Centro de Gestão em Políticas Públicas promove debate sobre progressos e desafios nas áreas do meio ambiente e saúde
Como aumentar a produtividade do agronegócio sem prejudicar o meio ambiente? Como cuidar da saúde de uma população que está envelhecendo rapidamente sem estressar demais as finanças públicas? Para responder essas e outras perguntas, que ganham ainda mais relevância em um cenário de dificuldades econômicas, sociais e ambientais enfrentado em nosso país, o Centro de Gestão em Políticas Públicas (CGPP) do Insper realizou, no dia 9 de outubro, o 9º Fórum Insper de Políticas Públicas.
“É com grande honra que realizamos essa nona edição do Fórum, trazendo sempre temas relevantes para o debate. Nesta oportunidade, vamos discutir os progressos que temos no meio ambiente e saúde até agora e os desafios que teremos pela frente”, ressaltou Naercio Menezes Filho, professor titular da Cátedra Ruth Cardoso.
Meio ambiente
A relação entre a modernização da agricultura e desmatamento foi analisada por Juliano Assunção, da PUC-RJ e Climate Policy Initiative. “Uma produção agrícola mais eficiente não está necessariamente aliada a um maior desmatamento. Em três casos, observamos o contrário: há ganhos de produtividade expressivos aliados à redução do desmatamento”, ressaltou Juliano, citando os casos do uso da tecnologia na revolução da soja, ocorrida no Centro-Oeste na década de 70; melhoria da infraestrutura com a expansão da rede elétrica nas áreas rurais entre as décadas de 60 e 90; e o investimento financeiro na expansão da cana de açúcar no Mato Grosso do Sul durante os anos 2000.
Juliano também destacou a efetividade das medidas tomadas pelo país para lidar com o desmatamento, como o uso de satélites, o monitoramento de esforços em municípios prioritários e o crédito condicional a requisitos fundiários. “Essas políticas reduziram substancialmente o desmatamento e não tiveram impacto significativo na atividade econômica”.
Na sequência, Claudio Almeida, do INPE, explicou o funcionamento do Programa de Monitoramento Ambiental da Amazônia e demais Biomas Brasileiros, com destaque para o PRODES, que mede desde 1988 as áreas que perderam toda a cobertura florestal; o DETER, que iniciou, em 2004, a mensurar todo o processo de degradação até chegar ao corte raso; e o TERRACLASS, desenvolvido em parceria com a Embrapa e que desde 2008 pesquisa como está sendo usada a área desflorestada da Amazônia.
“Todas essas são tecnologias nacionais, cujas informações estão dentro da política de dados abertos do Inpe. O acesso a esses dados permite, por exemplo, a elaboração de políticas públicas com embasamento e a produção de artigos acadêmicos – até 30 de setembro, somam-se 1149 artigos em 390 periódicos referenciados. As informações podem ser acessadas pelo endereço terrabrasilis.dpi.inpe.br”, explicou Claudio.
Saúde
Os avanços conquistados nos últimos 30 anos na área da saúde no Brasil e as perspectivas para o futuro, a caracterização conceitual do setor e o financiamento de sistemas de saúde no mundo e no Brasil em uma perspectiva comparada foram abordados por Rudi Rocha, da EASP/FGV.
“Uma das principais questões a desafiar a saúde corresponde às necessidades crescentes de financiamento do setor. O ponto de partida, em todo o mundo, é complexo: há segmentação e problemas de eficiência e de equidade. No Brasil, existem agravantes: o setor público quebrou, o privado deverá quebrar e a discussão não chega à opinião pública. A situação é extremamente preocupante”, disse Rudi.
Buscar uma agenda de sustentabilidade para o sistema de saúde brasileiro, com fortalecimento do sistema público. De acordo com Monica Viegas, da UFMG, esse é o caminho para a melhoria da saúde em nosso país. “A sociedade tem que escolher entre oferecer tratamento a todos ou apenas a um pequeno grupo”.
Melhorar o SUS, segundo Mônica, passa por fortalecê-lo com uma agenda de eficiência para gerar mais igualdade e um sistema sustentável no longo prazo, por meio da promoção de um melhor cuidado hospitalar e sistemas de remuneração e políticas de recursos humanos mais eficientes. “Entre as oportunidades de mudança, estão a introdução de um sistema de aferição de custos hospitalares, de custos municipais, da obrigatoriedade do médico de família no SUS, o fortalecimento do cuidado primário e a integração entre público e privado com uma identificação única do paciente que permita o pareamento de dados dos dois sistemas”.