Dona de um predicado raro em grandes companhias – a agilidade -, a Ambev tem capacidade de rápida adequação ao ambiente econômico e ao mercado. É isso o que lhe garante resultados considerados excepcionais, mesmo em tempos adversos. “Estávamos preparados para um 2013 difícil, mas o quadro se mostrou ainda mais desafiador, com a inflação de alimentos em alta e a tímida evolução da renda disponível do consumidor”, afirma o vice-presidente financeiro e de relações com investidores, Nelson Jamel.
Uma correta leitura do cenário, a tempo de fazer os ajustes necessários, levou a fabricante de bebidas a alcançar as metas e a figurar pelo terceiro ano consecutivo como a campeã na dimensão Desempenho Financeiro de Época Negócios 360. Os resultados dão fôlego para os investimentos programados, de R$ 3 bilhões em 2014. Em 2013, a receita liquida subiu 7,9% e o lucro, 9%. No primeiro semestre de 2014, o avanço foi de, respectivamente, 11,8% e 12,3% sobre os primeiros seis meses de 2013.
“Interessante observar que os produtos da Ambev se posicionam de maneira forte em termos mercadológicos”, afirma Otto Nogami, professor do Insper. “O volume de vendas caiu 3,2% em 2013, mas a receita cresceu. A demanda dos produtos é menos sensível ao aumento de preços, provavelmente devido às marcas premium.”
Original, Budweiser e Stella Artois fizeram, de fato, a diferença no segmento de cervejas, segundo Jamel. “Costumamos dizer que elas são mais do que uma oportunidade de negócio, já são realidade”, diz o executivo. Há três anos representavam 5% das vendas da companhia. Hoje são 7%. Ainda no segmento de cervejas, a Brahma 0,0%, lançada durante a Copa das Confederações, conquistou a liderança no mercado da categoria sem álcool.
Outro segmento relevante é o chamado refrigenanc (refrigerantes e não carbonatados). Há três destaques nesse campo. Um deles é o guaraná Antarctica, com uma bem executada estratégia de marketing e promoções. O segundo é a Pepsi, com o lançamento da embalagem de 1 litro retornável. O ultimo é a H2Oh! Limoneto. “Nossa meta é oferecer produtos voltados aos diferentes públicos e ocasiões de consumo”, diz Jamel.
Soma-se a isso tudo a Copa das Confederações da Fifa, que impulsionou o consumo de bebidas em 2013. O bom desempenho na ocasião, contudo, não conseguiu impedir a queda de 2,7% no volume de cerveja vendido, em relação a 2012. Esse viés negativo parece não desanimar a gigante das bebidas.
Há otimismo em relação a 2014. Os motivos da aposta numa melhor performance são as temperaturas mais altas em várias regiões do país e a queda da inflação de alimentos – que garante a sobra de mais dinheiro para a bebida. Além desses fatores conjunturais, há ainda o impacto da campanha de 2013 “Verão Sem Aumento”, inspiração para a operação na Copa do Mundo no Brasil.
Foi dessa iniciativa que surgiu a “Copa Sem Aumento”, lançada pela Ambev para incentivar a manutenção do preço das cervejas durante o Mundial de futebol. “Sensibilizamos mais de meio milhão de donos de bares e restaurantes a não subir os preços das cervejas e a iniciativa foi um sucesso novamente”, afirma, Jamel. Um resultado creditado ao time de colaboradores. Não é nenhuma novidade que a Ambev investe e muito em recrutamento, seleção e desenvolvimento de pessoas. “No fundo, essa é a nossa grande vantagem competitiva”, afirma Jamel.
Fonte: Revista Época Negócios – 16/09/2014.