir a inflação e não aumentar a taxa de desemprego. “O sentimento é de que a sociedade quer mudança na gestão das contas públicas. Quem conseguir apresentar boa proposta irá levar”, avalia.
Ontem, a BM&FBovespa atingiu a marca histórica de 1.779.282 negócios no mercado de ações . O recorde anterior era de 1.650.568 negócios em 20 de junho de 2013, segundo a Bolsa. No segmento BM&F, foi atingida a marca histórica de 308.091 negócios, ante 292.669 negócios, em 12 de setembro desde ano. O contrato futuro de Ibovespa registrou 28.001 negócios, contra de 26.281 de 4 de agosto de 2011. O minicontrato futuro de dólar obteve recorde de 32.906 negócios, ante 31.583 registrado no último dia 25.
Dólar abre em baixa de 3% e fecha em queda de 1,43%
O dólar fechou em queda de mais de 1% sobre o real ontem, mas longe das mínimas da sessão, após o bom desempenho de Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno das eleições presidenciais derrubar a divisa a R$ 2,37 durante a manhã.
Segundo operadores, o tombo inicial da moeda norte- americana foi exagerado, gerando uma correção em seguida. A percepção é que o mercado deve continuar volátil nas próximas semanas, diante da disputa acirrada no segundo turno entre o candidato tucano e a presidente Dilma Rousseff (PT), que vem sendo fortemente criticada pelos agentes financeiros pela condução da política econômica.
O dólar caiu 1,43%, a R$ 2,42 na venda. Na mínima da sessão, logo após a abertura, a divisa chegou a cair 3,40%, a R$ 2,37. O contrato futuro de dólar para novembro, caía 1,39%, a R$ 2,44 logo após as 17h.
“O mercado claramente reagiu com força demais na abertura e depois assentou num patamar mais equilibrado”, disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. “Nas próximas semanas, o mercado vai tentar entender qual exatamente é a posição do Aécio no segundo turno e negociar baseado nisso”, diz.
Aécio ficou com 33,6% dos votos válidos no primeiro turno, enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) marcou 41,6%. O desempenho do tucano,que promete uma política econômica mais ortodoxa, veio acimado indicado nas pesquisas de intenção de voto, surpreendendo investidores.
Analistas acreditam que o mercado continuará volátil até o segundo turno, no próximo dia 26, operando com base no noticiário político e nas pesquisas. Mas, a médio prazo, preveem pressão de alta do dólar devido à perspectiva de juros mais elevados nos Estados Unidos.
“O dólar deve ter um movimento instantâneo de queda”, afirma o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi. “A queda não deve levar amoeda ao patamar inferior a R$ 2,30, nem o PSDB quer isso”, acrescenta.
Uma importante fonte da equipe econômica afirmou à Reuters que,mesmo considerando a volatilidade esperada no curto prazo,o Banco Central considera que seu atual programa de atuação no câmbio é adequado.
Ontem, o BC vendeu a oferta total de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, como parte das atuações diárias. Foram vendidos 2 mil contratos para 1º de junho e 2 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,7 milhões.
O BC também vendeu o total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 18% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.
Na primeira etapa do pregão, os investidores preferiram concentrar as transações no mercado futuro, onde podem ser mais alavancadas.
Segundo dados da BM&F,o giro financeiro ficou em torno de US$1,4 bilhão no mercado à vista, contra a média diária de US$ 1,5 bilhão de setembro. Já o número de contratos de dólar para novembro negociados ontem foi de 480 mil, ante a média de cerca 365 mil contratos nos últimos 30 dias.
Fonte: Brasil Econômico – 07/10/2014.