O rebaixamento do rating de uma empresa pode ser desastroso para o preço de suas ações, mas, por outro lado, quando a nota de crédito é revista para cima, o efeito de valorização sobre os papéis da companhia não ocorre na mesma magnitude. No caso de upgrade, sequer é possível encontrar evidência significativa nos preços das ações, segundo constatou estudo feito pelo economista Abner Freitas, que observou o comportamento das empresas listadas em bolsa em quatro economias da América Latina – Brasil, Argentina, Chile e México. Segundo o autor, uma das possíveis explicações para os impactos distintos é que as empresas costumam ser mais ágeis na divulgação de informações positivas, o que é rapidamente absorvido no preço. Já no caso de notícias com conteúdo negativo, nem sempre os dados são apresentados aos investidores com a mesma rapidez e transparência, o que pode acabar gerando especulações. Outro fator que colabora para o efeito do downgrade ser mais substancial, especialmente para empresas consideradas de grau especulativo, é que a alteração da nota para baixo, ao aumentar a chance de inadimplência de uma companhia, implicaria em maior custo de captação de recursos às empresas. Consequentemente, o investidor teme que o aumento no custo de financiamento diminua o fluxo de caixa livre aos acionistas para pagamento de dividendos e, por isso, as ações se desvalorizariam mais fortemente. No estudo, elaborado para o Programa de Mestrado do Insper, o economista considerou o desempenho das companhias listadas nos índices Ibovespa (Brasil), IPSA (Chile), IPyC (México) e Merval (Argentina), no período de 30 dias após a divulgação de alterações de rating ou creditwatch (quando o rating é colocado em revisão, sem que haja necessariamente uma mudança da nota), entre 1999 e 2010.
Fonte: Agência Estado – 22/11/2012