Apesar de a perda de fôlego da economia deixar o mercado de trabalho um pouco mais hostil aos mais qualificados do que já foi no passado, a maioria afetada pelo aperto nas vagas são os menos escolarizados, diz Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper. Segundo ele, em razão da queda da renda das famílias nos últimos anos, mais jovens com menos qualificação ingressam no mercado de trabalho à procura de vagas no comércio ou em serviços.
“Nos últimos dez anos houve aumento da renda dos pais, o que possibilitou que o jovem não precisasse trabalhar ou fazer bicos para ter o próprio dinheiro”, explica Menezes Filho. “Agora, com a desaceleração da economia, o salário real parou de crescer e o desemprego começou a aumentar. Para complementar a renda da casa, o jovem, que antes só estudava, começa a procurar emprego.”
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que o saldo de postos de trabalho (diferença entre admissões e desligamentos) na faixa dos que têm ensino superior completo caiu de 19,4 mil em abril de 2014 para 500 em abril deste ano. O saldo positivo indica que esse mercado ainda gera vagas, embora a intensa desaceleração seja preocupante.
Fonte: Estadão.com – 07/06/2015