02/06/2022
O nome do indiano Vishal Garg pode até ter passado batido, mas, se você leu o noticiário recentemente, vai se lembrar da bombástica demissão coletiva de 900 funcionários durante uma videoconferência do Zoom.
Atualmente afastado do cargo, o ex-CEO da Better.com (significa “melhor” em inglês) tornou-se conhecido mundialmente (graças ao vídeo que vazou para a internet) como um líder frio e sem tato ao dispensar os funcionários da empresa de negócios imobiliários. Muito mais do que isso, sua imagem agora está ligada a de um líder despreparado.
A demissão, feita pouco antes das festas de fim de ano, juntou-se a uma série de frases infelizes ditas pelo executivo, como “Se você está nesta teleconferência, faz parte do grupo azarado que está sendo demitido” e “Esta é a segunda vez na minha carreira que faço isso e não quero fazer isso. A última vez que fiz isso [uma demissão], chorei.”
Não dá para indicar todas as qualidades que faltaram ao ex-CEO ou o que torna uma pessoa um bom líder. Se fosse possível, a lista seria imensa.
“Ou se nasce líder ou se aprende a ser líder”, comenta o professor Fábio de Biazzi, lembrando da frase dita pelo ex-presidente Eisenhower, militar norte-americano que esteve à frente das Forças Aliadas que venceram a Segunda Guerra Mundial, que também dizia que “a liderança poderia ser adquirida e aprendida por meio da prática e dos estudos”.
Listamos aqui 5 reflexões sobre o papel de um líder que podem ajudá-lo a se tornar um líder inspirador. Continue a leitura.
O dicionário Michaelis lista “líder” como uma “pessoa que tem a capacidade de influenciar ideias e ações de outras pessoas”. Em uma exemplificação simplista, é aquele aluno que se destaca naturalmente à frente de grupos estudantis.
Já no ambiente corporativo, pode ser um líder formal, que ocupa um cargo de autoridade, como um diretor, gerente ou CEO, ou um líder informal que se sobressai entre seus pares e se torna uma espécie de “representante” com voz ativa do grupo.
O chefe, por outro lado, não é automaticamente um líder. O termo está mais associado a gestores de gerações anteriores e, por isso mesmo, ligado à imagem do “eu mando e você obedece”, que perdeu terreno nos dias atuais.
Um MBA Executivo não forma líderes, mas vai preparar um executivo ou um gerente para postos mais elevados na hierarquia corporativa, como diretor de uma unidade de negócios, gerente geral ou eventualmente presidente de uma empresa.
O aluno de um MBA Executivo terá aulas sobre operações, marketing, finanças, tecnologia, economia e estratégia, entre outras disciplinas. “Quem assume um cargo tático não precisa ter domínio completo dessas áreas que fazem parte de uma companhia, mas deve conhecer as conexões entre elas e também os conceitos básicos para atuar com propriedade”, explica Biazzi.
A proposta, segundo o professor, é expor o aluno a todas as funções e atividades que irá encontrar no ambiente corporativo. “Não basta entender as aulas de um MBA Executivo. O aluno tem que colocar em prática, na empresa onde trabalha, os conceitos que aprende em aula”, complementa.
Para a diretora Fernanda Allegretti, da KPMG, que atua na área de mercados e cursou o MBA Executivo do Insper, a empatia (capacidade de se identificar com outra pessoa e de sentir o que ela sente) é um dos aspectos mais importantes de um líder.
“Ele trabalha com pessoas, e precisa ter empatia para motivar os colaboradores, para que queiram seguir o mesmo caminho e se sintam, ao mesmo tempo, estimulados a trabalhar para o líder e para a empresa”, opina Fernanda. “Mas isso não quer dizer que ele será bonzinho”, alerta.
“O líder não será seu amigo, mas ele tem que ser justo e se colocar no lugar das pessoas para ter esse olhar próximo do seu time porque há colaboradores muito diferentes. O líder precisa querer entender o momento de cada um e como cada um encara desafios”, complementa.
Para o professor Biazzi, é essencial que um líder desenvolva sua capacidade de diagnóstico, de “ler” e compreender as pessoas, e fazer uma conexão entre aquilo que percebeu com os resultados que os colaboradores precisam entregar.
“É difícil exercitar a liderança e tomar decisões bem-sucedidas”, diz Biazzi. “A agenda de metas, objetivos e resultados não pertence só ao líder, mas envolve o grupo todo. Por isso, uma das disciplinas que abordamos no programa do MBA Executivo é o comportamento humano nas corporações.”
A diretora da KPMG julga que a maior dificuldade de liderar são as pessoas. “Esse é o grande desafio. As pessoas entendem as mensagens de forma muito diferente. Eu, que ainda sou da Comunicação, fico surpresa como as coisas reverberam de maneira diferente. Você tem que entender como as pessoas agiram e por que agiram de uma determinada forma. Tem que deixar de lado as próprias emoções”.
“O curso de MBA Executivo me auxiliou a ter essa visão global de uma corporação. Me ajudou a entender melhor esse mundo. Fiquei imersa no ambiente corporativo por meio das discussões, de cases analisados em sala de aula e também pelo networking. Pude trocar informações e aprendi bastante com experiências.”
“Um líder precisa de uma visão macro do negócio que está gerindo. Ele trabalha a empatia com pessoas, mas tem que ter uma visão macro para alocá-las, estimulá-las e não se apegar a pequenas coisas”, continua Allegretti.
“O líder que fica no micromanagement é terrível. Ele preza coisas muito operacionais, quando o papel principal do líder é pensar na estratégia e saber delegar. O delegar é muito importante não só para um líder, mas para colaboradores que ocupam qualquer cargo. Eles precisam se perguntar com frequência ‘com que realmente preciso me preocupar e o que preciso delegar’?”
“Se uma pessoa te desestimula, não é líder”, diz diretora da KPMGQuem éFernanda Allegretti, sócia-diretora de Markets da KPGM, é formada em Jornalismo e cursou MBA Executivo. Formação“Trabalhei 12 anos na imprensa como jornalista formada, sendo a maior parte do tempo na editora Abril. Cinco anos atrás, fui para a KPMG e logo senti a necessidade de mergulhar nesse ambiente corporativo que não era meu. Apesar de já estar há muitos anos trabalhando, eu não era do mundo corporativo. Havia uma série de jargões, coisas sobre as quais as pessoas conversavam, e eu não estava familiarizada.” Inspiração“Tenho vários líderes que me inspiraram. O [Roberto] Civita (1936-2013) era um deles antes mesmo de eu começar a trabalhar na Abril. As entrevistas dele me inspiraram. Eu queria trabalhar com aquele cara. O Sidney Ito, que é um dos sócios da KPMG, me inspira muito também. Ele é um grande líder. Tem esse poder de empatia e visão macro. É exigente, mas faz com que você queira dar o seu melhor. Se uma pessoa te desestimula, não é líder.” |
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